Ontem foi aniversário de um dos maiores volantes que o futebol brasileiro produziu. Clodoaldo chegou no Santos ainda moleque, oriundo de Sergipe, e antes de completar 17 anos se tornou herdeiro da gloriosa camisa de Zito, o xerife na vila famosa, nos campos da Suécia e do Chile. Entrou no time principal em 1966 e só saiu em 1979 para pendurar as chuteiras pouco tempo depois. Nos jogos do peixe, uma metade do campo era dele, a outra era do resto.
Acordei cedo e me danei pra rua para encontrar os amigos e jogar bafo com as figurinhas do álbum da copa, que por sinal não tinha a estampa de Clodoaldo (assim como não tinha o goleiro Félix, mas seus dois reservas, Ado e Leão). Após o almoço, já corri pra casa do vizinho garantindo meu lugar no chão e de frente para a TV, um dos três únicos aparelhos do quarteirão. As cadeiras e o sofá eram para os adultos. Quando o jogo começou, a calçada ficou lotada.
Os pais da gurizada nem bem tinham aberto as primeiras garrafas de cerveja Astra e o zagueiro Brito entrega a bola de graça para o uruguaio Morales, que enfia para Cubilla, que chuta na diagonal e abre o placar, aos 17 minutos.
Um surto de nervosismo e a canarinho começou a errar passes, no banco o técnico Zagallo fazia cara feia (anos depois soubemos que ele iria tirar Clodoaldo no intervalo). Mas aos 44 minutos, o volante brasileiro saiu do seu minifúndio.
É que o xerife Gérson, bem anulado pela marcação celeste, consultou seu capitão, Carlos Alberto, sobre uma troca de posição com Clodoaldo, o que foi feito. No avanço, Clodô lançou Tostão e partiu pra área empatando o jogo.
Nos vestiários, Zagallo esqueceu a substituição e o time voltou azeitado para o segundo tempo, virando o resultado para 3 x 1 com gols de Jairzinho, em outro passe de Tostão, e de Rivellino que foi servido numa bandeja pelo rei Pelé.
Chegamos na final apoteótica e aí baixou em Clodoaldo o espírito do Renascimento, quando ele emoldurou para sempre uma fila de cinco italianos numa pintura que culminou no quarto gol, antológico, de Carlos Alberto.
Ele tinha o apelido de Corró, que significa um tipo de cela de cadeia, apropriado para quem segurava a bola para só libertar com objetividade. Ou como um curador que tem a posse da obra para a exposição nas galerias dos gramados. Longa vida a Clodoaldo!
Uma decisão do Tribunal de Justiça do RS acatou denúncia do sindicato das rádios gaúchas e sentenciou que é proibido às rádios comunitárias veicular propaganda paga. Há alguns anos, denunciei umas duas que foram lacradas.
Cinismo
A fala do senador Rogério Carvalho (PT-SE), na sabatina do procurador Augusto Aras, suplicando ajuda para um caminho civilizatório, camuflou a terrível verdade de que o caminho acabou por obra e demérito do seu partido.
Militantes
O disfarce resistiu por anos, mas o esquerdismo doentio de alguns medalhões da mídia irrompeu no Twitter, e figuras como Ricardo Noblat, Miriam Leitão. Mônica Bergamo, Reinaldo Azevedo e Chico Pinheiro uivam o #LulaLivre.
Leitores
Sou grato a alguns leitores que compartilham nas rede os temas levantados pela coluna, em especial Dalton Andrade, Cátia Boratto, Allison Borges, Camila Ferraz, Herbert Dutra, Tota Barbosa, Carlos Leiros e Lívia Soares. #valeu
Beatles
Marana Torrezani, Suzy Leal e Paulo Sarkis ultimam as providências para a realização da terceira edição do Beatles Fest, dia 2 de novembro. Bandas e artistas locais numa maratona de hits dos Fab Four, além de souvenires.
Atentados
O Exército dos EUA e o FBI estão alertando sobre os riscos de ataques nos cinemas durante a estreia do filme Coringa. A ameaça é dos “incels”, diminutivo de “involuntary celibates”, figuras ensandecidas que atacam solitariamente.
Obra de arte
A crônica de Rubinho Lemos em sua coluna de ontem, uma carta-confissão da bola para o craque Messi, é coisa para se guardar nos escaninhos literários. Ao estilo Armando Nogueira, tratou o tema do futebol com um lirismo sem fim.
Ansu Fati
Se o ano de 2018 foi abrilhantado pelo jovem francês MBappé, que aos 19 anos ajudou a França no bicampeonato mundial, este 2019 começa a se desenhar como o ano do garoto da Guiné-Bissau, que encanta no Barcelona.