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A odisseia do rock III

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Alex Medeiros

Cinquenta anos faz hoje. Era 17 de agosto de 1969, o terceiro dia do Festival de Woodstock, um domingo que invadiria a segunda e todos os dias posteriores pelos anos afora. A máquina do tempo imaginária é uma Kombi colorida por corações, girassóis e o símbolo hippie de paz e amor. A máquina do tempo possível é uma conexão neural que liga e acelera a memória semântica.

Mas a máquina do tempo sensorial é uma transmissão daquilo tudo, meio século depois, no som original da época, mantendo no ar por mais de 72 horas a rádio WXPN 88.5, da Filadélfia, que começou a reproduzir o evento épico às 18h07 (hora do Brasil, 17h07 nos EUA) de quinta-feira e continua no ar enquanto você lê este terceiro e último artigo em culto ao Festival de Woodstock.
O sábado entrou pelo domingo e ainda chegava gente, uma superação por terra diante do tráfego infernal e alguns artistas usando helicópteros para poder chegar. Aquilo era uma colina fervilhando de vida, de sonhos, de música.

Para muitos que estiveram lá, Woodstock era um umbral em campo aberto para o teletransporte à Era de Aquários; havia adolescentes que meses antes ainda viviam em casa assistindo desenho animado e séries de ficção científica.

O clima criado em torno do festival não tinha só rock, mas também era carregado pelos acontecimentos daquela década, o flower power, a morte de Kennedy, a guerra do Vietnã, a morte de Luther King, a corrida espacial.

Colocar cara a cara aquelas crianças e figuras como Janis Joplin, The Who, Jimi Hendrix, Joe Cocker e Johnny Winter foi um rito de passagem pesado como o sexo, as drogas e rock ‘n’ roll que rolaram naquele agosto místico.

Quem tentou dormir ao final do sábado, já numa avançada manhã de domingo ouvindo The Who e Jefferson Ariplane, logo despertou com a voz em grito de Joe Cocker, que abriu a tarde arregaçando com um hit dos Beatles de 1968.

As horas seguiam seu compasso, como dizia um velho rock, mas o tempo parecia não passar. O último dia, 17, quando acabou já era véspera do almoço do dia 18. Quem fechou foi Jimi Hendrix, numa performance lendária.

Depois de tanto cansaço, fome, sede, desconforto, a multidão ainda achou energia – ou sinergia – para enlouquecer com a guitarra tocando o hino americano e emendando com Purple Haze, um hino às viagens lisérgicas.

Carl Porter era um garoto com passaporte carimbado para o Vietnã, tinha se alistado na Força Aérea e em setembro partiria para a batalha. Decidiu se despedir no meio da loucura de Woodstock, reunido com uns vinte amigos.

Chegaram antes e ajudaram a erguer o palco; eram garotos que amavam os Beatles e os Rolling Stones, como cantava o hit italiano de 1966 traduzido por Os Incríveis em 1967 e resgatado pelo Engenheiros do Hawaí em 1990.

Durante a loucura coletiva, Porter se separou dos amigos e não os viu mais. Escapou da guerra e cinquenta anos depois foi à fazenda Bethel lembrar da aventura. Do alto, abriu os braços como para voar sobre a velha colina.

Lembrou da enorme diferença das estradas de acesso hoje em relação aqueles dias. O barro deu lugar ao asfalto, prédios se ergueram no horizonte; e ele, também mudado aos 69 anos, era testemunha da odisseia que mudou tudo. Somos todos filhos de Woodstock. (AM)

coluna

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O filme de Tarantino, que estreou quinta, está com apenas 8 sessões distribuídas nas 3 redes de cinema de Natal. São 4 no Cinepólis do Natal Shopping, 2 no Moviecom do Praia Shopping e 2 no Cinemark do Midway.

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