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A arte de envelhecer

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Antoir Mendes Santos – Economista

Desde a Revolução Industrial até os dias atuais, que às pessoas veem   usufruindo dos benefícios de uma melhoria na qualidade de vida e, consequentemente, na expectativa de vida desses indivíduos. Dados compilados pela Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios – PNAD chamam à atenção para os fatores que influenciam o processo de envelhecimento de nossa população, e permitem inferir que a população brasileira já começou a dar sinais de envelhecimento, a partir de 2010.

Ao refletir sobre este cenário, é importante lembrar o quanto é difícil ser idoso neste país, de como não se respeitam os direitos dos mais velhos, muitos deles conseguidos às duras penas, e de como um indivíduo, a partir dos 40 anos, já é considerado velho para inúmeras tarefas, inclusive para pleitear uma vaga no mercado de trabalho. Todo esse contexto, nos leva a indagar: por que todo esse preconceito, calcado muitas vezes em padrões de comportamento que reproduzem o sentimento de segmentos da sociedade, se o nosso país já se encaminha, a passos largos, para ser um país da terceira idade, a exemplo do que acontece na Europa e no Japão ?

É bom lembrar que o envelhecimento de uma população é função da velocidade na queda da taxa de sua fecundidade, aliada à diminuição dos índices de mortalidade, estes causados pela melhoria nas condições de saúde pública. Enquanto os programas sociais e de transferência de renda do governo Federal contribuem para elevar a expectativa de vida das pessoas, a diminuição da fecundidade para níveis abaixo aos da reposição da população, 1,9 filhos por mulher, desacelera o ritmo de crescimento de nosso contingente  populacional.

Se atentarmos para os números oficiais, veremos que enquanto a população menor que 15 anos reduziu-se de 34% para 25% de 2012 para 2017, em relação à população total, o grupamento dos idosos com 60 anos e mais aumentou de 12,6% para 14,3% em relação ao total, no mesmo período. O resultado dessas duas condições, é que temos no Brasil cada vez mais pessoas idosas e vivendo mais, e cada vez menos grupos de pessoas jovens com taxas de crescimento positivas. Este já é o retrato do Brasil atual e será o do futuro próximo.

Neste sentido, seria injusto não reconhecer a importância da população da melhor idade no contexto econômico, social e das famílias, até porque em cada um dos grupamentos familiares brasileiros, não raro, existe um idoso colaborando com o dispêndio do lar onde vive, ou sendo responsável pela renda familiar ou ainda adotando um de seus membros. Assim, o processo de envelhecimento é muito mais amplo do que uma simples modificação de pesos de uma população, haja vista que altera a vida dos indivíduos, das famílias e da própria sociedade.

Para envelhecer com dignidade o ser humano, sobretudo àquele que não teve à oportunidade de retornar ao mercado de trabalho, após sua vida laboral, passa a depender de um sistema de seguridade social, que lhe assegure cuidados com saúde, com assistência social e com a Previdência Social, para à garantia de seus direitos adquiridos. Todavia, nem sempre isso acontece. À saúde pública nem sempre oferece o atendimento necessário,  enquanto que o poder de compra das aposentadorias e pensões vai se diluindo ao longo do tempo. Isto para não se falar no distanciamento de familiares, componente emocional que pode comprometer o processo de perdas físicas, mentais e sociais.

Num país onde se privilegia os mais jovens e os mais abastados, em detrimento dos mais humildes e dos mais dependentes, e onde a Previdência Social, por não estar preparada para o expressivo envelhecimento da população, só se preocupa em aumentar a idade limite para a concessão de benefícios, envelhecer e continuar sendo útil para si e para a sociedade, ainda é um desafio a ser vencido !.

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