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A arte da galeria

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Diogenes da Cunha Lima
Advogado, escritor epres. da ANL

Todo mundo sabe, ou pressente, que a arte faz acrescer a sensibilidade, a percepção e fluir a criação estética. Estimula a criatividade e o senso crítico. Tem função social integradora de talentos especiais na sociedade.

Sabedor de que a verdadeira arte não é imitação, porém guarda analogias, o pintor Paul Klee diz ser uma parábola da Criação. Acrescenta que a arte carece da obtenção do equilíbrio entre os vários movimentos e que, no nível mais alto, a imaginação, é conduzida por estímulos instintivos que criam ilusões que a impelem. Parodiamos, pois, Ortega y Gasset: “a arte é o artista e suas circunstâncias”.

Arquitetura, escultura, pintura, desenho, através de objetos, transmitem belezas usando formas, cores e traços. Podem harmonizar a vida do espectador. As galerias são espaços destinados à exposição e comercialização de obras de arte, notadamente, de pinturas e esculturas.

Em Natal, “O Pequeno Príncipe” está funcionando em mais um lugar para pousar. Já havia rua homenageando o seu criador, Saint Exupéry, colégio, o Baobá do Poeta e outras paragens. Encanta a Galeria B612. A arte valoriza a rua Doutor Barata, 216.

As boas lembranças de galerias e ateliês de artistas povoam a nossa cidade. Pioneira, a Xaria foi, talvez, a primeira galeria de arte de Natal, implantada por Paulo de Tarso Correia de Melo e por mim na década de 60.

Na Galeria B612, você poderá encontrar obras nobres de Newton Navarro, Dorian Gray, Thomé, ao lado de expressivos pintores e escultores. Uma surpresa: um quadro do saudoso ítalo-natalense, Orlando Morgantini. A céu aberto, há esculturas de valor sob o olhar parado de uma grande Iemanjá.

Houve aproveitamento inteligente de sobras de demolição. As molas de trem são transformadas em base de mesa; agrada o reuso de materiais dos decks de piscina e de canos de construção; uma velha cadeira ganha singular utilidade, com pés rolantes. A grande porta do cofre, que guardava os dinheiros da antiga cooperativa, abre-se hoje para os tesouros em um salão de arte. A arquiteta Ilanna Paula Revoredo soube aproveitar o espaço. Não só para o imprescindível elevador, mas para as duas escadarias em caracol, restauradas.

A galeria anuncia se interessar por tudo que se refere ao mote clássico: o bem, o bom e o belo. Uma mesa de madeira, angelim-pedra, inteiriça, com seis metros de dimensão, recebe convidados. Deve reunir Confrarias, a começar pela da arquitetura, que está sendo formada. Aos sábados, a galeria é franqueada a artistas para lá realizarem trabalhos. Numa visita, encontrei trabalhando o bom pintor Fábio Eduardo, e o não menos criador Thiago Vicente.

Já começam as visitas, guiadas por professores, para alunos de colégios. A atividade faz parte da necessária educação visual, ajuda a desenvolver a personalidade das crianças, estimulando a curiosidade e o senso crítico. A visita às galerias de arte e ateliês é uma maneira hábil de cultivar nos jovens valores estéticos.

A memorável e degradada avenida Doutor Barata e a rua Chile são desafios, não só aos governantes, mas estimulantes a arquitetos, artistas, empreendedores, gente cidadã. Anchieta Miranda deu vida nova a velho prédio histórico. Lá funcionou a “Caixa Rural e Operária de Natal” – uma placa registra que já funcionava em 1934. Também a Cooperativa de Créditos Norte-rio-grandense dirigida pelo comendador Ulisses de Gois. O velho casarão também foi, no passado, utilizado pelo excelente produtor de livros Carlos Lima. Hoje, são 900 metros de mostra do que há de mais representativo na arte potiguar, entre o acervo permanente e o transmissível. Lá também funciona uma coleção de livros, homenagem ao bom sebista Jácio Torres.

Vida longa e profícua ao movimento artístico em um prédio que tem longa vida.

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