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A exportação de frutas aos trancos

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INFRA ESTRUTURA -  Estrada do Melão em fins de abril, depois das fortes chuvas

A estrada que liga os município de Tibau e Baraúna, na região Oeste do Estado, é responsável pelo escoamento de 75% do melão potiguar. Não por acaso, é conhecida como ‘Estrada do Melão’, embora, por ela, também seja transportada a maior parte das frutas produzidas no Rio Grande do Norte.   

Apesar de toda a importância estratégica que tem para o Estado, a ‘Estrada do Melão’ não merece o mesmo reconhecimento do poder público. Quem trafega por lá enfrenta a poeira nos dias secos e o barro em tempos de chuva. Os buracos são um problema permanente. E os prejuízos, certos.

As mercadorias sofrem com os solavancos por conta das péssimas condições da estrada. Batidas e machucadas, as frutas perdem o visual e a competitividade em relação a outros mercados. Na hora da seleção final, antes do embarque para exportação,  boa parte dos produtos fica no meio do caminho. 

Os problemas relacionados à falta de infra-estrutura em relação às estradas está entre os temas a serem debatidos durante o seminário “Motores do Desenvolvimento do RN”, dia 2 de junho, na Casa da Indústria.  O evento é promovido pela TRIBUNA DO NORTE, em parceria com o Banco do Brasil, Governo do Estado, Prefeitura de Natal, Assembléia Legislativa, Fiern, Fecomércio, UnP, com parceria da consultoria RGarcia.  

Na área da “Estrada do Melão’ estão as principais empresas produtoras de frutas do Rio Grande do Norte, como a Belmonte, a Potifrutas e a Nolem, que explora uma área de oito mil hectares entre o RN e o CE e quase a metade (3,4 mil hectares) dessas terras é dedicada exclusivamente ao cultivo do melão.

A empresa líder do mercado na exportação de frutas também está localizada na região. Às margens da via, a cerca de 20 quilômetros da BR-304,  a Agrícola Famosa se destaca na produção de melão e melancia. A empresa precisa da via para escoar as 90 mil toneladas de frutas cada ano. Produção que segue para o exterior (90%) e o mercado nacional. Há uma dependência direta da empresa às condições rodoviárias. Quanto melhor for a malha, menores são as despesas e as perdas.  “É difícil não só escoar a produção como também dificulta a entrada de insumos. As condições da estrada aumentam os custos de manutenção da frota, a demora no transporte da carga e os estragos nas frutas”, reclama o gerente de Exportação da Agrícola Famosa, Andrei Mamede.

Ele tem razão: somente essa empresa transporta por ano quatro mil containeres em carretas que levam, cada uma, cerca de 20 mil quilos de frutas por uma via sem asfalto. Dificilmente, o barro resiste e os buracos surgem.

 A situação piora nos meses de safra, que vai de agosto a fevereiro, com pico entre os meses de outro e dezembro, quando trafegam até 200 carretas por semana na via somente dessa companhia. A locomoção é difícil até para os 1,5 mil funcionários da Agrícola que residem nas proximidades. A conseqüência desse transporte dificultoso é um prejuízo que chega a 15%, devido ao aumento dos custos e das perdas de mercadorias, inclusive com acidentes envolvendo os caminhões. “Estamos à espera dessa obra há muito tempo para que o transporte seja mais rápido e efetivo. Torcemos para que o Rio Grande do Norte tenha as mesmas condições logísticas para o escoamento de frutas como o Ceará, que investe mais nessa área”, ressalta Andrei Mamede.

Devido às melhores condições da malha viária cearense e também a facilidade de escoamento para outros países, 85% da produção da Agrícola Famosa saí pelo porto de Pecém, que tem mais linhas disponíveis, e apenas 15% pelo Porto de Natal.  Apenas no ano passado, a empresa gerou para o estado vizinho exportações correspondente US$ 45 milhões, mais da metade do que o CE conquistou pelo envio de frutas ao exterior (US$ 77 milhões).

Estrada

A estrada envolve três trechos: um corta Tibau até chegar à BR-304; o segundo segue da BR até Baraúna e outro deste município até Mossoró, na localidade conhecida como Jucuzi, somando 75 quilômetros. Porém, em nenhuma parte desse trajeto, a estrada apresenta a estrutura adequada para tráfego de veículos pesados.

A via é o retrato fiel dos investimentos que deixaram de ser feitos ao longo dos anos. Além de ser estreita em algumas áreas, os buracos e a falta de sinalização e de iluminação comprometem o escoamento da produção.

Via Metropolitana, promessa de dias melhores

Enquanto a “Estrada do Melão” padece com a falta de compromisso e investimentos do poder público, uma outra obra importante de acesso deverá sair do papel.

Orçada em R$ 130 milhões, o projeto da via Metropolitana – estrada que vai interligar as noves cidades que compõem hoje a Região Metropolitana de Natal – já está definido. A expectativa é de que o primeiro trecho da obra seja executado em, no máximo, 18 meses.  

O problema, em relação ao projeto, como a maioria das obras de acesso, é o impasse quanto às desapropriações da área. No caso da Via Metropolitana, a extensão das desapropriações chega a 41 quilômetros. A Via Metropolitana é um projeto importante mais pelo aspecto de viabilidade econômica do que meramente de tráfego. Essa via deve abrir um caminho alternativo entre os principais módulos de exportação do Rio Grande do Norte, o porto de Natal e os aeroportos Augusto Severo e o de São Gonçalo do Amarante.

Ao todo, serão 29 quilômetros ligando a BR-304 a BR-306 com pistas duplas. Sem a conexão e duplicação da dessa rodovia, que liga Natal a Mossoró e o estado do Ceará, o novo aeroporto não se viabiliza. “Se a grande função do aeroporto de São Gonçalo do Amarante é ser um terminal de cargas, essa duplicação é fundamental e tem de ser paralela à construção do aeroporto”, defendeu o presidente do Fórum Empresarial do RN, Manoel Montenegro.

Dividida em três etapas, o primeiro trecho da Via Metropolitana já está bem definido: o prolongamento da avenida Prudente de Morais, a partir da avenida Xavantes, em Cidade Satélite, até Parnamirim, onde será feitas a interligação com a BR-101. Nesse local, será construído um complexo viário para garantir o acesso à nova estrada. Essa fase da obra está avaliada em R$ 28 milhões e deverá ser executada num prazo máximo de 18 meses. A construtora encarregada é a Queiroz Galvão, vencedora do certame.

A segunda fase do projeto engloba um trecho de 7,34 quilômetros, interligando a ponte Forte-Redinha à BR-101 Norte. Para que a essa via seja concretizada, a avenida Moema Tinôco, na zona Norte de Natal, terá de ser prolongada e duplicada, o que deverá consumir recursos da ordem de R$ 23 milhões, financiados pelo Pró-Transporte, programa que viabiliza obras de infra-estrutura de transporte urbano com dinheiro do FGTS. A última e mais importante etapa da Via Metropolitana prevê os acessos aos terminais de passageiros e de cargas do aeroporto de São Gonçalo do Amarante. A interligação e a duplicação das duas rodagens constituem a fase mais cara do projeto da Via Metropolitana e vão consumir R$ 80 milhões.  A nova rodovia pretende circular os municípios da Grande Natal, circulando entre  a ponte e os dois aeroportos, dar uma nova dinâmica no escoamento da produção. Além disso, outra vantagem é que a Via Metropolitana pode contribuir para desafogar o trânsito na BR-101 no perímetro urbano da capital, já que o transporte de cargas deixa de passar por dentro das ruas de Natal.

De acordo com estimativas da Polícia Rodoviária Federal, a BR-101 é mais complicada no sentido de tráfego pelos constantes engarrafamentos. É por essa rodovia que a maioria dos transportes pesados do Centro-Sul do país chega ao Rio Grande do Norte.  “O trânsito na BR-101 fica complicado e caótico porque, justamente no trecho urbano, é incorporado o fluxo de caminhões e carretas. O fluxo fica pesado, lento e perigoso. Por isso, nesse trecho há muitos acidentes”, ratifica Inspetor Cabral, da PRF.

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