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“A rodada, isoladamente, não é tábua de salvação”

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A 11ª rodada de licitações da ANP é considerada um sucesso, contudo não trará em curto e médio prazo alta previsão de contratação de trabalhadores e não poderá, por si só, reverter o declínio na produção petrolífera do Estado. Na avaliação do diretor-geral do Cerne, Jean-Paul Prates, é preciso investir na revitalização dos campos já existentes. A reversão da queda de produção depende da descoberta de novas jazidas de petróleo e é essa a expectativa a partir da operação das empresas vencedoras do leilão.
Diretor-geral do Cerne, Jean-Paul Prates
Como você avalia o resultado do leilão?

É positivo. São R$ 250 milhões em investimentos mínimos comprometidos e cada investidor deve dobrar o compromisso de investimentos. Mas o resultado da rodada de licitação não é, isoladamente e por si só, uma tábua de salvação para a Bacia Potiguar, que está se exaurindo.

O que seria?

A tábua de salvação é a continuidade da participação da bacia nas rodadas de licitações, para renovar o portfólio. É garantir a revitalização na atividade já existente da produção, os campos maduros podem ser revitalizados com tecnologia mais moderna. Esse tipo de investimento a Petrobras está fazendo, mas tem campos que permanecem fechados, com baixa produção. Deve-se estudar ainda quais campos interessam ainda a Petrobras manter e quais ela pode passar gradualmente para operadoras locais, que poderiam dar uma atenção bem maior por ser o único negócio deles e não apenas um em meio de milhares.
A Petrobras teve uma atuação cirúrgica de pinçar apenas o necessário para fazer uma arrumação na casa, ter os dados que eram necessários - Jean-Paul Prates
O que se pode esperar a partir do resultado do leilão?

Em curto prazo, em seis meses nada vai acontecer. A assinatura dos contratos está prevista para agosto. Depois começa a etapa de exploração, devem começar estudos internos, a aquisição de dados sísmicos e em geral é feita contratação de empresas especializadas, ou seja, lá pelo final do ano deve ter alguma contratação. O ciclo da sísmica gera pouca movimentação. A perfuração com as sondas já leva as próprias equipes. Vencida essa etapa e caso as empresas tenham sido bem sucedidas na busca por petróleo e/ou gás natural, começa a etapa de desenvolvimento e Produção.

Não deve reverter a baixa de empregos?

A escala de demissão de empregos chega a 2 mil. A movimentação com a entrada de empresas nos próximos dois anos deve retomar 200 a 300 empregos, 10 a 15% das baixas. Mas Petrobras vai construir um oleoduto, daí são mais 500 vagas. A revitalização dos campos maduros, mais empregos é uma colcha de retalhos.

E reversão de produção?

Já a  reversão de produção não tem como prever. São pelo menos cinco anos para o anúncio de uma ou duas descobertas.

O resultado era o esperado para uma bacia madura?

A bacia potiguar terrestre é muito bem explorada. O fato de ser conhecida e ter muitos dados ajuda. Vai atrair investidores mais conservadores, que gostam de operar com tranquilidade, de portes médio a pequeno.

Os lances e previsão de investimentos é bem maior em relação à bacia offshore se comparada à produção em terra. Por quê?

A produção terrestre é, tecnicamente, muito barata. O que encarece é a licença ambiental que subsidia o Programa de Gás. Já a exploração no mar demanda mais tecnologias e a atratividade é maior. A bacia potiguar offshore teve uma releitura  em relação a comparação com a  geologia do oeste africano. O tamanho das empresas que operam no mar é maior, é uma escala diferente  de negócios, vários projetos, logística concentrada. Isso faz com que essas operadoras precisem ser  qualificadas pela ANP  para participar das rodadas.

Como você avalia a participação da Petrobras?

Foi uma atuação cirúrgica de pinçar apenas o necessário em blocos para fazer uma arrumação na casa, ter os dados que eram necessários, fez a composição prevista para recompor estoque.

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