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A soma de todas as coisas

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Valério Mesquita
Escritor

01) Em São Paulo, o advogado João Hélder Cavalcante dialogava com a sua esposa Lígia Godói, que faz mestrado na Paulicéia, sobre determinado assunto jurídico que pelejava no fórum. Diógenes da Cunha Lima, amigo do casal, testemunhava a discussão: “Mas João, você não pode fazer isso com aquela mulher. Ela é perigosa”, exclamou aflita a esposa temendo alguma represália. Aí veio a resposta socrática, positivista e por que não dizer poética do renomado causídico: “E qual é a mulher que não é perigosa?”.

02) Mais uma da larva do ex-reitor do Campus Avançado de Patu, professor João Ismar de Moura. E vem de Mossoró. O seu bispo, Dom Gentil Diniz, reunia mensalmente todos os padres da região Oeste. O vigário de Alexandria, alemão de nascimento, chamava-se Eurico Franke, que se deslocava de trem para a capital do oeste. Cervejeiro como só ele, era o mais assíduo às reuniões episcopais. A sua paróquia ficava bem distante mas não faltava. Curioso, certa vez, Dom Gentil quis saber quantos quilômetros distam de Alexandria a Mossoró.  Bonachão, espirituoso, o padre Eurico foi enfático: “Em quilômetros eu não sei mas em cerveja são doze. Só de vinda…”. Ô tempo bom aquele, heim, João Ismar?

03) No governo de Tarcísio Maia houve um desfalque na CIDA, sociedade de economia mista estadual. Foi cometido por um funcionário, filho de um liderado político de Epitácio do município de Patu. O servidor, nem precisa esclarecer, foi exonerado sumariamente do cargo. Mas a família do inditoso rapaz, confiando que a liderança de Epitácio poderia reverter a situação ou, pelo menos, conseguir outro emprego, cobrava sucessivamente uma providencia do seu líder e chefe político. Num dia de calor e estresse, Epitácio recebeu nova interpelação do pai do barnabé: “E aí, conseguiu alguma coisa para o meu filho?”. Resposta enfarada de Epitácio: “Consegui sim. Para ele não ser preso…”. Aí o tempo fechou.

04) Zé do Rêgo, farmacêutico em Mossoró, é conhecido pela sua habitual avareza. Em seu estabelecimento não existe ação social nem bolsa família. Contou-me o seu primo, deputado Getúlio Rêgo, uma de suas histórias hilárias. No famoso balcão de sua farmácia, sempre na hora do almoço, para não perder o apurado, a sua esposa diariamente deixa a refeição. Após haver se servido e a sua mulher se retirado, foi abordado por um pedinte: “Moço, me dê uma ajuda!”. Zé do Rêgo, sério e contrito, respondeu sem delongas: “A “ajuda” acabou de sair. Ficou aqui “juda”. Perdoe!”.

05) De uma conversa amena e distraída pode nascer uma resposta espirituosa sem maledicência. Assim aconteceu comigo e o senador Garibaldi Filho, sempre de bom humor. Garibaldi discorria sobre a sua agenda repleta de compromissos quando mencionou a vinda a Natal do então senador gaúcho Pedro Simon. “E qual o motivo de sua visita?”, perguntei. “Vem para um congresso sobre psiquiatria”. “E ele é psiquiatra?”, quis saber. Gari armou um sorriso maroto para construir a piada: “Não, paciente”.

06) A campanha estava no auge. Dinarte cobriu literalmente o Alecrim de vermelho. No palanque só os “cobras”. Discursaram Tarcísio Maia, Vingt Rosado, Djalma Marinho, candidato oficial, entre outros. Dinarte estava chegando acompanhado de Dix-Huit, senador de peso tanto corpóreo quanto eleitoral. Anunciaram o líder mossoroense que, diante da multidão, se expressou condoreiro: “Djalma, quase cheguei tarde para falar, mais cheguei em tempo para ajudar a construir sua vitória. Diante desse mar vermelho humano, diante dessa fleborragia sem controle, eu afirmo: você está eleito!!!”. Agnelo Alves, que da redação da Tribuna do Norte, rádio ligado na emissora adversária, ouvia os discursos, passou duas horas procurando no dicionário Aurélio Buarque de Holanda, o significado da palavra “fleborragia”. Para o leitor desse causo, fleborragia é o escoamento de sangue (ruptura) proveniente de uma veia. Com essa oratória, Djalma não podia ganhar essa eleição, prognosticou o Neco.

07) Em Parelhas, surge a figura popular de Tuta, bacurau cinco estrelas e correligionário fiel do ex-prefeito Antônio Petronilo. Contou-me o amigo Hudson Brito que ele integrava o bloco exacerbado do PMDB e que, sempre ao saber do falecimento de alguém na cidade, pegava a bicicleta e incomodava Petronilo, a qualquer hora do dia ou da noite, com a pergunta: “Prefeito, morreu fulano de tal no bairro Maria Terceira. Isso é bom ou ruim pra “nóis”?”.

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