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A invenção da pólvora

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Itamar Ciríaco – Editor de Esportes

Não acredito que esteja descobrindo a pólvora, nem tampouco estou colocando o ovo em pé como fez Colombo, mas acho que descobri uma das pistas para o que seria uma das explicações do atual desnivelamento entre América e ABC.

Todos nós, amantes do futebol e conhecedores das relações de bastidores existentes no esporte, sabemos que divergências são comuns em todas as diretorias de clubes. Surgem opiniões conflitantes e disputas pelo poder até mesmo em times de bairros.

No futebol profissional essa ânsia por cargos diretivos, ou mais especificamente pela presidência, é bem maior uma vez que na modalidade o presidente é, em alguns casos, praticamente um ditador, pois governa sozinho. Dessa forma, estar na presidência significa desagradar a muitos e satisfazer a bem poucos, ou em alguns casos não deixar ninguém feliz exceto você mesmo.

Não digo que este seja o caso de ABC ou América, mas chega bem próximo da realidade futebolística local e porque não dizer, nacional. Essa introdução é necessária para individualizar nossa discussão sobre a diferença atual vivida pelos dois clubes principais do nosso Estado.

É público e notório que existem disputas pelo poder em ambas agremiações. É até saudável, se bem conduzida, que haja oposição, pois só ela impõe limites às divagações presidenciais. Mas aqui em Natal essas oposições e disputas ocorrem de forma diferente no América e no ABC.

Se não vejamos. No América todos sabem que existem alguns grupos formados. Posso estar exagerando, mas há o grupo de Eduardo Rocha, de Paulinho Freire, de Alex Padang, de Jussier Santos e de Gustavo Carvalho. Olha que posso estar criando alguns grupos, mas também posso ter esquecido algum. No entanto, no Alvirrubro, esses grupos, por mais que tenham divergências, convergem para um objetivo comum na hora de determinar os destinos americanos. Não digo que concordam, mas cada um, a seu jeito, acaba contribuindo para fortalecer a marcha do clube rumo aos seus objetivos. É certo que nem sempre isso ocorre, mas lembrem-se, análises são feitas sobre as generalidades, ou sobre um caso específico, não discutimos caso a caso.

No ABC as coisas não parecem funcionar dessa forma. Vejamos os exemplos: o grupo que há muito tempo tinha a presença de Poti Júnior abandonou o barco e criou outro clube, o São Gonçalo. Isso causou um racha, enfraqueceu o Alvinegro e ainda fez surgir um rival para o “Mais Querido”. Outro caso, por exemplo, seria o de Fernando Suassuna. Ele não saiu do clube, mas como Poti, fez surgir um novo filho rebelde do ABC, o CDF. Esse racha foi tão profundo que agora, ao desfazer o grupo do CDF e tentar introduzir os jogadores desse ex-time, no ABC, segundo me informou uma fonte bastante confiável, houve uma espécie de revolução silenciosa entre os jovens talentos abecedistas.

Temos mais casos interessantes. É fato que o ABC/UnP/Art&C representa as cores alvinegras no futsal, mas todos sabemos que essa foi a forma encontrada pelo grupo de Leonardo Arruda e Rubens Lemos Filho para fazer oposição a Judas Tadeu Gurgel. Apenas isso não é dito abertamente, mas nos corredores do clube e em conversas informais isso fica evidente. Ou seja, seria outro ABC criado.

Em resumo, no América as divergências acabam unindo, no ABC elas enfraquecem, dividem o clube literalmente, fazem surgir oponentes, ou até mesmo crescer outras modalidades que ofuscam o principal motivo do Alvinegro existir, que é o futebol. Isso não é ruim só politicamente falando, é péssimo economicamente também. Divide patrocinadores e todos sabemos que, num mercado restrito como o do Estado, onde 90% da publicidade gira em torno dos governos municipais e estadual, conseguir investidores é cada vez mais raro.

Em qualquer atividade, existem e, como já disse antes, são essenciais, opiniões divergentes, mas dessas divergências devem surgir objetivos comuns, mesmo que sejam apenas alguns esses objetivos. É disso que o ABC precisa hoje, metas comuns a todos os que se dizem da “Frasqueira”. Portanto, mãos à obra.

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