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A morte do branco

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Vicente Serejo

Camiseta branca

Li por ai, Senhor Redator, não sei onde, acho que na Folha de S. Paulo, que nesse verão que vai chegar já está acertada a morte do branco. Coisa dessa vida fashion que hoje tomou conta do mundo. Dizia a especialista, com jeito meio abusado, que o azul e o laranja virão fortes, pintando a vida de paz e alegria. Foi até um pouco deselegante, até imperdoável, porque não precisava dizer que o branco será desbancado, para repetir sua própria expressão.

Pra quê tanto desdém com o branco? Bobagem. Deve ser muito jovem essa senhora. Não tem, como este cronista, uma velha devoção por sua alvura. Aquele linho que nos dias mais festivos vestia o jeito humilde e bom do meu pai. Não sabe que os linhos brancos são puros como a alma. Principalmente as cambraias de linho, finas, esvoaçantes, amassadas em rugas, dando à pele da roupa aquele ar aristocrático, e ainda escondem a pobreza dos simples.

Que Diabos! Como a vida anda tola, e olhe que não sou de marcar a eloquência com exclamações. É que é ridícula a ditadura da moda. E os meus linhos, o que farei com eles, se os tenho, tão poucos, mas tão alinhados? Posso guardá-los no armário, arejados, de tal forma que evite o mofo. Quem sabe, quando esse tempo passar, posso trazê-los de volta. Não.  Seria um gesto da mais triste capitulação. Só serviria para manchar a humilde fidalguia de tê-los.

Já decidi – deixo-os aqui nos cabides e vou continuar a usá-los. Posso, no máximo, e olhe lá, procurar uma camisa de linho com um azul celeste. No máximo. Assim não fico tão démodé. A gente vai envelhecendo, mas não precisa espantar. Quanto mais azul, a essa altura, mas fácil de não ser percebido. E tanto melhor. Basta viver uma solidão sem mágoa e a vida fica mito mais fácil de ser vivida, se não tenho outra vaidade a não ser a alegria de viver.

São tempos difíceis, Senhor Redator. Tempos sem ricos, mas cheios de ricaços, com as suas contas gordas, mas sem eira e nem nesse mister que é saber viver. Depois, e sejamos um pouco tolerantes, viver não há de ser apenas colecionar dias e noites. É preciso, advirto, um pouco mais. Não muito, que todo exagero acaba lambuzando a vida de muitas coisas tolas. Um pouco de siso e muito riso, o olhar afiando o jeito galhofeiro de vê-los tão empavonados.

Dizem que o azul e o laranja principiarão nas cores dos automóveis, depois as roupas e, por fim, quem sabe, a própria paisagem. Nada contra, Senhor Redator. Nada contra. Acho até que algumas mulheres ficam mais suaves quando vestem azul. Talvez mais esvoaçantes, não sei. E o azul tem essa propriedade de imitar o céu. Quando as nuvens, sempre meio vadias nesse tempo estival, vão embora. E ficam escondidas, humildemente, em algum lugar mundo.
IMBROGLIO – O presidente do TCE, conselheiro Poti Junior, tem sofrido fortes pressões dos colegas ativos e inativos por ter submetido ao Legislativo o aumento salarial dos 16%.

ERRO – Para alguns conselheiros o TCE errou. Deveria, pela mesma autonomia orçamentária que garantiu o aumento do Poder Judiciário, ter implantado o reajuste. Tem saldo financeiro.

EFEITO -O erro, mesmo que tenha sido de boa fé, e cumpridor do rito, expôs o TCE a um desgaste público, quando o MP e o TJ fizeram a mesma coisa. O TCE dará ou não o reajuste?

DATA – A coluna errou ao informar quer seria dia 17 os cem anos de Otacílio Lopes Cardoso. A data certa é dia 19, sexta-feira próxima. Otacílio merece todas as homenagens.

ALERTA – A exemplo do que alertou esta coluna – não se decide mercado por decreto – não há até hoje sinais de redução considerável das tarifas aéreas. Só se compensar para o mercado.

SINAL – Até ontem o salário dos aposentados da AL não tinha sido depositado. O recorde de atraso revela a grave magnitude da crise do Instituto de Previdência do Estado. E vai piorar.

DISPUTA – Tem razão o leitor Alberto de Souza Bezerril: disputa pelo quinto constitucional no TRT virou um espetáculo. Com cada um pagando para mostrar suas próprias qualidades.

AVISO – Aos navegantes: esta coluna defende a decisão judicial no Hotel dos Reis Magos por considerar que a Justiça é o fórum da sociedade democrática. Até prova em contrário. Só.

ÍCONES – Acerto unindo o Tribunal de Justiça, a Associação dos Magistrados e a Escola da Magistratura e o Instituto Histórico vai devolver aos leitores três grandes clássicos do Direito do RN. Títulos já esgotados há décadas, um deles em edição única, com mais de um século.

QUAIS – O primeiro é considerado um clássico de Amaro Cavalcanti: ‘Responsabilidade Civil do Estado’. O segundo será ‘Ciência Penitenciária’, de João Chaves. E o terceiro vai ser de Miguel Seabra Fagundes – ‘O Controle dos Atos Administrativos pelo Poder Judiciário’.

QUANDO – A idéia é lançar o livro de Amaro Cavalcanti no segundo semestre deste ano e programar os dois outros lançamentos para o próximo ano. Começa assim a reedição de um acervo que consagra o saber jurídico do Estado relançando três títulos atuais para consulta.

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