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200 anos, 200 livros

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Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN
A celebração dos duzentos anos da Independência do Brasil conta com um projeto criativo e de alto padrão, já em fase de implantação.  Trata-se do projeto “200 anos, 200 livros”, o qual envolve grandes nomes da área cultural de Portugal e do Brasil, além de parceiros institucionais também dos dois países, a exemplo do Instituto Camões, do Projeto República, da UFMG, da Folha de S. Paulo, da Universidade de Coimbra, e de muitos outros.  Em andamento desde 2019, os 200 livros já foram escolhidos por um grupo de curadores e consultores, formado por renomados escritores, historiadores, sociólogos, antropólogos, juristas e professores que fizeram as indicações das obras.  Segundo o autor da ideia, o empresário e intelectual português José Manuel Diogo, o projeto 200 anos, 200 livros visa compor “um retrato em lombadas, que explica um Brasil diverso, global, moderno, que tem uma consciência exata do seu passado, do lugar que hoje tem no mundo, dos seus desafios futuros e dos caminhos para os trilhar.”  É a identidade do país visível por meio da sua literatura.
Dos 200 livros, 116 foram publicados no século 20, 66 obras datam do século 21 e apenas 18 do século 19.  Marília de Dirceu, de Tomás Antonio Gonzaga, é o livro mais antigo da coleção, tendo em vista o ano de publicação em solo do Brasil, 1810. A classificação ocorreu de acordo com o número de indicações, e isso levou a temas de maior destaque entre os livros indicados, tais como a escravidão, a desigualdade racial e o protagonismo negro.  Dessa forma, o livro com maior número de indicações foi Quarto de Despejo, 1960, de Carolina de Jesus, e, em segundo lugar, Grande Sertão:  Veredas, 1956, de Guimarães Rosa.  Em 4º lugar, vem Raízes do Brasil, 1936, de Sérgio Buarque de Holanda, um clássico em forma de ensaio da história sociológica do país.  Em seguida, no 5º lugar, vem outro clássico nesta área, Casa-Grande e Senzala, 1933, de Gilberto Freyre, que, até hoje, fez o mais profundo estudo da mistura étnica e de culturas na formação do povo brasileiro.  Em posição de empate, está Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881, genial romance de Machado de Assis, que tece uma fina ironia da elite carioca à época do segundo reinado.
A obra A Hora da Estrela, 1977, de Clarice Lispector, figura em 24º lugar, por indicação de grandes escritores, entre os quais Cristóvão Tezza e Milton Hatoum. Numa análise rápida, os autores de livros clássicos que abordam a formação da alma brasileira estão todos presentes, embora alguns tenham recebido maior apreço do que outros, de forma justa ou não.  Luís da Câmara Cascudo consta na lista depois do centésimo lugar, com o seu fantástico Dicionário do Folclore Brasileiro, 1954.  Sem qualquer bairrismo e sem precisar ser um expert na obra cascudiana, é fácil notar que o mestre potiguar merece mais presença na lista, a exemplo de História da Alimentação no Brasil.
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