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A dança da indecência

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A nação viu – e perplexa ficou – a deputada Ângela Guadagnin, do PT de São Paulo, dançando no plenário da Câmara, comemorando a absolvição do companheiro de bancada, o deputado João Magno, do PT de Minas, já condenado pelo Conselho de Ética que havia pedido a cassação do seu mandato. A deputada, uma robusta senhora, é membro desse Conselho de Ética e tem se notabilizado na Casa por obstruir a marcha dos processos, pedindo vistas dos mesmos e fazendo intervenções que duram horas inteiras, tentando salvar da cassação companheiros do partido acusados de corrupção (é a turma do mensalão, do valerioduto) e, conseqüentemente, por prática de falta de decoro parlamentar, como agora, dançando, comete a deputada paulista. Em coluna recente, Augusto Nunes, do JB, definiu muito bem a deputada petista: “Ela lembra um buldogue domesticado pelo avesso. Em vez de acordar o dono da casa assaltada, só rosna para avisar ao assaltante que a polícia está chegando.”

Ontem a deputada transformou o plenário da Câmara num terreiro de pagode de quinta categoria, como aliás vem se portando nos últimos tempos aquela casa do Congresso. A cientista política Lúcia Hippólito, também comentarista da CBN, vendo a cena de Brasília, assim se expressou:

– Escárnio, escândalo, deboche, desrespeito, pasmo. Nenhum desses substantivos parece suficientemente abrangente para classificar a cena grotesca acontecida na madrugada de ontem na Câmara dos Deputados. Uma deputada federal foi protagonista de uma das cenas mais inacreditáveis, jamais acontecidas dentro do prédio do Congresso Nacional.

Mas quem melhor expressou o espanto da nação foi Jorge Bastos Moreno, no seu blogue do Globo onlaine. É um texto perfeito, incluindo o título que merece ser transcrito na íntegra, o que eu faço agora.

A passista do agouro

Mano veio, aqui você só não vai ver é boi voar! – foi o que ouvi no primeiro dia em que cheguei ao Congresso, como repórter, em 1976, do então deputado paraibano Ernani Sátiro. Surdo, chamava todo mundo de “mano veio”.

E eu vi muita coisa

Vi o Congresso ser fechado em 1977. Vi parlamentares arrancados da tribuna pelas cassações da ditadura. Entre eles, Alencar Furtado, aquele que disse que sua luta era para que não houvesse lares em prantos: “filhos órfãos de pais vivos, ou mortos, talvez, quem sabe; órfãos do talvez ou do quem sabe”; viúvas de maridos mortos ou vivos, quem sabe, talvez; viúvas do quem sabe ou do talvez”.

Vi Ulysses Guimarães dizer: “Tenho ódio à ditadura; ódio e nojo”.

Vi Tancredo chorar por JK.

Vi mães, viúvas e órfãos com cartazes de seus mortos e exilados clamarem por anistia.

Vi o doido manso Teotônio Vilela se rebelar contra o regime.

Vi a eleição de Tancredo, vi a Constituinte.

Vi momentos de tristeza e alegrias.

Nas tristezas, ouvia o Hino Nacional cantado com vozes enlutadas, sempre seguido nessas horas do coro “a luta continua”. A alegria ecoava em palmas e papel picado.

Mas nesta madrugada vi uma cena que nunca vou esquecer: a deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) dançando, sambando como passista do agouro ao ver que os votos apurados já davam para salvar da cassação o deputado João Magno (PT-MG), um dos mensaleiros da Câmara.

Nem os canhões, fuzis e metralhadoras que tentaram desmoralizar pela força o Congresso superariam o escárnio da deputada. Longe do “Necrológio dos desiludidos do amor”, onde as amadas dançavam “um samba bravo, violento, sobre as tumbas deles”, a dança da deputada é o mais imoral dos emblemas da degradação política brasileira. Talvez a perplexidade foi que impediu o presidente da Câmara, Aldo Rebelo, de exigir o devido respeito da deputada em pleno velório da Casa.”

Francofonia

A Aliança Francesa, o Departamento de Letras da UFRN e a Escola Francesa de Natal, que promovem a I Semana de Francofonia, anunciam para hoje uma Feira de Livros na sede da Aliança, na Praça Pedro Velho.

As chuvas

O boletim da Emparn dá conta de chuvas em 111 localidades do Rio Grande do Norte ocorridas no período do amanhecer de quinta-feira ao até às 7 horas de ontem. Choveu em todas as regiões, em mais de 40 municípios do Oeste. As maiores chuvas foram em Tenente Ananias, 46 mm, Água Nova, 42, Rafael Fernandes e Martins, 38, Venha Ver, 36, Pau dos Ferros, 30. Na região Seridó tem chuvas em 18 municípios, as maiores em São José do Seridó, 31, Timbaúba dos Batistas, 18, São João do Sabugi, 17, Jardim do Seridó, 16, Bodó e São Fernando, 12, Caicó e Currais Novos, 11.

Na região Agreste tem registro de chuvas em 26 municípios, a maior delas em Lagoa de Pedras, 48, Boa Saúde, Japi e São José de Mipibu, 24, Nova Cruz, 23, Passa-e-Fica, 21. No Leste, pegando o Litoral, Ceará Mirim, 25, São Gonçalo do Amarante, 29, Baía Formosa, 25 e Canguaretama, 21.

No Ceará é invernão. O boletim de ontem da Funceme registra chuvas em todos os municípios do Estado, mais de 250 localidades. Chuvas de 106 mm, como a de Monteiro, no município de Quiterianópolis, no Sertão Central.

Velho camarada

Você ver o ministro Jaques Wagner, das Relações Institucionais, falando na televisão, com aquela voz arrastada de baiano numa segunda-feira, aquele olhar de peixe morto, aquele jeitão de velho marinheiro admirador de fandango, aquele ar de enfado, tem a impressão que ele acaba de sair do penúltimo botequim.

História

O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte vai comemorar o seu 104º aniversário de fundação, quarta-feira que vem, dia 29.

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