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‘A produção do país não é só o pré-sal’

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Andrielle Mendes – Repórter

A descoberta do pré-sal (petróleo no fundo do mar) tirou o foco da produção em campos terrestres no Brasil. A opinião é de Bruno Moczydlower, coordenador do comitê técnico da 3ª edição da  Brazil Onshore. O evento, que discute novas tecnologias para campos terrestres, termina hoje, em Natal. Moczydlower defende mais investimentos na produção em terra, principalmente em estados como o Rio Grande do Norte, onde 3.440 dos 3.551 poços são terrestres. Sem investimento, a produção dos poços cai entre 10 a 15% por ano, afirma. Dados divulgados na semana passada pela Petrobras mostram que a produção de petróleo em terra no RN subiu de 52.643 barris dia para 53.913 barris, em outubro. Segundo Luiz Carneiro, gerente de Engenharia de Produção da unidade de operação Rio Grande do Norte/Ceará, a Petrobras tem investido entre R$ 1,6 a R$1,8 bilhão anualmente no RN, “sendo este valor destinado aos projetos de mar e de terra”. Segundo ele, “Só a injeção de vapor no Campo de Estreito já representa um incremento de cinco mil barris diários, o que nos leva a crer que com a conclusão das demais fases do projeto haverá um incremento ainda maior da produção”. Para  Bruno Moczydlower, do comitê técnico do evento, é a produção de petróleo em terra que vai gerar receita para se investir no pré-sal.
Bruno Moczydlower, coordenador da brazil onshore
Você nos disse que o pré-sal tirou o foco da produção em campos terrestres no Brasil. Gostaria que comentasse esta questão.

A descoberta do pré-sal gerou um frisson. O assunto, que era bem técnico, virou conversa de botequim e tirou o foco da produção em terra, que também é importante. A produção do Brasil não é só o pré-sal. Não é só o pré-sal que vai sustentar o país. É a produção de petróleo em terra que vai gerar receita para  se investir no pré-sal. Trata-se de pensar no futuro, mas preservar o presente. O pré-sal vai virar realidade, mas a realidade presente são os campos terrestres e os campos no mar. São eles que vão gerar receita para investir em várias áreas, incluindo o pré-sal.

Qual é o cenário atual da produção de petróleo no Brasil?

Hoje, a produção de petróleo tem conseguido as custas de muita tecnologia, muito trabalho e muito esforço, manter a produção constante. Muitos não sabem, mas a tendência é que a produção dos campos de petróleo decline ao longo dos anos. Então, se você não fizer nada a produção cai de 10 a 15% ao ano. Pode cair até mais, dependendo de uma série de fatores. No entanto, o Brasil tem conseguido manter a produção terrestre relativamente constante. A rentabilidade se mantém alta e permite que as empresas invistam em outras áreas.

Qual o papel da produção de petróleo em terra neste cenário?

A produção em terra é muito importante para Petrobras, mas é ainda mais para as micro e pequenas produtoras de petróleo e prestadoras de serviço que não dispõe de recursos suficientes para investir em alto mar. Perfurar um poço em alto mar pode custar entre 10 e 100 vezes mais que perfurar um em terra. Aqui, no Rio Grande do Norte, a produção de petróleo em terra é uma das maiores molas da economia. A atividade gera milhares de empregos diretos e indiretos no RN. Queria acrescentar também que novas tecnologias podem ser testadas em campos terrestres a custos mais baixos. Como são campos mais baratos, a empresa  terá menos prejuízos, caso a experiência não surta o efeito esperado. A regra geral da indústria petrolífera é testar novas tecnologias em campos com menor produção, ou seja, os terrestres.

Qual a perspectiva para a produção terrestre?

A perspectiva é que o Nordeste e outras regiões do país com bacias terrestres aumentem a produção nos próximos dois ou três anos. Há novas áreas para serem exploradas e novos blocos a serem licitados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Certamente, haverá novas descobertas. A indústria do petróleo não planeja desacelerar os investimentos na produção terrestre.

E para o Rio Grande do Norte (o Estado é o maior produtor brasileiro de petróleo em terra)?

O Rio Grande do Norte seguirá a tendência nacional. O Estado tem a maior produção terrestre de petróleo e ainda conta com áreas não exploradas. Porém, nos próximos anos, boa parte da produção potiguar virá da melhoria do fator de recuperação dos campos, graças ao uso de novas tecnologias.

Quais os desafios que se apresentam para esta área?

Eu diria que é adquirir novas tecnologias a custos mais competitivos. Como os volumes produzidos pelos campos terrestres são menores que os produzidos no mar, o lucro das empresas é menor. O preço dos equipamentos usados neste setor sobem quando o preço do barril de petróleo sobe. Mas quando o preço do barril do petróleo cai, o preço dos equipamentos e materiais não cai. É uma luta  manter os custos num patamar que viabilize nossos investimentos.

O que poderia reduzir os preços?

A entrada de novas empresas no setor. É preciso esclarecer, entretanto, que as empresas que quiserem entrar no ramo precisam se capacitar. A área é muito técnica e exige conhecimento especializado.

Petrobras muda comando na unidade do RN e Ceará

Tomou posse ontem o novo gerente geral da Unidade de Operações de Exploração e Produção do Rio Grande do Norte e Ceará, Luiz Ferradans Mato.  Ele veio da gerência geral no Amazonas e assumiu no lugar de Joelson Falcão Mendes, que segue para o Rio de Janeiro – onde vai gerenciar a Bacia de Campos.

Ferradans é geólogo e está na Companhia há 32 anos, na área de exploração e produção. Desde 1987, ele ocupa cargos gerenciais. Em 2004, assumiu o cargo de gerente de exploração na Unidade de Operações da Bahia. Nos últimos dois anos, esteve à frente da Unidade de Operações de Exploração e Produção do Amazonas, como gerente geral.

A cerimônia de posse contou com a presença do gerente executivo do E&P no Norte/Nordeste, Christovam Sanches. Ele explicou que a mudança na Unidade é reflexo do modelo de gestão da Companhia, o qual promove o intercâmbio dos gerentes nas diversas Unidades da Petrobras. Este modelo também levou o engenheiro Joelson Falcão Mendes a assumir a gerência geral da Unidade de Operações de Exploração e Produção da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro.

A  bacia de Campos é a bacia petrolífera que mais produz na margem continental brasileira, respondendo atualmente por mais de 80% da produção nacional de petróleo, segundo informações do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP). A Bacia de Campos é também uma das áreas englobadas pela camada Pré-sal (região profunda de exploração de petróleo).

Com a vinda de Ferradans, o gerente do Ativo de Produção Mossoró, Francisco Alves de Queiroz Neto, irá assumir a gerência geral da Unidade de Operações de Exploração e Produção do Amazonas.

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