sexta-feira, 19 de abril, 2024
29.1 C
Natal
sexta-feira, 19 de abril, 2024

A fala do general

- Publicidade -

Woden Madruga

Aos poucos, a fala do general que defende uma intervenção militar caso o Poder Judiciário não esbarre a corrupção generalizada, vai ocupando as páginas dos jornais impressos, mas não vi ainda nada na tevê. O general chama-se Antonio Hamilton Mourão. Sua pregação aconteceu durante uma palestra que proferiu numa loja maçônica em Brasília, sexta-feira, 15, e segunda-feira começou a repercutir na imprensa. Foi mote da coluna de Josias de Souza, mereceu alguns registros na mídia, incluindo declarações do Ministro da Defesa Raul Jungmann, anunciando que havia convocado o comandante do Exército para explicações. No Congresso, até ontem pela manhã, quando batuco estas mal traçadas linhas, ninguém falou nada.

Vejamos, então, o que o cronista Josias de Souza escreveu sobre este fato amedrontador. A crônica tem o título de “Exército sofre pane hierárquico e nada acontece”:

– Era só que faltava! O general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, comandante do Exército, costuma dizer que a saída para a crise ética, seja qual for, passa pela Constituição. Na última sexta-feira, porém, outro general da ativa, Antonio Hamilton Mourão, disse coisa bem diferente numa palestra para maçons, em Brasília.

– Sem meias palavras, Mourão admitiu a hipótese de uma “intervenção militar” se o Judiciário não conseguir deter a corrupção. Mais: insinuou que ecoava uma opinião dominante no Alto Comando do Exército. Pior: declarou que a força militar realizou “planejamentos muito bem feitos” sobre a matéria.

– Responsável pelas finanças do Exército, o general Mourão estava fardado quando afirmou que pode chegar a hora de os militares terem de “impor” uma intervenção.  Explicou que “a imposição não será fácil”. Enfatizou: “… Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso”.

–  Ninguém disse ainda, talvez pelo inusitado da situação, mas estabeleceu-se no Exército algo muito parecido com uma pane hierárquica. Um general apregoou, em timbre golpista, a hipótese de ocorrer no Brasil uma nova intervenção militar. E o comandante Villas Bôas, que se dizia acorrentando à Constituição, não deu ordem de prisão ao subordinado.

– Decorridos três dias do acinte, não se ouviu, por ora, uma mísera manifestação pública do ministro da Defesa, Raul Jungmann. Suposto comandante supremo das Forças Armadas, Michel Temer amarelou. O presidente foi citado como parte do problema da corrupção na pergunta que levou o general Mourão a flertar com o inadmissível. E preferiu lidar com o problema à moda do avestruz, enfiando a cabeça na sua insignificância.

– Insubordinações militares costumam ser resolvidas com voz de comando e punição. O silêncio, nesses casos, não é remédio, mas veneno. Como diria Renato Russo: “Que país é esse? ”

Nota do ministro
Na nota  do ministro da Defesa, Raul Jungmann, divulgada ontem, está escrito:

– As Forças Armadas estão plenamente subordinadas aos princípios constitucionais e democráticos e ao respeito dos Poderes constituídos.

– Há um clima de absoluta tranquilidade e observância aos princípios de disciplina e hierarquia construtivas das Forças Armadas, que são um ativo democrático de nosso País.

Outro Mourão
Conversando sobre essas coisas ontem à tarde com mestre Gaspar, pouca gente no Cova da Onça, ele me lembrou que os primeiros passos do golpe militar de 1964 foram dados por um outro general com o mesmo sobrenome Mourão: Olympio Mourão Filho.

Comandava a 4ª Região Militar, sediada em Juiz de Fora, Minas Gerais. Madrugada de 31 de março de 1964 juntou suas tropas e pegou a estrada no rumo do Rio de Janeiro para depor o presidente João Goulart. Foi chamada de Operação Popeye.
Lembrando, dá  arrepios, sim.

Atraso
O pagamento dos salários de agosto dos funcionários públicos estaduais já vai com 20 dias (ou três semanas) de atraso. O governo anunciou pomposamente que hoje, 20, estaria nos bancos (depositado ontem) os salários de agosto dos servidores que ganham de R$ 3.000,10 até R$ 4.000.00 redondos.

O servidor que tem salário acima de 4 mil (4 mil reais e 10 centavos, por exemplo) precisa rezar muito para o Padre João Maria ou para os Mártires de Cunhaú e Uruaçu. 

Maria Bonita
Nem Lampião pode. Confira esta nota que saiu na coluna de Ancelmo Gois, de O Globo:

– Os advogados de Expedita Nunes Ferreira, 85 anos, a filha única de Lampião (Virgulino Ferreira) e Maria Bonita (Maria Oliveira), enviaram uma notificação ao ator Bruno Gagliasso pedindo que ele “regularize” o nome da pousada de luxo que inaugurou em novembro, em Fernando de Noronha (PE).

– É que o espaço, como se sabe, tem o nome de Maria Bonita. E segundo os advogados, o “uso com fins comerciais”, do pseudônimo “só pode ser feito com autorização dos titulares ou seus herdeiros”- no caso, Expedita.

Vingt-um Rosado
Começa segunda-feira, 25, no Teatro Municipal Dix-huit Rosado, em Mossoró, o seminário “Cultura: O País de Vingt-un – Contribuição do professor Vingt-um Rosado para a Cultural Potiguar”, promovido pela Fundação José Augusto, Fundação Vingt-um Rosado e Prefeitura de Mossoró.

A palestra de abertura, coisa das 19 horas, ficará por conta de Vicente Serejo. Na mesma noite o lançamento do livro O Criador do País de Mossoró, biografia de Vingt-un, de autoria de Geraldo Maia.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas