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As diferenças deixam saudades

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Itamar Ciríaco  Editor de Esportes

Chega ao fim hoje uma Copa diferente. Não apenas pelo fato de ter sido o primeiro mundial no continente africano, mas pelas personagens e fatos surgidos só ao longo da competição que de tão diferente terá uma final com duas seleções que nunca conseguiram o título.

Esta foi uma Copa do Mundo que fez muito barulho por vários motivos. No entanto, o principal motivo da barulheira com certeza foi a vuvuzela. Quem esteve nos estádios sul-africanos, ou em casa mesmo acompanhando pela TV, ou pelo rádio, vai demorar a esquecer o som dessas cornetas. Até porque o som era infernal.

Foi inédito e também curioso acompanhar comissões técnicas, emissoras de TV e até membros da FIFA tentarem mudar a cultura local banindo as vuvuzelas dos estádios. Elas não se calaram ante a cultura “primeiromundista” e pelo contrário, conquistaram o mundo. A vuvuzela literalmente caiu na boca do povo e fez muito barulho.

No entanto, outro grito ecoou nas terras africanas. O grito da justiça. Os erros de arbitragem nunca foram tantos. Todos os continentes podem reclamar pois seleções dos quatro cantos do mundo foram prejudicadas. Cada árbitro e auxiliar receberam cerca de R$ 90 mil para estar na África. Alguns deles sequer trabalharam e  os poucos que entraram em campo não fizeram jus à quantia recebida, com raríssimas exceções.

A única falha justa foi a do jogo Inglaterra e Alemanha, afinal, após anos de sofrimento dos alemães acompanhando a reprise daquele lance na final de 1966, finalmente a justiça foi feita e chegou a hora dos ingleses sofrerem. Ou seja, até nisso a Copa da África foi diferente, inverteu ou subverteu a história dos Mundiais.

Mas não foi só nisso que esse Mundial inverteu. Essa Copa mostrou a realidade do nosso planeta. As disputas no continente europeu, ou nos Estados Unidos levavam paras telas do mundo inteiro uma imagem de perfeição, de correção, que não existe, nem mesmo nesses países. Os africanos fizeram um grande evento apesar de possuírem favelas, crimes, atrasos, greves, aeroportos lotados, voos atrasados e uma série de problemas que existem, em maior ou menor quantidade, em todos os lugares. Mascará-los ou nada fazer para tentar ameniza-los (resolver todos é impossível e utópico) é que seria o erro.

Até nisso a África do Sul nos deu lição. O conflito racial naquele país está longe de ser resolvido. No mundo inteiro também. Os seres humanos ainda não aprenderam a conviver com suas diferenças. Mas lá eles estão tentando. Se dará certo só a história poderá responder. Quem sabe a resposta não será dada numa Copa do Mundo daqui a 100 anos, reunindo a beleza da mistura das raças.

Por falar em beleza, esse também foi o Mundial das beldades. Por todas as sedes o que mais se viu foram mulheres bonitas e marmanjos musculosos dentro e fora dos gramados. A eleita, sem dúvida, Larissa Riquelme, a paraguaia musa da Copa. Ela e seu indefectível celular muito bem localizado dificilmente deixarão nossas memórias. Apesar de ser uma competição futebolística, a ditadura da beleza ao estilo da Grécia antiga lembrava mais as Olimpíadas. Corpos sarados, músculos e muito preparo físico deixaram evidentes que o futebol mudou, dentro e fora de campo.

Mudou tanto que ao invés das teorias dos tradicionais comentaristas, das velhas cartas de tarô, da numerologia e de outras mandingas, desta vez o especialista em resultados foi um polvo. Paul, o molusco alemão adivinhou tudo até as semifinais. Resta saber se hoje ele vai “abraçar” a causa certa mais uma vez. Apostou na Espanha e é ver para crer.

Realmente foi incomum. A África é diferente e por isso a Copa do Mundo não poderia ser igual às outras. Vai deixar saudade e com certeza aumenta a nossa responsabilidade. É a vez do Brasil mostrar sua cara. Dessa vez, ao contrário de 1950, o mundo globalizada vai estar voltado para o nosso país. Em questões de segundos, o twitter, que explodiu de sucesso nessa Copa (Cala a boca Galvão), estará divulgando erros e acertos. Os blogs estarão atentos às centenas de câmeras também. É a chance de crescermos solidamente como nação e não podemos deixar essa oportunidade passar. Que venha Brasil 2014, que venha Natal 2014.

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