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A festa acabou. E agora Brasil?

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Tomislav R. Femenick
Contador, mestre em economia

A frase “O Brasil não é para principiantes”, atribuída a Tom Jobim, é uma daquelas que, mesmo sem justificar o que diz e sem entrar em detalhes, exprime todo sobre esse maravilhoso colosso que vive deitado em berço esplendoroso. Na verdade este nosso querido país é complicado, intrincado, confuso e nem Freud seria capaz de explicar.

O momento atual é um exemplo vivo do tiro certo dessas palavras do genial musico e poeta. Se não vejamos: realizamos os jogos olímpicos sem atropelos e erros significantes. Não houve os tumultos homéricos que os catastrofistas de plantão anteviam, muito menos aconteceram os ataques terroristas apregoados nas redes sociais. A nota dissonante e lamentável foi a morte de um militar que se perdeu em uma região controlada pelo tráfico. No mais tivemos uma abertura que superou em muito o que se imaginava, jogos bonitos e alguns até mesmo emocionantes – o de futebol e o vôlei, por exemplo –, o número inédito de medalhas para o Brasil e uma cerimônia de encerramento também bonita e mostrando a veia artística, o folclore e a alegria nacional. Foi muito bom.

O chato é que agora temos que voltar à realidade do dia-a-dia e encarar o outro lado da moeda. Nesse outro lado o panorama nada tem de alegria, nada tem de ouro, prato ou mesmo do singelo bronze. Os destaques da realidade são outros e aqui a calamidade é presente. Doze milhões de desempregados, dez milhões de pessoas com trabalho informal, saúde pública desprezível, segurança pública ausente em todo o território nacional e ensino público e privado comparado (em média) ao nível com as nações mais atrasadas do planeta.

Há, ainda, outros senões, outras imperfeições nesta Brasil varonil: os governos federal, estaduais e municipais estão quebrados. Não há verba para nada, nem para pagar o salário dos funcionários públicos. Resultado: o país está parado. As empresas estatais – com poucas exceções – a começar pela Petrobras, ex-orgulho nacional, os Correios e outras mais, estão no vermelho. Escândalos atingem a Caixa, o Banco do Brasil, o sistema Eletrobrás e escorregam para empresas privadas que contam com ajuda do governo, como a telefônica Oi. Para completar o quadro, o PIB cai e a inflação sobe (embora que nos últimos dias há uma expectativa de reversão das expectativas nos dois casos).

No panorama político as coisas andam devagar. O afastamento da “presidenta incompetenta e nada inocenta” somente na semana que vem terá início o seu ato final. O caso Eduardo Cunha, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, que diz ter quase todos os seus companheiros no bolso do colete, parece que se solucionará só em setembro. Somente a Lava Jato caminha solene, mas lentamente, seguindo os ritos exigidos pelo ritual da justiça: lentos, cheios de brechas que favorecem a defesa e armadilhas no caminho da acusação.

Coroando todo esse cenário, o país mergulha em uma piscina verde, cheio de incertezas de como serão as próximas eleições para escolhas dos prefeitos e vereadores, agora oficialmente sem verbas das empresas. Mas, como estarão os “caixas 2” dos candidatos? Há como fiscalizar os gastos, ou esse será mais um tiro n’água, uma outra jabuticaba? Mesmo quando as campanhas podiam ser financiadas pelas empresas essas contribuíam legalmente e por baixo do pano; parte ia para ser referendado pela Justiça Eleitoral, parte ficavam como “valor não contabilizado”.

Esse quadro de hoje serve para duas reflexões em forma de perguntas, submetidas a nós brasileiros: este é o país que queremos? Se não, o devemos fazer para mudar o Brasil? Uma resposta seria: pensar bem em quem votar nas próximas eleições. Eleições não é concurso de amizade, balcão de negócio, determinação religiosa ou outra coisa do gênero. Eleições é a escolha dos melhores representantes do povo, daqueles que em chegando lá não pense em tirar proveito do cargo, em “se dar bem” com o dinheiro público.

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