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A candidatura Garibaldi

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Vicente Serejo


Quando esta coluna passou a acreditar que o ex-governador Garibaldi Filho poderia ser, de fato, candidato ao Senado, mesmo depois de ouvir até dele mesmo que não seria – no máximo a deputado estadual e se fosse para ajudar na eleição do filho, Walter Alves – precisou renegar o que parecia definitivo. Naquela hora, era preciso apostar na fonte, menos por uma convicção pessoal e mais pela lógica de uma argumentação que teimava em apontar para o que parecia improvável.
Duas razões lógicas sustentaram, sempre, o que refletia ser uma absoluta desrazão política: uma de ordem pessoal – o veto sistemático de Walter a Henrique Alves, principal nome do acervo familiar, com onze mandatos de deputado federal e o grande esteio de todas as campanhas; e outro de ordem política – a manutenção do veto às coligações partidárias, o que sempre levou Walter a temer a própria derrota com a eleição de Henrique, mais bem posicionado em todas as pesquisas. 
Naquela hora a lógica apontava no máximo, e se fosse o caso, uma candidatura de Garibaldi Filho a deputado estadual, fechando a dobradinha com o filho Walter Alves. O empobrecimento do MDB, hoje um partido depauperado no Estado, exigia o peso da tradição de Garibaldi Filho, sob pena de uma derrota. Solução: o veto peremptório a Henrique Alves teve o sentido de canalizar para alguém sem chance a sobra de votos, evitando a eleição de Henrique e a derrota de Walter.  
Prisioneiro do amor filial, Garibaldi Filho assistiu, calado, a alguns gestos estranhos do filho Walter contra Henrique Eduardo que, antes de tudo, já demonstrara o estilo pacificador ao lhe passar a presidência do MDB: a desqualificação da tradição de Henrique na hora difícil da injustiça que sofria; o veto ao nome de Álvaro Dias, amputando o nome de maior ascensão no seu partido que ele próprio presidia; e retirar-se da convenção do PMDB com a chegada de Henrique. 
Foi quando caiu no noticiário a forte especulação de que não era impossível uma coligação PT-MDB, unindo, na cabeça de chapa, Fátima Bezerra e Garibaldi Filho. O imprimatur que ainda faltava, veio na mala de Lula que aqui reuniu os dois e manifestou o desejo de vê-los juntos, e que aquela já era a tendência nacional dos dois partidos. Com a queda da coligação na proporcional, arrefece o ânimo, mas, ainda assim, a união PT-MDB pode ser a salvação da candidatura Walter. 
Hoje, a pedra de toque é o partido que nascer da fusão PSL-DEM. Nada impede que Álvaro Dias venha a ser candidato do PSDB com Carlos Eduardo, do PDT, para o Senado. Se isto acontecer – é cedo para alguém afirmar – a luta irá às ruas com chances reais e iguais contra a chapa Fátima Bezerra-Garibaldi Filho. E, neste caso, o desgarrado da tradição será Garibaldi Filho. Se for preciso salvar o filho, ele abandona a tradição política na qual construiu toda sua vida pública.  
BALA? – Se em política tudo tem o seu peso, muito mais o tempo de tevê e o fundo partidário, quanto pesaria o ex-senador José Agripino presidindo a fusão DEM-PSL nas eleições de 2022? 
LIÇÃO – Enquanto a Liga contra o Câncer luta para receber R$ 7 milhões do SUS, por prestar um serviço essencial, a bancada federal mantem sua omissão desastrosa. Chegamos ao fundo do poço. 
AVISO – O livro do Desembargador e presidente do Tribunal Regional Federal (Recife), Edilson Nobre Júnior, entre as indicações de leitura da ‘Quatro Cinco Um’, a revista dos livros de setembro.
TEMA – Neste seu novo ensaio, o magistrado natalense estuda e discute o “Controle Jurisdicional da função normativa das agências reguladoras”. É uma edição da ‘Contracorrente’, já nas livrarias. 
ALIÁS – Edilson Nobre é candidato à vaga do ministro José Augusto Delgado na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras e assumiu a luta. Vaga que ainda não foi oficialmente declarada aberta. 
PRELO – O advogado Carlos Castin lança, ainda este ano, a sua pesquisa sobre Auta de Souza. Não se sabe se o olhar é literário, a poesia de Auta, ou se olha a poetisa como ícone do espiritismo. 
MOSSORÓ – É bom saber: no elenco de crônicas do novo livro de J.P. Cuenca – “Qualquer Lugar menos agora: crônicas de viagem para tempos de quarentena”, inclui uma viagem sua a Mossoró.
ECO – A poetisa Diva Cunha aos poucos deixa o seu exilio, diante dos morros, para as primeiras incursões profanas. Quando recolhida, trabalha um poema de longa dicção de tinturas ecológicas. 

VIGOR – Foi o ministro Rogério Marinho que errou ao incluir o Mirante do Monte das Gameleiras no ‘orçamento secreto’. Se é legal – e deve ser – mesmo ele tendo seis hectares na área, pagou pelo mistério com recursos públicos. O falso legalismo do governo Bolsonaro criou essa deformação.    

BRASIL – Quando o advogado Miguel Reali Júnior elaborou as razões jurídicas caracterizadoras do crime de responsabilidade de Dilma Rousseff, parecer assinado por Janaína Pascoal, mereceu aplausos. Ele é aquele que hoje encontra o mesmo crime de responsabilidade contra Jair Bolsonaro. 
EFEITO – O fato, natural do ponto de vista jurídico – na medida em que é visto em razão do que é determinado em lei – levou o protesto, nas redes ditas sociais, a mudar de lado. Agora é contra Miguel Reali. Num país de reações caudatárias até a lei vira bailarina no strip-tease do sectarismo.  
_Os artigos publicados com assinatura não traduzem, necessariamente, a opinião da TRIBUNA DO NORTE, sendo de responsabilidade total do autor._
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