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‘A Copa é aposta para expansão no mercado internacional’

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Andrielle Mendes – Repórter

»entrevista»  Flávio Dino – presidente da Embratur

Estudo recente da Embratur, autarquia especial do Ministério do Turismo responsável pela  promoção dos destinos turísticos brasileiros no mercado internacional, mostrou que Natal receberá durante a Copa de 2014 205.556 turistas brasileiros que gastarão juntos cerca de R$ 847,3 milhões. Apesar do montante, Natal será a cidade-sede da Copa onde os turistas brasileiros menos gastarão.
O presidente da Embratur, Flávio Dino, analisa o mercado de turismo e a perspectiva de crescimento com a Copa do Mundo em 2014
O valor foi estipulado com base em pesquisas realizadas pela Embratur durante a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul e a Copa das Confederações realizada este ano no Brasil. O número de turistas estrangeiros que visitarão a capital em decorrência do Mundial de futebol ainda não foi estimado pela Embratur. Nos últimos anos, o fluxo de estrangeiros despencou no estadp.
Flávio Dino, presidente da Embratur, evita apontar as ‘fraquezas’ de Natal como destino turístico e se limita a afirmar que “a cidade terá de investir mais fortemente em um mercado ainda pouco explorado que é dos países vizinhos do Mercosul, como Argentina, Chile e Uruguai”, se quiser trazer os turistas de volta. “O esforço que o governo federal e os governos locais estão fazendo de realizar a Copa do Mundo em 12 cidades-sede tem justamente esse objetivo”. Esse foi um dos temas abordados a seguir, em entrevista concedida por e-mail à TRIBUNA DO NORTE.

Estudo da Embratur aponta que os gastos dos turistas durante a Copa de 2014 deverão somar R$ 25,2 bilhões e superar os gastos públicos para a realização do evento. Como os economistas da Embratur chegaram a esse valor?
A Embratur realizou uma pesquisa de opinião detalhada com os estrangeiros que foram à África do Sul para ver a Copa do Mundo de 2010. A partir desses dados, traçamos um perfil médio do turista da Copa. Na edição da Copa das Confederações, este ano, aqui no Brasil, também realizamos pesquisa com estrangeiros e pudemos confirmar que o perfil mantém um padrão. O gasto desse turista é, em média, de R$ 11 mil por viagem, com duração de cerca de dez dias, conhecendo, em média, dois destinos turísticos, além da cidade em que ele assiste ao jogo. A FGV e o Ministério do Turismo estimam em 600 mil o número de estrangeiros que devem vir ao Brasil durante os 30 dias da Copa. Sendo assim, fizemos uma estimativa, com base no período médio de estadia e valor médio de gastos no país – que incluem estadia, alimentação e deslocamento no país. Assim, chegamos ao valor de R$ 25,2 bilhões de impacto direto durante os 30 dias de jogos. Esse valor não considera o impacto indireto positivo que ocorre na economia das cidades.

Como se trata de uma projeção, o valor pode não ser atingido, correto? Existe a possibilidade de o valor gasto pelos turistas durante o evento ser inferior e não cobrir nem de longe os gastos públicos para a realização do evento? Qual seria o impacto disso?
Todas as estimativas feitas anteriormente, pela Embratur acabaram sendo superadas positivamente, dada a grande demanda pelos eventos. Tenho convicção que o mesmo ocorrerá novamente em relação à Copa do Mundo. A respeito de sua dúvida, se o ganho não cobrir os gastos públicos, primeiro, digo que essa possibilidade não existe. Em segundo lugar, mesmo que ela existisse, não faria sentido. Dois de cada três reais investidos “na Copa”, na realidade, são para melhorar a mobilidade tanto dos turistas do megaevento quanto dos turistas que queremos receber depois, nacionais e internacionais, e dos próprios cidadãos que moram nessas 12 cidades-sedes. Portanto, mesmo que existisse a possibilidade do evento Copa não cobrir o gasto das obras, isso não retiraria a necessidade delas.

O estudo aponta, entre outras coisas, que Natal deverá ser a cidade-sede onde os turistas menos gastarão. Qual a razão disso? Por que os turistas gastarão menos na capital potiguar? Além disso, que avaliação a Embratur faz de Natal como destino turístico, em termos de infraestrutura, divulgação e preço?
Tanto Natal como todo o Rio Grande do Norte têm uma força espetacular para o turismo nacional. Possui belezas naturais únicas, como Pipa, as dunas, Ponta Negra e São Miguel do Gostoso. E tem um diferencial importantíssimo: é nosso destino turístico mais próximo do continente europeu, que é um dos maiores polos emissores de turistas no mundo. No entanto, dada a conjuntura econômica deste momento, na Europa, naturalmente, houve uma redução de viagens naquele continente. O turismo tem uma característica de ser o último produto a entrar na cesta de consumo de uma família e o primeiro a sair. Em momentos de crise econômica, a primeira coisa que uma família corta são as viagens. Portanto, Natal terá de investir mais fortemente em um mercado ainda pouco explorado que é dos países vizinhos do Mercosul, como Argentina, Chile e Uruguai. O número de visitantes desses países ao Rio Grande do Norte está crescendo, ano a ano. Mas temos de continuar investindo para atrai-los.
Desde junho de 2011, Flávio Dino é o presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo)
Natal tem registrado uma queda agressiva no fluxo de turistas, sobretudo estrangeiros. A Embratur acredita que um evento como a Copa terá força suficiente para reverter essa curva e trazer os estrangeiros de volta nas próximas temporadas?
A Copa entra justamente nesse ponto. Pesquisa realizada por nós na Copa do Mundo 2010 mostrou que a maior parte dos turistas só sabia citar São Paulo e Rio de Janeiro como cidades brasileiras. A maior parte das outras cidades ainda é pouco conhecida no exterior. O esforço que o governo federal e os governos locais estão fazendo de realizar a Copa do Mundo em 12 cidades-sede tem justamente esse objetivo: fazer o Brasil mais conhecido em toda sua diversidade. Por isso, a Copa é tão importante para Natal.

Quais as expectativas da Embratur com relação a Copa do Mundo em 2014?
Pode-se dizer, tranquilamente, que a Copa do Mundo 2014 é a principal aposta do Brasil no aumento da participação do país no mercado internacional de turismo. Hoje, nós captamos menos de 1% dos turistas internacionais. É muito pouco para um país com a nossa dimensão e com a diversidade de produtos turísticos que temos. A Copa do Mundo é uma chance única de difundir a imagem de nosso país, de diversificar a imagem que os estrangeiros têm de nós, de apresentar a diversidade de cidades, paisagens e culturas que tem o Brasil.

Que ações de divulgação a Embratur tem desenvolvido com vistas a atrair mais turistas para o país?
Para divulgar o Brasil como destino turístico durante a Copa do Mundo de 2014, a Embratur criou o Goal to Brasil, uma ação de promoção das 12 cidades-sede. A primeira etapa do evento foi finalizada em maio deste ano, e formou mais 3 mil agentes de viagem operadores de turismo “Especialistas em Brasil” , e apresentou detalhes do país para mais de 350 jornalistas de 14 países prioritários para a Embratur. Em cada Goal to Brasil, uma cidade-sede possuiu um espaço maior para mostrar como riqueza de detalhes, seus atrativos turísticos. A cidade de Natal foi destaque na edição de Milão, pela tradição de viagem dos italianos ao Rio Grande do Norte.

Que outras ações deverão ser desenvolvidas até a Copa?
Agora em setembro, a Embratur vai retomar o Goal to Brasil. Até o final do ano serão mais três edições do evento. Recentemente, a Embratur lançou um edital no valor de R$ 3 milhões para impulsionar a promoção das festas juninas, que acontecem na mesma época que o Brasil sediará a Copa do Mundo de Futebol. Em 2012, o valor investido pela Embratur em ações de fortalecimento da imagem na região Nordeste foi de aproximadamente R$ 21 milhões.

Segundo a Embratur, Natal receberá durante a Copa 205.556 turistas brasileiros que gastarão, em média, R$ 412,10 por dia, o que dará R$ 847.334.394. E os turistas estrangeiros? Quantos virão? E quanto gastarão (por dia e o total)?

Ainda não é possível saber como será a movimentação dos turistas estrangeiros durante a Copa. Isso dependerá de quais equipes jogarão em cada cidade. Obviamente, países com maior proximidade ou conectividade aérea maior enviarão mais turistas que outros com baixa conexão.

Falta menos de um ano para a Copa. O tempo é curto para que estados como o RN, que investem pouco em divulgação e não aproveitaram oportunidades como a Copa das Confederações, para tentar fisgar novos visitantes?
Em primeiro lugar, é preciso ter claro que a Copa das Confederações é um evento teste para a Copa do Mundo de 2014, voltado principalmente ao público local. Assim foi em todas as suas edições nas últimas décadas. Não é um evento que atrai público estrangeiro em caráter massivo. Mesmo com essas características, a Copa das Confederações movimentou R$ 740 milhões na cadeia do turismo brasileiro. No quesito visibilidade, a final da Copa das Confederações 2013 bateu o recorde de público televisivo da competição, segundo dados divulgados pela Fifa.

Os efeitos da Copa do Mundo serão diferentes?
Para a Copa do Mundo são esperados 600 mil turistas estrangeiros, portanto, um impacto 30 vezes maior que a Copa das Confederações. Os recursos movimentados e a exposição serão bem maiores. Tanto Natal como destinos próximos, como Pipa, irão lucrar com a captação de turistas. Mas o principal ganho será a longo prazo. Neste período, os olhos do mundo estarão voltados para Brasil. Essa será a oportunidade de mostrar o que Brasil tem para oferecer.

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