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A melancolia da tragédia política

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Brasília (Ag.Senado) – Os últimos atos da tragédia política vivida pelo país em 1964 tiveram tom melancólico. Na madrugada de 1º para 2 de abril, ao presidir o Congresso em uma sessão relâmpago, o senador Auro de Moura Andrade, do PSD de São Paulo, atropelou os protestos dos parlamentares que apoiavam João Goulart, ignorou as questões de ordem apresentadas e declarou o fim do governo de Jango. “Comunico ao Congresso Nacional que o senhor João Goulart deixou, por força dos notórios acontecimentos de que a nação é conhecedora, o governo da República”, afirmou, em meio a gritos de apoio e de protesto de deputados e senadores.
Mazzilli, que assumia a presidência nas ausências de Jango, governou o país durante 14 dias
“O senhor presidente da República deixou a sede do governo, deixou a nação acéfala. Numa hora gravíssima da vida brasileira é mister que o chefe de Estado permaneça à frente de seu governo. Abandonou o governo”, disse Auro de Moura Andrade. “Declaro vaga a Presidência da República e, nos termos do artigo 79 da Constituição, declaro presidente da República o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli”.

Foi lido – e desconsiderado – o ofício enviado ao Congresso por Darcy Ribeiro, então chefe da Casa Civil. “Em virtude dos acontecimentos nacionais das últimas horas, para preservar de esbulho criminoso o mandato que o povo lhe conferiu, investindo-o na chefia do Poder Executivo, [Jango] decidiu viajar para o Rio Grande do Sul, onde se encontra à frente das tropas militares legalistas e no pleno exercício dos poderes constitucionais, com seu ministério”, declarava Darcy.

Últimos embates
No dia 2, clima era de ressaca política. “Jango estava impedido de governar. Perdera as condições. Evidenciara demais a sua política de favorecimento à implantação atrevida do comunismo no Brasil”, disse o senador Eurico Rezende, da UDN do Espírito Santo. “Jango não poderia estar no território brasileiro, a não ser naquele ponto de uma cidade do país – Porto Alegre –, ainda debaixo da agitação do deputado Leonel Brizola. Por conseguinte, estava física e metafisicamente impedido”, reforçou o senador Padre Calazans, da UDN de São Paulo. Para evitar uma guerra civil, o presidente da República preferiu não resistir ao Golpe de Estado. Começavam os 21 anos de Ditadura Militar.

O senador Arthur Virgílio, do PTB do Amazonas, que, como líder do governo, veementemente defendera o presidente João Goulart e suas reformas de base, ainda duelava no Plenário do Senado. “Vou dizer aquilo que penso, indiferente à força que atualmente nos cerca, a força que pode tudo, menos esmagar ideias, menos esmagar a liberdade, menos esmagar a democracia. Força que aparentemente pode prevalecer, força que tem prevalecido em algumas oportunidades, mas que tem sido varrida, pelo mundo afora, pela liberdade, que finalmente vence sempre”, disse o senador, posteriormente cassado.

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