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Uma vida dedicada à militância petista

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Margareth Grilo – Repórter especial

O ano era de 1988. O momento não poderia ser mais promissor: com a promulgação da nova Constituição, se instalava uma nova República. Mas o clima, em muitas cidades brasileiras, entre elas, Natal, ainda não era tão democrático. Em campanha por melhores salários, os educadores ocuparam, em 12 de outubro, a Praça 7 de Setembro e foram recepcionados pela tropa de choque da Polícia Militar. Os fios do carro de som foram cortados e os sindicalistas pressionados a conter os gritos de “Geraldo, o povo está na rua, a culpa é sua”.
Fernando Mineiro afirma que uma das suas principais motivações é o desejo de transformar
Geraldo Melo era o governador nesse ano. Da manifestação, histórica na Educação, emergiram vários nomes de esquerda. Entre os manifestantes, um sindicalista, à época, com 32 anos, nascido em Curvelo, Estado de Minas Gerais, e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) no Rio Grande do Norte, em meados de 1979. Fernando Wanderley Vargas da Silva chegou aqui em 1974, aos 17 anos, para estudar. No início da década de 80, ingressou na universidade, no curso de Biologia, e oito anos depois iniciava sua vida político-partidária.

Em 88, um mês depois da manifestação em frente ao Palácio Potengi, sede então do Governo estadual, foi eleito o primeiro petista a ocupar cadeira no legislativo municipal. Em 1992, reeleito. Do plenário da Câmara Municipal de Natal passou, em 2002, a ocupar cadeira na Assembleia Legislativa. Agora, disputa a Prefeitura do Natal. Mineiro, como é mais conhecido, é o terceiro perfil que a TRIBUNA DO NORTE publica.

Em 55 anos de vida, tem 32 anos dedicados à militância estudantil, sindical e política. Em especial à militância de esquerda, petista. Do Mineiro dos bancos da universidade para o Mineiro deputado, o estilo de vida mudou, mas conserva o que mais valoriza: a inquietude, o inconformismo com as injustiças sociais, a vontade de transformar, a aposta de mudar o mundo.

Como diz o poeta, afirma ele,  “o desejo é mudar o mundo mudado”. “Essa força de estar sempre em movimento, essa ideia de transformar”, disse o parlamentar, “é algo que eu quero que nunca mude”. É um traço de sua personalidade. As experiências, seja no sindicalismo, na militância e na política, enfatizou, lhe deram “uma visão mais plural da vida”, permitindo enxergar as lutas e os conflitos da vida “a partir de mais ângulos”.

Para Mineiro, a política é a atividade que permite a mediação entre estado e atores da sociedade, entre os interesses coletivos, difusos e os privados. “Ela permite fazer esse diálogo, que é conflituoso”, afirma o petista, que vive, com toda sua vitalidade e inquietude, a política, dia após dia. A trajetória da militância começa nos bancos da universidade.

Militando no movimento estudantil esteve entre os quase 500 estudantes universitários que, em 1984, ocuparam a Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O protesto, que aconteceu exatos dez anos depois de chegar a Natal, era contra o aumento de 500% no valor da refeição no Restaurante Universitário (RU).

Em 1985, Mineiro iniciou suas atividades profissionais, como professor da rede pública estadual, concursado. Era professor de Ciências e Biologia. No movimento sindical, ajudou a fundar a Central Única dos Trabalhadores (CUT), no Estado, e foi dirigente da antiga Associação de Professores do RN (atual Sinte-RN). Foi liderando a APRN que esteve à frente das mobilizações de 1988.

Mineiro lembra que o ativismo político foi intenso na década de 80. Entre 1984 e 1985, quando o país debatia as Diretas Já, Mineiro estava nas ruas, nas trincheiras dos que faziam a defesa das eleições diretas em todo o país. À época fazia a transição do movimento estudantil para o sindical. Os movimentos “Diretas Já” e “Fora Collor”, define, “foram os de maior densidade, participação e afirmação de cidadania no país”. Um marco, a seu ver, na consolidação da democracia.
Fernando Mineiro

Ficha
Nome: Fernando Wanderley Vargas da Silva (Mineiro)
Idade: 55 anos
Filiação partidária: PT
Naturalidade: Curvelo (MG)
Grau de instrução: superior (Biologia, especialista em Educação)
Ocupação: professor (atualmente, é deputado estadual)
Eleições em que foi candidato:
1988 – vereador – Natal
Votação: 2.897
1992 – vereador – Natal
Votação: 2.468
1994 – governador – Rio Grande do Norte (PT)
Votação: 44.596
1996 – vereador – Natal (RN)
Votação: 5.447
2000 – vereador – Natal (RN)
Votação: 4.936
2002 – deputado estadual – Rio Grande do Norte (RN)
Votação: 39.963
2006 – deputado estadual – Rio Grande do Norte (RN)
Votação: 22.433
2010 – deputado estadual – Rio Grande do Norte (RN)
Votação: 24.718

5 perguntas para Mineiro

Qual seu trunfo para alcançar a vitória?
Primeiro, um conjunto de propostas para debater e apresentar à cidade. Eu acredito muito na possibilidade que o momento eleitoral oferece de discutir os desafios da cidade. Segundo, nosso conhecimento da cidade. Conheço razoavelmente Natal e os seus problemas, e tenho me debruçado sobre as soluções. E, terceiro, a vinculação com o projeto nacional do PT. Eu acredito na possibilidade de mobilizar a cidade para recuperar esse tempo perdido.

Que cara terá sua campanha?
A cara da mudança e da renovação. A cara da necessidade de dialogar pelas mudanças e de renovar os métodos administrativos. Vai ter a cara da convocação para o avanço, não da voltar ao passado.

Como professor, espera ter apoio do segmento?
Também. Mas a relação que já estabelecemos como mandato, nos qualifica a ir além dessa questão corporativa. Nesse momento, vamos discutir com a sociedade, como um todo.

Qual o maior desafio?
Natal se transformou muito, se modernizou, mas a gestão não. É de duas três décadas atrás. E o maior desafio nosso agora não é o outro adversário, ou os outros que estejam à frente. É enfrentar o censo comum, que trata político, como se tudo fosse a mesma coisa; a inércia política e essa indiferença da sociedade.

Qual o foco central do seu discurso?
A necessidade de ter uma gestão integrada em nossa cidade, que pense Natal, que pense a região metropolitana, que discuta as questões imediatas e também as demandas estruturantes. Uma gestão que fuja daquilo que chamo de imediatismo administrativo, do superficial, da maquiagem da cidade. Além de responder às questões imediatas, você tem que lançar bases para dotar a cidade de um desenvolvimento sustentável.

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