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A Festa de Nossa Senhora Aparecida

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João Medeiros Filho
Padre 
Maria é a expressão da benevolência divina, “Onipotência suplicante”, como afirmava São Bernardo de Claraval. Ela é nossa Medianeira e Compadecida, que não nos abandona e confia em nós. Hoje, reflitamos sobre a intercessão mariana. Costumamos pedir coisas materiais. Mas, Deus e Nossa Senhora não estão obrigados a resolver todos os nossos problemas. Vários deles decorrem de nossas fraquezas e sede de imediatismo. Esquecemos que o tempo divino é diferente do nosso. Favores e graças são sinais de seu amor, mesmo em nossos sofrimentos e provações. O favorecimento terreno deve ser interpretado como prova espiritual. Há pessoas bem aquinhoadas materialmente, embora o coração esteja longe do Transcendente. A mediação da Virgem precede os primórdios da Igreja. Em Caná, suplicou a intervenção de Cristo. O milagre realizou-se, não como fim em si mesmo, mas para expressar a benignidade do Salvador. Quando a Mãe Celestial nos atende, estamos diante do amor que o Filho Lhe devota. 
Hoje, nossa súplica à Virgem Santíssima é em favor do Brasil, do qual é padroeira, há 90 anos. Cabe lembrar que Dom Pedro I visitou Aparecida, quinze dias antes do Grito do Ipiranga, para implorar suas bênçãos pela nossa pátria. Com a sua proteção não nos faltem oportunidades de viver dignamente. Nesse pedido deve ser incluída a nossa disponibilidade em colaborar com a obra do Criador. Ao implorarmos graças para o país, devemos estar dispostos a ser instrumentos do nosso apelo: uma sociedade solidária, justa e fraterna. Não se pode repassar a Deus nossas responsabilidades.
A Festa da Padroeira do Brasil significa também contemplar Aquela que soube orientar sua vida na fidelidade ao projeto do Pai. Seu protagonismo está explicitado nas três leituras bíblicas da missa de 12 de outubro. A primeira apresenta Ester (Est 5, 1-2; 7, 2-3), atenta à difícil situação na qual se encontrava o seu povo. Ousadamente, propôs-se a ser mediadora para salvá-lo da opressão e morte. A segunda leitura, tirada do Apocalipse (Ap 12, 15-16), apresenta uma mulher geradora de vida nova num contexto de perseguição. Nela está retratada a fé dos que se mobilizam em favor do povo em situação de incerteza, desalento e penúria. A figura feminina, ali referenciada, acena para uma vida digna, de paz e alegria. A terceira leitura provém do evangelho de João. Narra o primeiro ato miraculoso de Jesus (Jo 2, 1-11), realizado pela intercessão de sua Mãe, sensibilizada com a eventual decepção dos convidados numa festa de casamento.
Em 1717, por meio de uma imagem, Maria manifesta-se a pescadores, no período de escravidão negra no Brasil. A sua solidariedade aos esquecidos e excluídos é um sinal para quem deseja ser discípulo de Cristo. Os textos da missa, em homenagem à Senhora Aparecida, traduzem a sua preocupação e empenho em defesa da dignidade humana. Maria de Nazaré, na metáfora de Ester, posiciona-se em favor das vítimas do poder dominante, abrindo caminhos de libertação. Ela simboliza os cristãos, que devem lutar contra a exploração, injustiça, violência e ódio. É ícone daqueles que se dedicam à causa da justiça, fraternidade e paz num mundo repleto de mentiras, iniquidades, arrogância, preconceitos etc. Cabe meditar também sobre os projetos antagônicos no Brasil, caracterizados na ação do dragão e da mulher, narrados no Apocalipse.
Atualmente, Nossa Senhora intercede pela nova escravidão de nosso povo: o materialismo e desrespeito à pessoa humana; em favor da liberdade contra os privilégios e a desigualdade social. Ela continua indicando como devemos agir para que não faltem o vinho do amor e o pão às famílias brasileiras! Segundo a narrativa evangélica, no milagre de Caná houve também a participação do ser humano, ali representado pelos que serviam o vinho. Isto é importante. Não podemos esperar de braços cruzados. Hoje, festejamos também o Dia das Crianças. Roguemos por elas à Mãe do Céu, que embalou uma criancinha em seu colo. Maria simboliza o rosto materno de Deus, a riqueza celestial temporizada, misericórdia estendida aos pecadores, pequenos e imperfeitos. Especialmente hoje, supliquemos com toda piedade: “Rogai por nós, Santa Mãe de Deus!”
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