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A chave e a porta

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Vicente Serejo
Há uma chave na chapa que disputa a única vaga de senador e com apoio da governadora Fátima Bezerra nas eleições deste ano: os efeitos que poderão ser produzidos pela candidatura do hoje deputado federal Rafael Motta. Com três desfechos possíveis: se será o mais votado e, portanto, o eleito; se divide e esvazia a votação do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves; e se este fato pode contribuir para a eleição do ex-ministro Rogerio Marinho, candidato de Jair Bolsonaro. 
Não se trata de contrapor razões para desmontar a posição do governo quando, em seu nome, o chefe da Casa Civil, Raimundo Alves, declarou que ter dois nomes para o Senado, ao lado da governadora, não é um problema. E não é. A questão é bem outra e de ordem estratégica: qual será a posição da governadora diante do conflito público dos dois aliados a ser levado nos debates e comícios, ou se exercerá preferência por um em detrimento do outro, a qualquer preço. 
Os tempos são estranhos e, neles, cabem as bizarrices que hoje assolam a velha tradição democrática que antes buscava a unidade de pensamento. Pelo visto e lido até agora, a chapa que tem a governadora na cabeça da luta tem profundas clivagens internas e externas, ou seja, dentro e fora do seu partido. De um lado, pela presença do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, presidente do PDT; e, do outro, a candidatura de Rafael Motta que preside o PSB e seu socialismo de sigla. 
Em princípio, a governadora nada perde, se dos dois convergirem os votos para seu nome, ainda que nascidos de uma disputa que promete não ser tão pacífica. Mas, o desdobramento pode provocar uma divisão do eleitorado a ponto de partir em dois fazendo do ex-ministro Rogério Marinho ser o mais votado e, por consequência natural, o senador eleito. Nesse diapasão, o fato não desagrada ao candidato do presidente Jair Bolsonaro, hoje a campanha com a maior estrutura.
Ninguém pode negar a coesão ideológica da candidatura de Rogério Marinho. A força e a clareza de sua retórica, sem subterfúgios, consolidou, desde sempre, sua posição oposicionista, o que não é constatável na retórica do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves. Foi sempre um crítico do governo Fátima Bezerra. Foi candidato ao governo, mas não mereceu quem apoiasse, de fato, seu nome. E tentou ser senador de um lado e do outro até ser abrigado numa aliança PT-PDT.
O que distingue Alves de Motta são seus acervos eleitorais. É inegável a forte presença de Alves em Natal, segundo a avaliação em todas as pesquisas na capital. Como é inegável sua fraca presença no eleitorado rural. Um eleitorado que foi determinante na sua derrota em 2018 para a hoje governadora Fátima Bezerra. Eis, a grande chave. Só a campanha desenhará os primeiros traços, como só as urnas dirão qual a porta que vai ser aberta e para qual caminho. 

PACTO – Anotem: o ex-senador José Agripino, presidente do União Brasil, aqui no Estado, vai honrar a decisão que for tomada pela bancada, mesmo em favor da governadora Fátima Bezerra.  
NOMES – É bom não esquecer que há dois nomes, segundo as contas do União Brasil, que estão no pódio para a Câmara Federal: a deputada federal Carla Dickson e o vereador Paulinho Freire.  

AVISO – Ceder a ordem de precedência não significa ser o nome da sucessão. Segundo uma mitra com décadas de vida eclesiástica, não há nome escolhido para suceder a Dom Jaime Vieira. 
NOME – Dizia, ontem, uma das cabeças coroadas da Província Eclesiástica deste Potengi: ‘Se alguém sabe quem será o novo arcebispo de Natal é Dom Jaime Vieira Rocha. E mais ninguém”. 
BASES – Fábio Dantas, candidato a governador, começa a percorrer as bases já comprometidas com o ex-ministro Rogério Marinho. Sabe que poderão ser naturalmente suas, se bem articuladas. 

MAS – Dantas sabe, também, que há apoios ao candidato Rogério Marinho que não irão para o seu nome. O efeito do voto de prefeitos e ex-prefeitos é uma ciência sobre a qual não há domínio.
FORÇA – Hoje, no interior, o núcleo maior e mais numeroso pertence a Lula e a governadora Fátima Bezerra será, em tese, a beneficiada na hora do voto. Mas, o voto é uma matéria volúvel.
DETALHE – Tão volúvel e tão ligada à sobrevivência que um dado revela seu estado líquido: o RN já tem hoje 450 mil inscritos no Auxílio Brasil. O que é um contingente muito representativo. 
POSIÇÃO – Foi clara e sem subterfúgios a tomada de posição do presidente estadual do União Brasil, ex-senador José Agripino, quando declarou a esta TN que os seus candidatos vão decidir a quem apoiarão nas eleições deste ano. Um gesto sem previsão do que pode decidir o plenário. 

GESTO – Agripino, com sua experiência política, sabe que poderia usar sua força em favor de um ou de outro, mas não parece ser esta a intenção. A decisão dos candidatos, pró-Fátima Bezerra ou pró-Fábio Dantas, será a posição do União Brasil, mesmo que possa divergir de José Agripino. 
PESO – Aliás, qualquer que venha a ser a direção do União Brasil, o peso é inegável e beneficiará o candidato escolhido. Votar em Lula é algo que não está no radar de Agripino, mas a vida é um assunto local, como diria Chaplin. Quando nada, é um bom exemplo e enriquece o jogo político.
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