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A copa de US$ 50 bilhões

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Com uma população de apenas 800 mil habitantes, mas com a maior reserva de gás do planeta e com o maior orçamento das Copas, o Catar entrará para a história como o menor país a receber um Mundial. Nesta quinta-feira, prometeu: não repetirá os erros do Brasil em 2014.

“Temos doze anos, mas não vamos cometer o erro de deixar a coisa para mais tarde e vamos começar a trabalhar amanhã mesmo”, disse o xeque Hamad Al Thani, herdeiro do trono do país e que também é presidente da federação de futebol do Catar.

O país, que é uma ditadura, ganhou sua independência apenas em 1971 dos ingleses. Desde então, é governado pela família Al Thani, com uma fortuna calculada em US$ 2,5 bilhões, a quarta maior do planeta. De uma vila pobre de pescadores, se transformou num centro internacional, graças ao gás.

Nesta quinta, o país que tem um dos maiores maior PIB per capta do planeta, prometeu à Fifa duas coisas. A primeira é que o governo não mudará até lá, diante da falta de democracia.

Para o Catar, o anúncio ainda teve um peso político importante, já que mandou uma mensagem de que o Oriente Médio deve ter seu lugar garantido no cenário internacional, apesar das guerras frequentes e da percepção negativa que o mundo muçulmano ganhou na Europa e Estados Unidos nos últimos anos. “Essa foi a decisão política mais importante em anos para o Oriente Médio”, disse o xeque. Não por acaso, no Oriente Médio, a festa foi total com o anúncio.

O fato de a população do Catar ser inferior à da cidade de Teresina também parece não preocupar a Fifa. O Catar está a quatro horas de várias capitais europeias, de uma elite indiana cada vez mais rica e a meio passo da China. Mas acima de tudo a programação será ideal paras TVs, com jogos em horários nobres tanto nas Américas como Ásia.

A segunda promessa, e mais importante, é que colocará no evento US$ 50 bilhões, o maior valor já gasto na história para uma Copa E com vistas a não ser mais uma dor de cabeça para a Fifa, como foi a África do Sul e como está sendo o Brasil, ainda sem um plano e nem um calendário de jogos.

Os árabes construirão doze estádios que ficarão basicamente numa mesma cidade, Doha. Torcedores poderão ir a cada um deles em um metrô e, na prática, poderão assistir a dois jogos por dia se encontrarem ingressos. O país todo, repleto de areia, tem o dobro do território de Brasília.

“Sabemos que haverá muitas perguntas sobre nós. Mas não vamos relaxar até que tudo esteja pronto. O caminho é longo. Mas por isso é que vamos trabalhar nisso a partir de amanhã”, afirmou o xeque.

Uma das preocupações era a de ter a Copa no pleno verão no deserto, com temperaturas de mais de 40 graus. Mas o Catar promete estádios com ar condicionado que reduziriam a temperatura de 27 graus.

Liberdade de imprensa é posta em xeque na Fifa

Zurique (AE) – A direção máxima da Fifa teria optado por retaliar contra a liberdade de imprensa. Momentos antes da votação na quinta-feira, em uma sala fechada na Fifa, o presidente da entidade, Joseph Blatter, teria feito um apelo aos 22 membros: os “demônios da imprensa” precisavam ser evitados.

Após a votação polêmica das próximas sedes das Copas do Mundo, membros da Fifa disseram que a decisão da entidade de não apoiar a Inglaterra para a Copa de 2018 era uma retaliação às reportagens da imprensa britânica que revelaram a corrupção na Fifa.

Pelo menos dois dos 22 membros da entidade admitiram: em bloco, o Comitê Executivo da Fifa optou por punir a candidatura da Inglaterra depois que a BBC mostrou os bastidores de como funciona a entidade. Já o “Sunday Times” e conseguiu filmar seis cartolas da Fifa oferecendo vender seus votos.

Marios Lefkaritis, um dos membros da Fifa, foi claro: “Definitivamente isso (as reportagens) pesou”. Junji Ogura, outro integrante da entidade, também confirmou a punição. “A reação do Comitê foi negativa”, disse.

A campanha inglesa saiu ao ataque contra a Fifa, exigindo sua reforma e alegando que, vivendo em um país democrático, tinha responsabilidades perante à imprensa e que está submetida todos os dias ao controle da mídia. Andy Anson, presidente da candidatura inglesa, também foi duro contra a Rússia e Catar, alegando que democracias como a do Reino Unido, Austrália e Estados Unidos não terão chances de vencer enquanto a Fifa não se reformar.

Sua insinuação era de que Blatter havia optado por levar a Copa a dois lugares onde a liberdade de imprensa é uma miragem, portanto, onde a reputação da Fifa não teria riscos de sofrer qualquer dano. Seriam, ainda, dois países onde a imprensa simplesmente deixaria a Fifa “tranquila” por mais de uma década.

Mulheres terão que vestir  roupas “decentes” em 2022

Zurique (AE) – O governo do Catar avisa: as mulheres brasileiras, mexicanas, espanholas e até paraguaias, que tradicionalmente fazem parte das cenas das arquibancadas de jogos nas Copas do Mundo, terão de entrar nos estádios com “roupas decentes”. A Copa de 2022 promete não apenas abrir novas fronteiras, mas também mudar a forma pela qual a torcida ocidental está acostumada a acompanhar as partidas.

Os porta-vozes do Catar garantem que as mulheres não terão de usar véu para ir aos estádios e nem haverá locais separados para elas, como em alguns países árabes. “Mas não poderão ir em sutiã Terão de respeitar uma certa decência”, avisou.

Já o xeque Hamad Al Thani, herdeiro do trono do país e presidente da Federação de Futebol do Catar, garantiu que o país começará a desenvolver um plano para o futebol feminino. “O que há é um preconceito em relação ao país”, afirmou.

Outro ponto delicado promete ser o de bebidas alcoólicas. O país não permite a venda, mas nesta quinta admitiu que até 2022 poderá rever algumas de suas regras. Não seria por acaso. Um dos patrocinadores da Copa é a Budweiser, uma das maiores produtores de cerveja do mundo.

Conhecido por um controle sobre a imprensa e sem qualquer liberdade política, o Catar ainda sabe que estará no centro das atenções do mundo até 2022. O xeque Al Thani, porém, garantiu que se a equipe de Israel, país com quem tem inimizade política e religiosa, se classificar para a Copa de 2022, não terá problemas para receber os vistos. “Vamos seguir as regras da Fifa”, garantiu. Para 2010, a Líbia chegou a apresentar sua candidatura para sediar a Copa. Mas insistiu que Israel não poderia participar.

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