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A hora dos homens

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Rubens Lemos Filho

É costume sertanejo definir a luta, a refrega, o confronto, como o instante que separa menino de homem. Fanfarrão de macho. Amanhã à noite, lá pelas penumbras caiadas de incertezas e porres, o torcedor saberá se o ABC é menino ou homem, fanfarrão ou macho.

Se vencer o Sampaio Correa, o ABC segue no respiradouro da UTI da Série C. Se perder, mancha de vergonha uma história gloriosa de 104 anos. Descendo com a máscara da falsa ingenuidade mal disfarçando uma incompetência picaresca, bizarra.

Aos isentos, sem comprometimentos com cartolas ou chefetes, o dever de lembrar uma viagem errática iniciada no conformismo medíocre de uma derrota de 6×0 para o Guarani de Campinas a 23 de outubro de 2016. Uma surra de 6×0 representa numa alma decente, um talhe de facão rabo de galo.

Naquela patética despedida(o ABC havia ganho por 4×0 em Natal), proliferaram frangos, gols inacreditáveis perdidos e o prenúncio da confirmada tragédia da volta à terceira divisão. Para os marchantes da euforia cega, a humilhação não serviu para nada. O time deveria ter voltado a pé. De Campinas. Festejou o acesso que virou fumaça.

Rachado em suas tendências cardeais, o ABC foi sucumbindo e achando normal. Quando a dor se torna banalidade, os homens perdem a capacidade de se emocionar, tratando o fracasso como costume, não desastre.

O ABC conta com seu maior patrimônio: o ser humano multiplicado no gigantismo ardente da Frasqueira. Aquele painel compacto e vibrante, sem individualismo. Aquecido pela impessoalidade triunfal das multidões.

Paixão. A paixão joga na cegueira do sentimento abafado ou no grito cortado ao vento. O ABC tem o dever de respeitar seus vivos e seus mortos ganhando o jogo. Vencer o Sampaio Correa passou de trivial a crucial. Não há honra alguma em se festejar permanência na Série C. Somente para quem pensa pequeno. E é muito menor que a grandeza do ABC.
Ataque
Lohan é a opção menos incômoda para o ataque alvinegro junto a Wallyson. Pelo que fez contra o Ferroviário, demonstrando lucidez na finalização. É superior a Jefinho, precário, precário. O meio-campo tem de ajudar a dupla de frente, cessando firulas que não sabe fazer e ajudando a fechar a saída de bola do Sampaio Correa.

Segurança
O ABC tem de estar com um olho no campo, outro na segurança dos torcedores, especialmente daqueles que virão de São Luiz. É possível que tenham mandado um ofício à Polícia Militar solicitando reforço de contingente do Batalhão de Choque, eficientíssimo no tratamento vip a baderneiros. Vip de verdadeiras incuráveis porradas.

Brigatti
É rica a história do técnico do Sampaio Correa, João Brigatti. Brigatti fez parte da primeira geração dourada e a melhor do Sub-20 Brasileiro, seleção campeã mundial em 1983 vencendo a Argentina no Estádio Azteca, no México. Por 1×0, gol de Geovani, artilheiro e melhor jogador do campeonato. Brigatti, da Ponte Preta, era reserva do flamenguista Hugo.

Timaço
Hugo, Heitor, Bôni, Guto(falecido) e Jorginho; Dunga, Geovani e Gilmar Popoca; Mauricinho, Bebeto e Paulinho. Timaço, que jogava de primeira e com arte. Geovani de primeira para Gilmar, de primeira para Bebeto, tudo de primeira.  Dava gosto. Revejo muitas vezes o DVD daquela final. Sabem quem foi cortado? Branco, tetracampeão do mundo em 1994. É um parâmetro da qualidade daquele escrete.

Globo
Nem de longe acredito que o Globo aceite trocar seu mando de campo contra o ABC. Alegam a invasão do campo e a morte do torcedor do Botafogo da Paraíba. Se for usado tal critério, fecham-se todos os estádios do Rio Grande do Norte, menos a Arena das Dunas, que é casa de shows, não é estádio.

Qualificado 
Juanfran, lateral-direito de 34 anos contratado pelo São Paulo, ganhou a Eurocopa de 2012 e disputou a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Qualificado. No nível atual, pode arrebentar. Daniel Alves no meio-campo. Quem jogou com Xavi, Iniste a e Fábregas, vai chupar laranja com os companheiros de hoje.

ESPN demite
A venda do canal de TV por assinatura ESPN Brasil ao Grupo Disney, logo de cara, empobrece o jornalismo esportivo. ESPN dispunha do melhor quadro de analistas do país, dos caras que mais conheciam futebol. Já estão fora: João Palomino, Arnaldo Ribeiro, Claudio Arreguy, Eduardo Tironi, Juca Kfouri, Maurício Barros e Rafael Oliveira. Assistir Caio Ribeiro, Roger Flores e Grafite, é para masoquista. Sadomasoquista. Boleiros fracos, comentaristas piores.

Gabigol não 
Hoje tem convocação do insosso Tite. Para amistosos contra Colômbia e Peru, dias 6 e 10 de setembro. Especula-se Gabigol, um cara que marcou menos que o ex-goleiro Rogério Ceni. Se ele entrar na relação, torcerei contra. Em respeito a Tostão, Romário, Reinaldo, Bebeto, Careca, Roberto Dinamite e até ao chato do Ronaldo. 
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