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A vida, breve e bela

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Diogenes da Cunha Lima
Escritor, advogado e presidente da ANL
A vida exige a arte de ser e fazer feliz. Mas é breve e, por isso, deve ser intensa.

A pandemia tem dificultado o exercício da felicidade. A esperança são as vacinas imunizantes, mas nem sempre totalmente eficazes.

O meu amigo José Paulo Cavalcanti, a pessoa mais próxima de gênio que conheço, acaba de perder a irmã Patrícia por causa da covid, cinquenta dias depois de ter tomado a segunda dose da Coronavac.

É consolador lembrar Lúcio Sêneca, o filósofo que, em Roma, viveu na época de Cristo: “Cada dia, por si só, é uma vida”. Ele nos leva a raciocinar e decidir o comportamento que devemos ter diante da brevidade da vida.

Muitas borboletas vivem apenas um dia, entretanto não deixam de voar com elegância e beleza, glorificando o olhar humano. Será que elas viveram menos intensamente e são menos expressivas da vida plena que as tartarugas que ultrapassam, dentro de carapaças, cento e setenta anos?

O escritor José Paulo lembra o ritual católico da Cerimônia de Posse dos Papas em que, por três vezes, é repetido: “Sic transit gloria mundi”, assim passam as glórias do mundo.

O importante é que, em estando aqui, demonstremos a nossa utilidade porque ninguém é feliz sem ser útil, nem será útil se não for feliz. Importa apressarmo-nos. O tempo não passa, nós é que passamos.

Vivemos dentro de um contexto com os nossos companheiros, amigos, parceiros de cidade. Quando Câmara Cascudo, velho e doente, ia ser levado ao hospital, escrevi para sua surdez: Vá e volte bom que o senhor tem ainda muito o que fazer. Ele leu, releu em voz alta, e respondeu: “Não sei se quero, eu olho para a minha geração e só vejo cruzes…”. Ele foi um brasileiro útil e feliz.

Recentemente, gerontólogos de Singapura estimaram que a vida humana saudável deve atingir cento e cinquenta anos. A maioria de pessoas centenárias moram no Japão, Austrália, na Sardenha.

Quanto mais longa a vida, mais intensamente temos que vivê-la.

Há pelo menos duas maneiras de se encarar os fatos. Os pessimistas pensam que o passado não mais existe e o futuro é talvez. Realistas otimizam. Nós somos também o ontem e somos, no mínimo, a semente do futuro.

Entre tantos objetos inanimados, Deus nos deu vida consciente. Por ser breve, devemos identificar-nos com tudo o que ela tem de beleza.

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