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Renato Garcia explica a metodologia do seminário

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Em seus dois anos de existência, o ciclo de seminário “Motores do Desenvolvimento do RN” credenciou-se como um marca registrada de debate atual e inteligente sobre o Rio Grande do Norte.

Não poderia, portanto, fugir ao compromisso de realizar uma sabatina dos candidatos ao cargo maior da administração do estado.

O consultor Renato Garcia, um dos organizadores do evento, explica que a sabatina de ontem com os três principais candidatos ao Governo do Estado nas próximas eleições foi pautada por um temário conhecido dos seminários “Motores” – Infraestrutura, Energia, Turismo, Empreendedorismo, Comércio e Serviços, Indústria e Educação.

Todos esses temas produziram uma memória usada agora na formulação das sabatinas aos candidatos. Os pontos fracos, os pontos fortes, as ameaças que rondam a economia potiguar – tudo isso, segundo Garcia, influenciou diretamente a formação do temário para que os candidatos se posicionassem da maneira mais objetiva possível.

O consultor com larga experiência internacional considera que em épocas pré-eleitorais é “fundamental se prestar a atenção até nas entrelinhas dos discursos políticos”.

Isso, acrescenta, porque é a partir de uma análise fria e sem passionalismos que se conduz  as teses mais relevantes para o futuro. Daí o formato final da sabatina que, para muitos, poderia sugerir um modelo frio de conduzir um debate normalmente tão vivo e quente de idéias.

“Aos organizadores da sabatina interessou mais deixar a disputa eleitoral bem longe do evento”, explica Garcia. “E acho que conseguimos”, emenda.

Sobre o fato de três setores extremamente importantes da economia terem ficado de fora do temário – agronegócio, a pesca e a mineração -, Renato explicou: “São temas que ainda figurarão nos próximos seminários “Motores do Desenvolvimento” a serem realizados.

Ontem, o temário proposto se dividiu entre sete grandes temas: Infraestrutura, Energia, Turismo, Indústria, Comércio e Serviços, Empreendedorismo e Educação.

No tema Infraestrutura estavam o aeroporto de São Gonçalo, a Zona de Processamento de Exportação (ZPE), portos, saneamento e recursos hídricos.

No tema Energia,  petróleo, gás, eólica, solar e biocombustíveis entraram na pauta.

Turismo debateu promoção turística, infraestrutura turística, treinamento de mão-de-obra, desenvolvimento sustentável e um item considerado importantíssimo à curto prazo: a Copa do  Mundo de 2014 em Natal.

Indústria abordou a inovação tecnológica, qualificação de mão-de-obra, reforma tributária e incentivos fiscais.

Comércio e serviços englobou, como não poderia deixar de ser, a qualificação profissional, política de incentivos e crédito.

Empreendedorismo embarcou no mundo das escolas e faculdades, no Super Simples, microempreendedor individual e formalização das micros e pequenas empresas.

E, finalmente, Educação abordou o ensino profissionalizante, centros de pesquisa, parques científicos e tecnológicos e democratização do ensino superior.

É claro que os candidatos não esgotaram todos os temas e isso seria impossível em explanações de 30 minutos, com  mais 30 de perguntas e respostas. Mas quem saiu ontem da Casa da Indústria diz já ter uma noção muito aproximada de cada um dos candidatos ao cargo mais importante da administração do Rio Grande do Norte.

Frase de Dinarte Mariz é lembrada

O ex-governador Dinarte Mariz (1956-1961) foi lembrado ontem pelo presidente do sistema Fiern, Flávio Azevedo, por uma de suas frases mais célebres: “A economia anda a reboque da política”.

Para Azevedo, ainda é assim e no mundo todo. E explica que se não fosse a decisão política de entrar na Primeira Grande Guerra (1914-1918) os EUA, por exemplo, não seriam a potência que são hoje em dia.

“Foi nessa época que o país conseguiu se transformar no maior depositário de ouro do mundo”, explica, acrescentando que a entrada na Segunda Guerra coroou esse processo de crescimento.

Com decisões políticas como a entrada em guerras, o país fortaleceu sua indústria não só armamentista, com também de confecção e a indústria   siderúrgica, lembra Azevedo.

Segundo ele, a única diferença é que antes o poder político e o econômico se confundiam. “Hoje não é mais assim”, emenda.

Para o presidente da Fiern, o grande mérito da sabatina dos candidatos é monitorar qual será sua participação na cadeia de decisões político-administrativas.

“Nós sabemos que os problemas são recorrentes, mas a cada nova administração se avança muito em áreas de importância vital para o estado”, diz.

Já para outro organizador da sabatina, o presidente da Federação do Comércio do RN, Marcelo Queiroz, o fato de reunir basicamente formadores de opinião conferem ao evento um peso adicional importante. “Hoje enfrentamos problemas sérios, como a qualificação de mão de obra, que precisam ser encarados como prioridades em qualquer governo”, analisa Queiroz.

Ele informou que só o setor de comércio e serviços ficou incumbido de formular 10 questionamentos aos candidatos, enquanto coube à indústria formular 11 perguntas.

“Elas foram feitas, eu diria, já com base na cultura acumulada ao longo dos últimos dois anos pelo ciclo de seminários Motores do Desenvolvimento do RN”, lembrou Queiroz.

Entrevista/Flávio Azevedo – Presidente da Fiern

“Precisamos de ideias e propostas objetivas”

O que o senhor espera da sabatina com os candidatos?

Espero boas novidades. Nós sabemos que os problemas do estado são recorrentes. O que nós esperamos é que para cada um desses problemas recorrentes surjam soluções que se aproximem do ideal. Muitas dessas questões nós já identificamos. O que esperamos são soluções realmente originais. Precisamos de novas idéias e propostas objetivas. Não é mais possível ficar na dependência da colaboração do Governo Federal ou da própria arrecadação. Isso é importante, mas não pode ficar apenas nisso.

Como se faz para romper com essas dependências?

Tendo bons projetos, sólidos do ponto de vista da sua concepção. E, principalmente, que os candidatos estejam dispostos a cortar custos para oxigenar o investimento. Isso é fundamental. A indústria vai cobrar isso do candidato que for eleito.

Por isso os candidatos foram separados na hora da sabatina…

Exatamente, para um não se influenciarem ou se beneficiarem do outro. Para que cada um mostrasse livremente seu estilo, sem limitar-se por comparações que são inevitáveis. Enfim, que cada um mostrasse seu semblante livremente.

O senhor acha um bom sinal que uma frase dita há décadas por um líder político como Dinarte Mariz ainda seja válida hoje?

Acho que é uma realidade – não só aqui, mas no mundo todo. Os Estados Unidos se valeram de decisões políticas para se tornarem a potência que são hoje. É um fato. A única diferença é que antes a política se sobrepunha sobre a economia do ponto de vista da composição do poder. Hoje não é mais assim. Os políticos precisam de bons quadros para criar suas políticas econômicas.

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