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A revisão

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Maria Betânia Monteiro – repórter

Com o objetivo de preservar 130  hectares de área verde e o patrimônio histórico e cultural de Natal, o advogado Carlos Eduardo Alves junto a uma equipe de profissionais idealizou e concretizou um dos maiores centros de educação e cultura que o Rio Grande do Norte já viu nos últimos séculos de história: o Parque da Cidade D. Nivaldo Monte, projetado pelo visionário Oscar Niemeyer. Mas os R$ 26 milhões do contribuinte investidos na construção do parque, o acervo da biblioteca e do Memorial (instalado no mirante de 45 metros de altura) e até os funcionários concursados para exercer diversas funções estão sumidos há um ano e cinco meses. “Tudo isso foi violentamente arrancado do Parque da Cidade, numa expressão do mau-caratismo da política brasileira”, disse Carlos Eduardo, em entrevista ao VIVER. Para falar da concretização de um sonho e da revolta pelo descaso da atual administração de Natal em manter o parque fechado, o ex-prefeito Carlos Eduardo está lançando hoje a obra “Para uma história do Parque da Cidade”. O lançamento acontece às 19h, na livraria Siciliano do Midway.

Carlos  Eduardo lança hoje  livro em que reconta a idealização, construção e atividades do Parque da  Cidade e  Memorial de NatalO livro não se trata de um relatório político, mas de um registro composto de textos, fotos e depoimentos que cumprem o papel de reafirmar a obra e preservar a história dela.  Com prefácio e edição do escritor Moacy Cirne, o livro é ilustrado com fotografias de profissionais como Argemiro Lima, Candinha Bezerra e Neilton Santana. Foca o projeto arquitetônico, museológico, paisagístico e ainda a movimentação cultural do Parque da Cidade, mostrando que o projeto foi entregue construído e equipado para a população no dia 21 de junho de 2008 e até dezembro estava em funcionamento de suas atividades. O livro traz depoimentos de pessoas e autoridades envolvidas diretamente com o projeto original do equipamento, inclusive do próprio Niemeyer.

Carlos Eduardo lamenta que nos dias de hoje, onde as pessoas travam discussões sérias a respeito do desenvolvimento sustentável e sobre os efeitos da destruição do meio ambiente, o Parque da Cidade tenha as suas atividades de educação ambiental interrompidas. A pretensão de dar autonomia ao parque e garantir o seu funcionamento independente de futuras administrações foi a realização de um concurso público para locar profissionais, exercendo atividades multidisciplinares na biblioteca e no memorial. “De segunda a sábado era feito o registro de pessoas estudando no local. O parque era um lugar aprazível e agora as pessoas perderam este referencial”. Segundo Carlos Eduardo foram convocados 66 guardas florestais, educadores ambientais e outros responsáveis pelo funcionamento do Parque. Além dos recursos humanos, o ex-prefeito também falou da aquisição de camionetes, carros de passeio e triciclos, num total de R$ 750 mil investidos. “Não sabemos o paradeiro de todos estes recursos”. Diante do que foi extraviado, o que mais chama a atenção do ex-prefeito é a destruição completa do acervo do Memorial do Parque da Cidade.

O espaço de 560 metros quadrados comportava quatro paineis que abordavam diferentes períodos da história da cidade, além de quatro totens multimídia. Algumas peças históricas estavam distribuídas nos corredores laterais do museu. Numa das extremidades, estava organizado um espaço para projetar sete documentários que compunham a primeira exposição do museu “Natal: sob o céu, entre rio, dunas e mar – iluminada de sol”. O Memorial contava a história de 408 anos  e estava disponível para ser consultado pelos visitantes.

Hélio Oliveira faz duras críticas

Segundo o coordenador do projeto museológico do Memorial de Natal, o historiador Hélio Oliveira, não há justificativa para a barbaridade realizada. O historiador disse que é inconcebível nos dias de hoje, que um acervo de séculos de história sobre a memória de um povo seja jogado no lixo com o pretexto da ausência de um gerador de energia. “Se o problema era a falta do gerador, porque a prefeitura não comprou o gerador e instalou no local?”, falou com indignação Hélio Oliveira. O historiador disse que o fechamento provisório do museu até dava para entender, desde que o objetivo fosse instalar o gerador. “O que não se justifica é a destruição do acervo”. Enquanto o Memorial esteve aberto para visitação (14 de novembro de 2008 e até o dia 30 de dezembro do mesmo ano), o livro de assinaturas registrou mais de 10.300 assinaturas.

Serviço

Lançamento do livro Para uma história do Parque da Cidade – de Carlos Eduardo Alves. Hoje, 19h, na Livraria Siciliano do Midway Mall. Preço: R$ 20,00

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