Alex Medeiros
O poeta e romancista José Bezerra Gomes, nasceu num 9 de março de 1911 em Currais Novos, onde nasceria meu pai três anos depois. Foi um dos personagens literários nativos que tiveram na minha geração um ar de imagem maldita a estimular os primeiros rascunhos poéticos no final dos anos 1970 e início dos 1980. Um período em que me dividia entre as resenhas da Esquina do Rock, na Candelária, e os shows no Palácio dos Esportes e Circo da Cultura.
Lembro que o poeta era presença constante no noticiário cultural da Tribuna, Diário e A República nos anos em que perambular pela Cidade Alta e Praia dos Artistas, além dos corredores universitários, era ritual quase religioso, um culto geracional de catalogação nos movimentos que culminaram nas passeatas do 14 de março e no Festival de Artes. Em maio de 1982, quando José Bezerra Gomes morreu, as eleições do final do ano já estavam ocupando a vida da gente.
Eu tinha acabado de passar na banca de jogo do bicho que meu pai tocava na estreita rua General Osório, colada na Livraria Paulinas. Era o local mais fácil de vê-lo, pois pai e filho passavam o dia todo na rua e quase não se viam em casa.
Foi no Café São Luiz, na companhia de dois ou três colegas, que fiquei sabendo da morte do poeta. De lá fomos para a Praça Padre João Maria e antes peguei três folhas de papel na Farmácia Bom Preço, onde foi meu primeiro emprego.
Uma das folhas, amarronzadas, faz parte da velha pasta amarela repleta de rascunhos que eu guardava sonhando em tornar-me, de verdade, um homem de letras. Naquele folha está o registro em tributo a José Bezerra Gomes.
Partiu o Poeta
(Maio 1982)
Pardais cantam na praça
velas lacrimejam na praça
gente atravessa a praça
a vida torta em linha reta
Criaturas comercializadas
pra que destino empurradas
ou dentro das madrugadas
que inspiraram o poeta
Confesso nunca ter sido
um livro aberto e relido
só molambo no tecido
do meu próprio imaginário
Sem sorte o meu estado
de bacharel fracassado
de doutor manuelizado
sem nome no breviário.
Era esperando
A decisão do ministro Fachin inocentando Lula dos muitos crimes acumulados só fez confirmar a velha sensação da crônica de uma sentença anunciada. As ligações políticas no STF e os surtos justiceiros do MPF dar nessa baderna.
Canalhice
Ninguém elegeu governadores para que estes violentem a liberdade dos cidadãos e prejudiquem o trabalho e os negócios da sociedade. Pior é a Polícia se deixar improvisar de volante e abordar gente de bem nas ruas e calçadas.
Piada pronta
Na ânsia de apoiar o crime contra a Constituição, retirando o direito de ir e vir dos brasileiros, a grande mídia calculou e comemorou o nível de isolamento social no domingo. Ora, é assim há séculos; poucos saem aos domingos.
Quebradeira
Os brasileiros atingidos em sua liberdade e prejudicados no seu trabalho, precisam ter consciência de depositar na conta dos governadores cada emprego perdido, cada negócio fechado e cada cidade mergulhada no caos.
E o comitê?
Eu pensei que a função do tal comitê científico era realizar estudos e análises que pudessem apontar soluções para o governo, como prever picos de contágio e alertar para o aumento de leitos de UTI com o dinheiro federal.
Propriedades
Ao dizer que quer ser dono de um partido, Jair Bolsonaro reproduz uma prática política secular no mundo e no Brasil. Desde o Império e por toda a República, as legendas sempre tiveram donos e seguem no século XXI desse jeitinho.
Esquerda
No âmbito dos partidos socialistas e comunistas, desde 1917 (com Lênin, Stálin, Khrushchev) tem sido assim. No RN, há 40 anos o PCdoB é controlado como uma capitania por dois feitores sem voto para presidir um condomínio.
Aliás, Tomaz
Poucos estados têm tanta história de partidos administrados como patrimônio pessoal que invariavelmente se transforma em moeda na bolsa de valores eleitorais. Aqui o que mais tem é capataz sem voto travestido de líder político.
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