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A festa no mês da alegria

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Yuno Silva
repórter

Chova ou faça sol, Natal vai mesmo se transformar na capital do folclore no próximo mês de agosto. Se grande ou pequena, depende do tamanho das parcerias. Pelo menos essa é a intenção da Fundação José Augusto, que está canalizando todas as energias possíveis para promover intensa programação durante o evento batizado de “Agosto da Alegria”. No início, chegou a se cogitar que a iniciativa teria abrangência internacional, mas, na medida que os preparativos avançam, os limites vão se impondo deixando a festa mais modesta.
Mestre Pedro Correia, do Congos de Calçola de Ponta Negra questiona o fato de já dever duas apresentações sem ter recebido nada
O “Agosto da Alegria” pretende promover, de forma descentralizada, mais de 30 atividades gratuitas em pontos espalhados pela cidade – principalmente nos bairros da Cidade Alta e Ribeira e zona Norte. O desafio é ousado, pois a FJA também esbarra na tentativa de incrementar o ainda incipiente turismo cultural e incluir Natal nos roteiros nacionais. “A cultura e o artista popular serão as estrelas principais do projeto, que concentrará iniciativas de várias secretarias estaduais entre 5 de agosto e 4 de setembro, período visto pelo setor turístico como de baixa estação”, adianta a produtora Daniele Brito, responsável pela organização do quebra cabeças que será a programação.

“Como o evento não tinha dotação orçamentária específica, estamos formalizando parcerias com diversas instituições (públicas e privadas) para arcar com parte das despesas”, disse a produtora. Segundo Daniele, o “Agosto da Alegria” funcionará como aglutinador de eventos que antes seriam diluídos ao longo do segundo semestre – concentrará ações das secretarias de Saúde, Educação, Segurança Pública e Agricultura. Idema, Fapern, Emater, Sethas e UERN também estão envolvidos, assim como a Fundação Cultural Capitania das Artes, Sebrae, Sesc e UFRN.

“Cada órgão e instituição irá canalizar atividades que podem se encaixar dentro do contexto do evento. Por exemplo, a Saúde promoverá debate sobre ‘Medicina popular e ciência’, a Uern realiza debate sobre arte educação no ensino médio e a Sethas irá montar a Feira dos Municípios”, exemplifica. Mesmo sem orçamento específico, a estimativa é que a FJA invista R$ 250 mil no “Agosto da Alegria”, mais R$ 100 mil para shows nacionais previstos no edital do Projeto Seis e Meia.

A empresa R.S. Promoções e Eventos, vencedora do pregão presencial realizado na última segunda-feira (27), ainda não homologou contrato com o Governo Estadual, mas o produtor Ricardo Siminéia adiantou à TRIBUNA DO NORTE que apresentou no processo apresentado na licitação cartas de intenção de alguns artistas sugeridos no edital, só que não soube informar quais desses nomes estão na relação encaminhada à FJA. “Foram muitos artistas e não sei precisar quais desses deram retorno”, informou. “Ainda não tenho nenhum nome confirmado”, disse.

Comissão Estadual do Folclore

Um detalhe importante envolve a realização do “Agosto da Alegria”: a Comissão Estadual de Folclore, presidida pelo estudioso Severino Vicente, não está envolvida no evento. Vicente, que tem críticas quanto ao formato e o próprio nome, preferiu não dar declarações a respeito. Outros membros da Comissão colaboram com a produção de maneira informal. “Foi formada outra comissão organizadora para gerenciar todas as atividades”, disse Daniele Brito.

Essa comissão é formada por pessoas de todas as secretarias envolvidas.

Circuito de brincantes

O 15º Encontro de Cultura Popular, já parte do calendário de eventos da FJA, e a primeira edição do Circuito de Brincantes do Brasil, também estão programados. Este último ganha primeira edição.  Apesar da programação final não estar fechada, alguns grupos já foram confirmados: Pastoril Dona Joaquina, de São Gonçalo do Amarante (grupo homenageado no 47º Festival Nacional de Folclore em Olímpia, SP, a ser realizado entre 23 e 31 de julho); Pastoril Estrela do Mar de Barra de Maxaranguape; Pau Furado de Macaíba; Congos de Calçola da Vila de Ponta Negra; Coco de Zambê de Tibau do Sul; Caboclos de ajor Sales; Cabocolinhos de Ceará Mirim; Barndeirinhas de Touros; Araruna do bairro das Rocas e o Boi de Reis do Mestre Manoel Marinheiro, sediado em Felipe Camarão. Esses nomes foram selecionados pela comissão a partir do Registro do Patrimônio Vivo – RPV, lista formada por grupos tradicionais em atividade no RN.

Os convidados de fora já articulados são os Congos de Oeiras (PI), Cavalo Marinho Boi de Ouro (PB), Cacuriá de Dona Tetê (MA), e o Maracatu de Baque Solto Cabinda Brasileiro (PE). A produção do evento está contactando o Grupo de Guerreiros (AL), Caninha Verde (CE), o fandango Parafusos (SE), e um grupo parafolclórico de Belém do Pará.

Locais

Entre os locais cotados para abrigar o evento estão as praças André de Albuquerque e Padre João Maria, largo Dom Bosco, Parque das Dunas, TAM e de Cultural Popular e Pinacoteca do Estado. Esses e outros locais como o Circo da Luz, o Sesc e a Uern na zona Norte, serão ocupados pela programação prevista, que inclui apresentações de grupos tradicionais e parafolclóricos; shows com artistas nacionais; exibição de filmes e documentários; lançamento de livros e livretos de cordel; realização de palestras e debates; e feira dos municípios.

“Ainda nem recebemos o edital e já estamos devendo”

Boa parte das atrações escaladas foram contempladas no edital Cornélio Campina, cujo pagamento está pendente desde 2009. Conforme texto do edital, todos os 25 grupos premiados precisam oferecer duas apresentações como forma de contrapartida e a FJA pretende utilizar alguns desses créditos n o “Agosto da Alegria”.

“A Fundação precisa se esforçar para efetuar esse pagamento antes de agosto”, salienta Daniele Brito, que defende a valorização dos grupos. “Não faria sentido festejar a cultura popular tendo essa pendência”. Alguns desses grupos, inclusive, estão ‘mulambentos’ por falta de apoio e precisam dessa verba para reformar figurino e comprar instrumentos.

Nesta situação está o Congos de Calçola da Vila de Ponta Negra, ganhador do Prêmio Cornélio Campina: “Ainda nem recebemos o edital e já estamos devendo!”, surpreende-se o Mestre Pedro Correia ao saber das intenções da FJA em acertar o débito de 2009 para não ter a obrigação do pagamento do cachê em agosto. “Quem me ligou foi a professora Teodora Alves, do Encantos da Vila (UFRN), convidando para uma palestra e apresentação em agosto, mas não sei dizer se é a mesma coisa desse evento”, disse.

Já Dona Isa, viúva do Mestre Manoel Marinheiro e guardiã do Boi de Reis, se inscreveu no Cornélio Campina, não foi contemplada no edital, está na programação mas garante que ainda não recebeu nenhum convite formal. “Estamos esquecidos pela Capitania e a Fundação José Augusto, e espero que ofereçam um cachê para gente se apresentar”, almeja.

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