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A Igreja e a Academia no RN

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Padre João Medeiros Filho

A universidade é lugar de pluralismo. Portanto, demanda da Igreja empenho para tentar alcançar a unidade na pluralidade. O novo milênio se abre para uma postura ecumênica. Recentemente, o Papa Francisco enfatizou: “Desejo que o diálogo ajude a construir pontes entre os homens, de modo que cada um possa encontrar no outro, não um inimigo ou concorrente, mas um irmão, que se deve acolher e abraçar”. O fenômeno religioso manifesta-se hoje no ambiente acadêmico pelo testemunho de grupos e movimentos ou pelo indiferentismo e certo agnosticismo. A pastoral universitária deverá impulsionar a reflexão filosófica e apresentar a religiosidade como parte da essência do ser humano. Eis uma missão do cristianismo dentro da academia.

A maior comunidade católica do Rio Grande do Norte abrange a população acadêmica, oriunda de quatro universidades, dois centros universitários, vinte e duas faculdades e institutos. Estão sediados nas três dioceses potiguares e disseminados em diversos municípios, com maior incidência nas cidades de Natal, Mossoró, Caicó, Pau dos Ferros e Assú. Segundo fontes oficiais, nosso estado possui, atualmente, mais de cento e vinte mil alunos matriculados em cursos superiores, cerca de oito mil professores e doze mil servidores técnico-administrativos. Há dados que nos levam a refletir. Na década de setenta, contava-se com menos de vinte mil estudantes universitários e o clero potiguar era constituído de 96 sacerdotes. Destes, 32 (um terço) eram docentes da UFRN e da UERN. No presente, temos mais de 280 padres, dentre eles dois são professores concursados de universidades públicas e dezesseis compõem o professorado da Faculdade Diocesana de Mossoró e da Faculdade Dom Heitor Sales (em extinção). Por conseguinte, 6,4% do clero lecionam em cursos de nível superior. Pode-se verificar que, em quarenta anos, o alunado sextuplicou. Muitos recordam com saudades as aulas dos padres Nivaldo, Heitor, Alair, Agnelo, Aloísio (de Goa), Assis, Barbosa, Itamar, Moreira, Xavier, Jaime Diniz (grande musicista pernambucano, que também lecionou na UFRN), Sátiro, Alcir, Américo, Agripino, Tércio e tantos outros. Havia presença, reflexão e testemunho por parte dos sacerdotes docentes.

Deste modo, uma pastoral universitária terá como objetivo difundir entre os jovens o pensamento cristão, a partir do diálogo com o mundo pluralista, onde deverá professar sua fé. Assim, a Igreja cuidará de promover o crescimento humano e espiritual de alunos, professores e servidores, contribuindo para a formação ética e solidária de profissionais competentes. Compreender o corpo social contemporâneo é sumamente importante para se assimilar a relação entre a juventude e o catolicismo no ambiente acadêmico. Uma pastoral deverá dialogar com a comunidade universitária, refletindo filosófica e teologicamente, levando em consideração o contexto em que cada um está inserido. Não basta uma catequese de cunho proselitista, restringindo-se a cerimônias litúrgicas. É preciso ouvir os jovens para apresentar o anúncio de Cristo. Isto exige presença, convivência e testemunho. Uma atividade pastoral de quem partilha da academia necessita de uma reflexão vivencial, objetiva e científica, à luz da razão e da fé.

Numa postura de diálogo, a Igreja deverá mostrar sua visão e considerar o que os outros pensam e têm a dizer sobre determinados assuntos. Debates internos apenas entre católicos são insuficientes. É necessário compartilhar opiniões convergentes e divergentes. Não convém à Igreja proceder da mesma forma como nas paróquias tradicionais, onde inexiste confronto constante de ideologias e credos. Ela deve se fazer presente dentro da academia, sem assumir uma postura apologética ou meramente sacramentalista, mas levando a comunidade à abordagem de temas, que concernem à vida e à doutrina cristã. Assim, as pessoas tomarão consciência de sua responsabilidade para a promoção do bem comum e do Reino de Deus. Este inegavelmente ultrapassa as fronteiras da Igreja. Disse inspiradamente o Cardeal Dom Serafim Fernandes, quando grão chanceler da PUC/MG: “Excelentes profissionais, ótimos seres humanos e, na medida do possível, cristãos, seja esta a preocupação da Igreja dentro da academia”!

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