70 anos de um semideus
Atualizado: 22:05:57 19/05/2022
Alex Medeiros
alexmedeiros1959@gmail.com
No século 25, quando a paleontologia extra-terrestre cascavear nossos campos em busca de sinais de estrelas do futebol, irá revelar nos passes mágicos dos grandes gênios – marcados na superfície da História – o primeiro gameta oriundo da Mãe África. Na trajetória e na mística de Pelé, de George Best, de Di Stefano, de Hugo Sanchez, de Puskas e de Eusébio, a radiologia do carbono intergaláctico e a leitura do código genético boleiro apontarão o DNA de Roger Milla herdado nos continentes.
Como a raça humana, o futebol decerto também tem raízes primitivas nas areias de Yaoundê, a capital de Camarões, pátria do mais fantástico jogador do continente africano e uma das jóias raras que compõem o tesouro lúdico do maior esporte terreno. Roger Milla, essência suprema dos africanos de todas as tribos, eternizado nos dribles com poderes de quebra-osso em zagueiros de múltiplas cores e etnias.
O futebol nele era a reprodução plástica dos ritos e ritmos da África. Gol é dança, dançou é gol, de Milla. Pelo espaço do dente faltoso na boca do camaronês, escapou para sempre a marca de um futebol jogado com alegria.
No eterno sorriso dourado de Roger Milla, expandiu-se no mundo a genealogia dos maiores craques. A História do futebol em África tem na performance da seleção de Camarões seu momento mais sublime na trajetória das copas.
E Camarões só chegou ao torneio da FIFA senão pelas pernas de Milla, os instrumentos da Makosa, a dança do matador. A cada gol dos leões, o ídolo comandava a coreografia em torno da bandeira de escanteio, como se ali estivesse o totem sagrado de todas as batalhas, de todos os embates ainda porvir na longevidade do gênio negro.
O tempo não passará diante da louvação do seu povo. Jamais haverá intervalos históricos entre os jogos do menino goleador do Éclair e do Leopard, seus times de Douala, e os gols do adulto artilheiro nos gramados franceses e europeus.
Roger Milla atravessou o estreito de Gibraltar carregando nos pés de todas as gêneses o talento da sua magia. Encantou torcidas no Valenciennes, no Mônaco, no Bastia, no St. Etienne e no Montpellier. Poucos foram tão populares nos campos da França.
Na Copa de 1990, ao levar Camarões a uma quarta de final, o filho de todos os tambores espalhou seu carisma pelo mundo. Raros foram os países aonde não tenha surgido alguma manifestação de idolatria por seu jogo e estilo.
Contam-se nos dedos os brasileiros que não explodiram em êxtase de picardia, que não tenham tilintado cervejas quando Milla comandou seu colorido exército na dança da guerra que eliminou os poderosos argentinos em solo italiano.
E era o jogo de abertura de uma Copa histórica, a primeira a reunir todos as seleções detentoras de títulos, desde o Uruguai em 1930. Os campeões de 86, com Maradona e tudo, caíram atônitos diante do indomáveis leões, na garra e nos dribles de Milla.
É para sempre o deus maior do futebol africano, tendo ao lado, no seu panteão, a figura mítica e gloriosa do liberiano George Weah.
Figurou em três copas e surpreendeu o mundo ao jogar em 1994 com 42 anos e ainda provocando pânico em jovens defensores, como os ingleses.
O eterno sorriso do continente negro é a síntese da historiografia da bola. Dos seus pés exalou a confluência mágica dos gênios que a ancestralidade plantou no barro, na areia e na grama do planeta. Como na manchete do Africa Foot, Milla é alegria, Milla é futebol. E hoje faz 70 anos.

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