A conta

A Confederação Brasileira de Futebol pretende implantar um protocolo médico para garantir a volta do futebol com controles, para evitar a contaminação de atletas e de todos que fazem o contexto geral de um jogo do esporte. Para isso, desde ontem, os médicos dos 180 clubes das quatro divisões do Campeonato Brasileiro masculino (séries A, B, C e D) e das duas divisões do Feminino, começaram a receber uma senha para acesso ao site da entidade. Essa senha e login, em princípio, servirão para que todos assistam e participem de uma videoconferência com as autoridades médicas da Confederação. O objetivo é explicar e discutir como os clubes deverão agir para retornarem às suas atividades. Em princípio, a ideia basilar de todo esse processo, é testar em massa jogadores e até os familiares que residem com os atletas. Além deles, serão testadas as comissões técnicas e funcionários que lidam diretamente com o futebol. São 180 clubes de todo país, no masculino e 51 no feminino.

E exatamente neste quesito que a conta não vai fechar caso o custo desses exames tenham que ser pagos pelos clubes. Para o caso dos milionários da Série A, isso pode até parecer barato, mas para os clubes das Séries B a D, não existe condição para assumir esse débito. Um clube como América e ABC, por exemplo, teria que desembolsar uma quantia em torno de R$ 40 mil, se levarmos em consideração um elenco + comissão de cerca de 40 pessoas e famílias com aproximadamente três pessoas na mesma residência, com exames custando algo em torno de R$ 300,00.

Muitos irão dizer que essa conta é mínima para que o futebol volte e os ganhos podem ser muito maiores. Existem dois problemas nisso para os clubes de estados pequenos como o nosso Rio Grande do Norte. Primeiro, os jogos seriam realizados com portões fechados, ou seja, sem arrecadação através dos ingressos. Segundo, os testes teriam que ser refeitos periodicamente até que uma vacina ou remédio sejam descobertos. Então, assim, não só não aumentaria a receita como geraria mais despesa com a volta das partidas.

No entanto, existem soluções para tudo isso. Primeiro, a CBF poderia e deveria, na minha opinião, bancar esses custos para os times de menor porte. Segundo, a própria entidade, detentora de um grande network na negociação de transmissões de TV, poderia negociar ou até mesmo realizar as transmissões dos jogos dos estaduais via streamming ou até TV aberta. A força das lives e das transmissões de jogos históricos dos clubes comprovam que pode dar certo. O Próprio ABC arrecadou algo em torno de R$ 20 mil com o repeteco dos 5 a 2. Além disso, como instituição milionária e com crédito amplo no mercado, a CBF poderia ser fiadora de alguns clubes na captação de recursos junto à bancos para esse momento de transição, ou bancar ela mesmo, como já fez à fundo perdido, mais alguns meses dos clubes. Soluções existem, só não podemos deixar o futebol morrer.

Pensando em ajudar aqueles que fazem um trabalho essencial para o ecossistema, os catadores de materiais recicláveis, Guaraná Antarctica criou o Leilão Coisa Nossa, que irá leiloar diversos artigos pessoais de grandes nomes do esporte nacional: CBF, Gabriel Medina, Gabriel Jesus e Damian Maia. O lançamento do leilão será realizado no dia 25 de abril, às 14h, no canal de Guaraná no Youtube, o Coisa Nossa, e pelo site será possível fazer os lances. Todo o valor arrecadado será doado ao financiamento coletivo Renda Mínima Pros Catadores, iniciativa da ONG Pimp My Carroça para angariar fundos pros catadores avulsos do Cataki, app criado pela ONG para conectar geradores de resíduo e os trabalhadores que tiram seu sustento a partir da reciclagem. O Pimp My Carroça é um movimento criado em 2012 pelo artivista Mundano.

O jogador Gabriel Jesus doou uma camisa autografada, e também a sua participação em partida de CS (Counter-Strike). Já Gabriel Medina doou uma prancha autografada e,  o lutador Demian Maia colocou no leilão a jaqueta oficial da luta contra o Carlos Condit, usada em 2016. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também cedeu itens para o leilão: duas camisas da Seleção Brasileira de Futebol Masculino autografadas e uma camisa histórica que os jogadores comemoraram a conquista da Copa América em 2019. Além do valor arrecadado no leilão, toda a monetização conquistada no canal Coisa Nossa, o AdSense, será destinado ao Pimp My Carroça.

O Santos continua provando que investir nas categorias de base pode dar certo. Um estudo produzido pela empresa especializada Pluri Consultoria, divulgado ontem mostrou que o Peixe terminou 2019 com Superávit de R$ 24 milhões. Suas receitas aumentaram 84% chegando a R$ 400 milhões. No entanto, 54% deste montante veio da venda de jogadores, o que será difícil de se repetir em 2020 devido à pandemia do coronavírus. Foram R$ 189 milhões arrecadados com a venda de Rodrygo ao Real Madrid. O clube também registrou aumento de 27% em suas despesas, que totalizaram R$ 376 milhões.