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A nossa luta contra a pandemia

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Dom Jaime Vieira Rocha
Arcebispo de Natal
Prezados leitores,
Entramos para o terceiro mês de isolamento, de vivência de um tempo difícil, onde nos privamos do contato pessoal com os nossos amigos, participação em eventos com muitas pessoas, inclusive, privação de participação na celebração da Eucaristia e outras celebrações. Diante da realidade de contaminação do coronavírus, com a falta de vacina, com dificuldades no tratamento, e ainda, com o sistema de saúde tão precário como o nosso, é uma atitude de caridade insistir no isolamento. Para aqueles que puderem a recomendação é: “fiquem em casa”.
É certo que a participação comunitária na Eucaristia é central para a nossa Igreja. De fato, nós reconhecemos que “a Eucaristia é cume e fonte da vida cristã’. E que, desde o Batismo, passando pela formação necessária, somos conduzidos, por graça e bondade de Jesus Cristo, a uma frutuosa e benfazeja participação na celebração do Mistério Pascal. Porém, uma coisa é a não participação por causa de uma certa “acídia”, ou preguiça ou até desprezo à Eucaristia, outra coisa é a privação por causa de facilitação do contágio com um inimigo invisível, mas que, até o presente momento, se torna tão poderoso, responsável pela morte de mais de 30 mil em nosso País.
Por isso, em sintonia com os bispos do Brasil, em sintonia com as atitudes do nosso amado Pastor, Papa Francisco, a decisão de fechar as nossas igrejas, de insistir no isolamento se manifesta como atitude caridade, pois a proteção é para nós e para os outros. E isso é uma forma de caridade, sinal distintivo do cristão. E mais, a reflexão sempre vai na direção de perguntarmos como um vírus derrubou tantas Nações, levando os governantes a fecharem fronteiras, aeroportos, comércios e tantos outros estabelecimentos. Sim, o mundo não se prepara para catástrofes e isso é lamentável. Para não falarmos da chaga que é uma grande e nefasta vergonha: a desigualdade social que clama aos céus. Ela facilita ainda mais a dizimação dos pobres, daqueles que não tem acesso a uma rede de saúde que cuide com eficácia, e ainda, vivem nas ruas, abandonados à própria sorte. Até quando a nossa sociedade vai suportar tamanha desigualdade? 
Nós que somos membros da Igreja, discípulos missionários de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, que reconhecemos que nele todos encontram vida plena, vida digna, Ele que revela o plano de Deus Pai de dar vida aos homens e às mulheres, temos a missão de defender essa vida, sempre e em todos os seus estágios. Não podemos concordar com ideologias que não defendam a vida. Pelo contrário, desde o grande São João Paulo II, passando pela fineza intelectual de Bento XVI até o Magistério do Papa da ternura, Francisco, homem de Deus e amigo dos pobres, a Igreja nos exorta a que sejamos sempre defensores da vida, da dignidade da vida humana, da fecundação ao seu ocaso natural. Sim, a Igreja proclama que a paz, o respeito pela liberdade, o oferecimento justo e digno de condições de vida, como saúde, segurança, educação, saneamento básico, cuidado com os idosos, cuidado com a natureza, tudo isso é parte integrante da fé e da sua missão no mundo. Quem acredita em Deus age em favor do ser humano. Quem segue Jesus Cristo busca o bem. E até devemos dizer, em sintonia com o Sermão da Montanha e com a prática de amor de Jesus Cristo: mesmo perdendo, mesmo sofrendo, doa a si mesmo e busca a felicidade dos outros, pois “amar é tudo dar e dar-se a si mesmo”, como dizia Santa Teresinha do Menino Jesus.
Que as nossas orações, realizadas em nosso santuário familiar, as nossas casas, onde Deus habita, sejam intensificadas e tenhamos a confiança de que venceremos, com a força do Espírito Santo, essa pandemia, para o bem de toda a humanidade.
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