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A Moda dos espumantes selvagens

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O Chamapgne, como se sabe, é um vinho produzido pelo método Champagnoise (método champanhês), em que a segunda fermentação, que ocorre na garrafa onde o vinho será comercializado, o torna um vinho gasoso (espumante), passa por várias etapas, sendo uma das mais importantes o rémuage (remué ou mexida). O rémuage consiste na colocação das garrafas em pupitres (cavaletes de tábuas com orifícios), onde as garrafas são colocadas horizontalmente para serem rotacionadas em ¼ de volta todos os dias, até que fiquem de ponta-cabeça, com os sedimentos da segunda fermentação acumulados no gargalo para serem removidos através de uma técnica denominada de dégorgement (degola). O dégorgement consiste na retirada, através da pressão, dos sedimentos acumulados com a segunda fermentação na garrafa, dando ao vinho limpidez e qualidade estética.

Novos espumantes selvagens brasileiros produzidos pela Casa Valduga e  Vinícola Hermann


Novos espumantes selvagens brasileiros produzidos
pela Casa Valduga e Vinícola Hermann
Desde a criação do remuage e do dégorgement no início dos anos 1800 pelo mestre de cave Antoine de Müller, da Maison Veuve Clicquot, o Champagne ganhou beleza estética, dissociado que foi das borras de leveduras mortas (as lies), provenientes da segunda fermentação do vinho na garrafa, e ganhando ainda mais notoriedade entre a burguesia das cortes europeias que consumia a nobre bebida. O primeiro rémuage foi rudimentarmente improvisado numa porta velha da Maison Veuve Clicquot, na qual fizera-se alguns orifícios para posicionar as garrafas, e deslocar os sedimentos até o gargalo, algo que foi logo depois aprimorado e copiado por diversas outras Maisons (casas) da Champagne e ganhou o mundo onde se produz o vinho espumante pelo mesmo método. Mas como tudo no universo do vinho é dinâmico e criativo, e as inovações não param, de uns anos para cá algumas vinícolas brasileiras começaram a produzir o vinho espumante na sua forma selvagem, isto é, sem a retirada das leveduras mortas que resultam da segunda fermentação. E para surpresa dos apreciadores e especialistas, estes vinhos guardam uma pureza tão atraente que pouco importa a questão estética.

Dois Belos Exemplos de Espumantes Selvagens

Uma das primeiras versões de espumantes Sur Lie comercializados no Brasil, partiu da Vinícola Hermann, com o lançamento do Lírica Crua Brut, elaborado com as uvas: Chardonnay (80%), Gouveio (10%) e Pinot Noir (10%), pelo Método Clássico (Champenoise), que por não passar pelo processo de rémuage e dégorgement, mantém os sedimentos apresentando-se turvo na garrafa, mas com uma originalidade sui-generis. De cor palha intenso, perlage muito fino e persistente, excelente ataque de boca, rica cremosidade, textura macia e um frescor delicioso. Sua alta qualidade rendeu 92 pontos do Guia Descorchados e o prêmio de vinho revelação em 2016. Já a Casa Valduga apresenta como destaque o seu espumante Sur Lie Nature, que arrebatou do Guia Adega de Vinhos Brasil 2018/2019, 93 pontos, sendo a maior pontuação desta edição. O Sur Lie Nature Casa Valduga é elaborado com Chardonnay e Pinot Noir pelo Método Clássico (Champenoise), e matura por 30 meses nas caves subterrâneas da vinícola, saindo para o mercado de consumo sem o dégorgement. A degustação revela pureza, sofisticação e muita complexidade a cada gole.

Vinhos Que Não Param de Crescer
O mais interessante destes vinhos é que, por manterem as leveduras em constante processo de autólise, eles continuam evoluindo na garrafa até que o consumidor interceda em sua evolução abrindo-o. Não estranhe, portanto, caso se depare com um vinho espumante, vedado com tampa de metal, que se mostre turvo aos seus olhos. Verifique o rótulo, deverá ser um Sur Lie, um vinho selvagem. Abra-o e desfrute toda a pureza de um espumante em que as leveduras (mortas) deram a vida pelo vinho, e por seu bel prazer.
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