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A prioridade do saneamento básico

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SANEAMENTO - Cerca de 63 milhões de litros de  dejetos sem tratamento são despejados diariamente no rio Potengi, num crime sem culpados

Apenas 22% do Rio Grande do Norte é saneado. A expectativa do Governo do Estado, no entanto, é ampliar esse número em 150% nos próximos dois anos. Com isso, a expectativa é de que o número de regiões com esgotamento sanitário e tratamento de esgotos chegue a 55%. Os recursos para atingir a ousada meta, segundo o poder público, já estão garantidos. As obras – orçadas em R$ 630,7 milhões – virão da Companhia de Águas e Esgotos do Estado (Caern), Prodetur, Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Orçamento Geral da União (OGN) e através dos programas Pró-Saneamento e Saneamento para Todos. A capital, onde todos os dias são despejados 63 milhões de litros de dejetos sem tratamento no rio Potengi e convive há vários anos com a polêmica da contaminação dos poços com altos níveis de nitrato, vem na linha de frente do projeto de saneamento.

Ainda assim, outras regiões serão contempladas, como Parnamirim, Mossoró, Caicó, Assu, Macaíba, São José de Mipibu, Canguaretama, Angicos, Nova Cruz, Goianinha e João Câmara. O Governo acredita que essas cidades devem chegar a 2010 100% saneadas. “Essa ênfase para as obras de esgotamento sanitário é natural e ocorre em todo o país. Os projetos que estamos implantando são obras pensadas para longos prazos”, destacou o diretor administrativo da Caern, Onaldo Rogério Dantas.

Para ele,  o RN possui um baixo percentual de áreas saneadas em função das dificuldades, até então, para captação de recursos e, principalmente, por conta das exigências ambientais. Várias obras deveriam ser concluídas em 2006, conforme previa inicialmente o plano de esgotamento sanitário, mas ainda estão entravadas. Esse é o caso do esgotamento de Pium, Cotovelo e Pirangi.

A questão do Saneamento básico é um dos vários pontos ligados à infra-estrutura do Estado que serão discutidos no seminário “Motores do Desenvolvimento do RN”, que acontecerá no próximo dia 2 de junho, na Casa da Indústria, promoção da TRIBUNA DO NORTE, Fiern, Fecomércio, Governo do Estado, Prefeitura de Natal, Assembléia Legislativa, UnP e Banco do Brasil, com apoio da consultoria RGarcia.   

Dentro do projeto de saneamento, a CAERN pretende duplicar o índice de coleta de tratamento de esgotos, chegando a 61%. As verbas – cerca de R$ 52 milhões – já estão garantidas para implantação da rede coletora ainda este ano nos bairros de Nova Descoberta, Morro Branco, Capim Macio, Planalto e Redinha, além de bairros da zona Oeste, como Cidade Nova, Felipe Camarão, Bom Pastor e Guarapes. Essa ampliação só será viabilizada com a conclusão da Estação de Tratamento de Esgotos do Baldo, a Estação de Tratamento de Esgotos Jundiaí e o Emissário Submarino da zona Sul de Natal. Prevista para estar pronta ainda em 2008, a Estação de Tratamento Central do Baldo ficará encarregada de tratar dejetos de 21 bairros de Natal, inclusive Candelária, cuja rede foi concluída recentemente.

Zona Norte

Em relação à Zona Norte, a CAERN acredita que o problema da coleta de esgoto nos bairros da região será sanado com a Estação Jundiaí.  Entendimento semelhante se faz em relação à Zona Sul, onde a Companhia espera que o Emissário resolva definitivamente os problemas da área.

Polêmico e enfrentando forte rejeição por parte de ambientalistas e Ministério Público, o emissário é um sistema que vai coletar os resíduos, tratá-los e lançá-los em alto mar, a cinco quilômetros da praia, situada nas proximidades da Barreira do Inferno. Os estudos estão em andamento e a obra está orçada em R$ 82 milhões.

Mossoró

Em Mossoró, o saneamento básico também é um problema. Em percentuais, a segunda cidade do país está abaixo da média estadual quando o assunto é o esgotamento sanitário. Hoje, apenas 20% do município conta com sistema coleta de esgotos. Ainda assim, o governo e a prefeitura acreditam que até 2010, pelo menos 76% da cidade esteja saneada.  

As vantagens do aterro sanitário

O tratamento e o gerenciamento do lixo doméstico na capital pode ser dividido em duas fases: antes e depois da construção do Aterro Sanitário da Região Metropolitana de Natal, localizada no município de Ceará-Mirim.

Instalado na região há quatro anos após muita polêmica e uma licitação pública, o aterro provou que, neste caso, a privatização foi o melhor caminho. Com a entrada em funcionamento do aterro de Ceará-Mirim, em 2004, cujo maior cliente é de longe a cidade de Natal, o Lixão de Cidade Nova é hoje apenas uma estação transbordo.

Todos os dias, entre 60 a 90 caminhões percorrem quase 25 km para despejar o equivalente a mil toneladas de lixo no Aterro da Região Metropolitana de Natal, em Ceará Mirim. O município paga à empresa Braseco – resultado da união da italiana Casagna com a brasileira Sereco – R$ 33,85 por tonelada de lixo entregue para tratamento de destinação. É o preço mais barato pago por Prefeituras no Brasil para esse tipo de serviço. Henrique Muniz Dantas, diretor-presidente da Braseco, explica que metade do lixo que dá entrada no aterro sanitário é matéria orgânica e produz uma grande quantidade de chorume tratado em cinco lagoas interligadas.

Na Europa é diferente: a consciência da população faz com que o lixo domiciliar saia separado e chegue em condições de receber um tratamento menos complexo.

Células

São 16 células inicialmente exploráveis nos próximos 20 anos. Cada uma mede 125 por 250 metros.

O primeiro desses piscinões foi aberto com 3 metros de fundura. Mas a empresa operadora descobriu que as condições do solo permitiam uma profundidade maior.

Quando a célula é fechada, depois de ser totalmente preenchida, sua aparência é de uma pequena duna recoberta de vegetação, margeada por redes de canaletas que drenam separadamente a água das chuvas do chorume que sai do interior.

Uma rede de drenos se encarrega de retirar os gases produzidos pela combustão do lixo, que repousa sobre mantas de polietileno de alta resistência, soldadas uma nas outras de maneira a ter canaletas que denunciem qualquer vazamento do chorume no solo.

Um laboratório comandado por uma química com doutorado se encarrega de realizar uma série de testes atrás de qualquer informação que indique poluição ambiental. Os testes são realizados permanentemente. E os relatórios são todos repassados para o Idema. Com ações assim, a empresa italo-brasileira conquistou a ISO 14.001. Não há urubus e o odor é compreensível tendo toneladas de lixo em fase de destinação por perto. Telas colocadas estrategicamente impedem a fuga de sacos plásticos que aos milhares são enterrados, revelando um dos grandes problemas ambientais da maioria dos centros urbanos.

Será o fim do nitrato nas águas de Natal?

A polêmica sobre os altos níveis de nitrato na água usada pelo natalense fizeram a CAERN se mexer e, após várias denúncias por parte de ambientalistas e a promotoria pública, o órgão acredita que já tenha a solução. A construção de duas adutoras – a do Jiqui e a da Zona Norte – está sendo apontada como solução definitiva para resolver os problemas de abastecimento de água em Natal.

A adutora do Jiqui terá estação elevatória e 14 quilômetros de extensão, partindo do Jiqui até chegar ao Tirol, nas proximidades do hospital Walfredo Gurgel, Com capacidade para fornecer 2.900 metros cúbicos de água por hora, a adutora vai diluir a água retirada de poços, com índices elevados de nitrato (acima de 10 miligramas por litro), e distribuí-la numa região onde hoje reside mais da metade da população (405 mil habitantes). O eixo envolve o Alecrim, Quintas, Nova Descoberta, Potilândia, Morro Branco, Praia do Meio, Santos Reis, Tirol, Barro Vermelho, Lagoa Seca, Pirangi, Ribeira, Rocas, Mãe Luiza, Cidade Alta, Lagoa Nova, Dix-Sept Rosado, Bairro Nordeste e Cidade Alta. No total, serão aplicados R$ 13,6 milhões nessa obra.

A adutora Rio Doce tem finalidade semelhante. Vai atender a localidades dos conjuntos Gramoré e Pajuçara, onde também existe nitrato na água. São três quilômetros de extensão para transporta a água captada em poços perfurados à margem esquerda do rio Doce. A produção será de 400 metros cúbicos por hora e o projeto está orçado em mais de R$ 853 mil. Além da adutora, a Caern pretende substituir a rede que capta água da Lagoa de Extremoz, cuja vazão atual é de 2.160 metros cúbicos de água por hora. Espera-se que a obra também seja capaz de resolver a falta de água e suspensões no abastecimento de bairros da zona Norte, exceto Gramoré, Pajuçara – atendidos pela adutora – e Parque dos Coqueiros, que conta com sistema de poços.

No bairro de Planalto, além da implantação de esgotos, que custará R$ 9,7 milhões, a Caern vai investir em melhorias no abastecimento, com a construção de reservatórios. Serão R$ 2,9 milhões, destinados à expansão da rede e melhoria do sistema. Os recursos estão sendo financiados pela Caixa, através do FGTS. Já em Parnamirim, haverá a ampliação e melhoria no abastecimento com a importação de água da Lagoa de Pium. O intuito é também reduzir as concentrações de nitrato presente na água. O mesmo vai ocorrer em Macaíba.

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