Bogotá – O fim das negociações entre os paramilitares e o governo do presidente Alvaro Uribe não significa a retomada do terrorismo e da violência, mas, sim, o início do julgamento dos ex-comandantes paramilitares e, desta forma, o começo da elucidação de suas alianças com amplos setores da sociedade colombiana.
“Fala-se em planos terroristas e a explosão de uma onda de sangue. Devemos chamar todos os desmobilizados para que entendam que o rompimento do diálogo não implica em romper o pacto de paz”, disse hoje Iván Roberto Duque, conhecido como “Ernesto Baez”, porta-voz dos 59 ex-comandantes paramilitares presos na penitenciária de segurança máxima de Itaguaí. Segundo ele, as Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) entregaram 18.000 armas, desmobilizaram mais de 30.000 combatentes e abandonaram extensos territórios. O problema, acredita Baez, é que cerca de 80% destes territórios estão ocupados agora pela guerrilha, que já está executando ataques contra militares e a população.
Baez explicou que a ruptura depois de mais de três anos de negociações ocorreu porque o governo não cumpriu com seu compromisso de manter os ex-comandantes em prisões especiais e com facilidade de comunicação, convertendo o processo “em uma farsa”. O comissário de paz Luis Carlos Restrepo, que foi avisado hoje da ruptura, concorda com Baez no tocante ao término da etapa de diálogos e de negociações e que o caminho a ser seguido agora é da “aplicação da Justiça”. Baez advertiu também que o governo tem a obrigação de garantir aos ex-comandantes e seus familiares segurança para suas vidas num momento em que pretendem confessar a verdade de suas alianças com políticos, comerciantes, fazendeiros, funcionários governamentais e militares durante a luta contra a guerrilha.