Os laços humanos e os vínculos sociais devem convergir para a harmonia, caminho de sublimação do sentido da vida. Os chamados “mistérios” da vida são simples, perceptíveis e acessíveis. Desconhecê-los implica em sucumbir às ilusões dos egoísmos, das vaidades, da cobiça e da violência. Sem limites. Em cada homem destruído por falsos valores, destrói-se parte da humanidade. A verdade reside em cada homem. Basta ouvi-la e senti-la. Eis, nesse sentido, a lição de Gandhi: “A Verdade habita no coração de todo homem, e é ali que devemos procurá-la e viver de acordo com ela, na medida da nossa compreensão. Mas ninguém tem o direito de obrigar outros a viverem segundo a verdade assim como ele mesmo a enxerga”. No mundo atual, os mecanismos da globalização, especialmente econômicos, ensejam sufocar, em cada homem, a voz do coração, dos sonhos e dos sentimentos. Asfixia legado das ideologias. Entretanto, a crise atual do capitalismo tem explicação por seu descompromisso planetário com a humanidade. A falta de regulamentação e controle dos agentes econômicos, que se inspiram e se escudam num ultraliberalismo sem rosto humano nem contenções, revela o abismo, irreversível, entre o Ser e o Ter. Quando o Ter é supremo, a humanidade sofre. E os eternos “vendilhões do templo” desfrutam seus lucros desonestos. É uma espécie de fetichismo em escala planetária. Mas tudo passa. Sobretudo o mal. A beleza é uma das faces do bem. Ela é inesgotável, como a vida.
Quando os governantes ignoram sofrimentos individuais e valores éticos, que devem presidir as atividades humanas, a sociedade é submetida a um vazio, que mina as fontes dos sonhos e das utopias. Germina-se uma ruptura com valores, tradições, legado histórico e espiritualidade. O homem, então, é destituído de esperança. Contudo a fé lhe restaura virtudes e confiança no futuro. Pois nenhum povo sobrevive sem sonhos. Nessas circunstâncias, irrompe a crise, que afeta a legitimidade e a eficácia do governo indefinidamente. Apesar desses retrocessos éticos e morais, a humanidade sabe reencontrar-se. Sempre…
Há fases e contingências de profundas transformações na humanidade. Inúmeras – e não são poucas – pareceram cataclismos e convulsões aparentemente infindáveis. Mas passaram e o próprio tempo amalgamou o velho e o novo, o tradicional e o revolucionário. O bem ascende e triunfa sempre. Em “Estudos de História Contemporânea” Arnold Toynbee aborda o tema em lúcido e atual texto: “A civilização posta à prova”. O mesmo fizeram Phillipe Ariés e Georges Duby na monumental “História da vida privada”. Will Durant, em “História da Civilização”, conclui seus vastos e profundos estudos com uma frase contundente: “O bem sempre prevalece. É só questão de tempo”. O Cristianismo criou e consagrou uma civilização. Não importam as contradições de cristãos ao longo da História: leigos, sacerdotes, pastores e religiosos. O bem e a verdade nos encaminham para Deus. Disse Jesus a Nicodemus: “Mas quem age segundo a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas obras são feitas em Deus” (João 3,21).
Os homens sempre fizeram prevalecer a consciência do bem. Há uma cultura do bem. Crenças, atitudes, relações, normas, valores, costumes e ideais. Confúcio dizia que o tirano causava males incomparavelmente superiores às feras enfurecidas. O bem sempre triunfaria, independentemente do tempo em que a sociedade estivesse submetida ao mal e ao arbítrio. Erasmo de Roterdã, em seu “Elogio da Loucura”, disse que “nada é mais simples e verdadeiro do que o Cristo, através de quem a humanidade se encaminha para o bem em sua totalidade, em sua plenitude: o amor infinito”. As crises sociais se assemelham às dores do parto: nasce a vida. Em pouco tempo, os homens retomarão as vias universais do bem e da esperança. Busca sem fim…