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A volta do cronista

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Woden Madruga
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Joaquim Ferreira dos Santos volta às páginas de O Globo, motivo para celebrações pois se trata de um dos maiores cronistas deste país. Do mesmo time onde jogam Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Antônio Maria, José Carlos de Oliveira, Nelson Rodrigues, Otto Lara Resende, Carlos Heitor Cony, Ruy Castro, dos que consigo me lembrar agora.  Dessa seleção ainda estão no gramado, o Ruy Castro e ele, o Joaquim. Os demais batem papo com os anjos, lá de cima.  O Ruy, na Folha de S. Paulo, umas três vezes por semana, o Joaquim às segundas feiras em O Globo. Um encontro semanal que ninguém, amante da boa leitura, pode faltar.

A crônica de segunda-feira passada, com o título, “À meia-luz”, tem como mote o samba-canção, que já aparece no subtítulo: “O samba-canção é a cara escancarada dessa nossa índole infeliz”.  O mesmo samba-canção que abordando e contado-cantado por Ruy Castro em seu livro “A noite do meu”, publicado em 2015 pela Companhia das Letras.  Um livro precioso para ser lido e citado em todas as academias e botequins da vida. Assim como esta crônica do Joaquim Ferreira dos Santos que vai passeando por versos das mais bonitas canções brasileiras, citando também o livro de Ruy Castro e que começa assim:

– “Ai Iôiô, eu nasci para sofrer” é o primeiro verso do primeiro samba-canção, o “Linda flor”, de 1928. O Brasil, neste momento em que a música completa 90 anos, só não sinais de felicidade comemorativa porque não seria coerente. Somos tristes. O samba-canção é a cara escancarada dessa nossa índole infeliz. O fuzuê do carnaval dura três dias, no resto do ano está todo mundo na base do meu mundo caiu, pedindo ao garçom que apague a luz para se ficar sozinho. Sofre-se, é da nacionalidade. O samba-canção é a música ao fundo. ”

Mais adiante, está escrito por Joaquim Ferreira dos Santos:

– O samba-canção jazia jogado num rancho fundo da música brasileira, uma folha morta abandonada bem pra lá do fim do mundo, onde se projetava no máximo a luz difusa do abajur lilás. Parte da culpa era da bossa-nova. Para mover seu barquinho, ela valorizou o sol, sal, sul e sexo feliz, elementos que anunciou, com voz baixinhas, como os únicos de bom gosto. O resto era boneca de trapo, fósforo queimado, normalista de azul e branco, chuva de verão, camisola do dia e demais filhos bastardos do bolero mexicano, as desditas de mau gosto, do tudo acabado entre, que a bossa-nova Zona Sul julgava ouvir no samba-canção.

A crônica se estende por muitas canções, atravessa várias fases da música popular brasileira, inclusive a ruim, tipo funqueiro e conclui assim:

– O hit-parade de 2018 é de príncipes pagodeiros, tigrões funkeiros, todos no tira-e-bota dos pego-e-desapego. Ninguém trai, não dá tempo. E com isso desaparece, quando se cruza com a ex-grande paixão, aquele sublime desejo de morte ou de dor. Quem alguma vez se deixou escravizar, e no abismo despencar, sabe do que se está falando.

– O amor era o ridículo da vida, mas dava um samba-canção lindo.”

Vamos ler a crônica por inteira. Basta uma buscada pela internet.

Chuva
Não choveu ontem no Rio Grande do Norte. É o que informa o boletim da Emparn.  Uma capengada no meio de março. No Ceará tem chuva em apenas 36 municípios, segundo a Funceme. Mais concentradas nas regiões da Ibiapina e do Litoral Norte, encostadas ao Piauí. A maior chuva foi no município de Granja, 39 milímetros.  Não choveu no Cariri do Padim Ciço.

Poucas chuvas também na Paraíba. A maior foi em Aguiar, pras bandas do Sertão (região Oeste), 37 milímetros.  Choveu também em Taperoá, de Manelito. Pouco: 7,9 milímetros. Mas na Fazenda Carnaúba, tenho notícia que já tem uma acumulada, este ano, de uns 200 milímetros, mais do que choveu todo ano passado. É pegar a estrada para dar um abraço em Mané.

A primeira eleitora
A norte-rio-grandense Celina Guimarães, a primeira mulher a votar no Brasil, aparece na capa do jornal O Globo, edição, de ontem, quando se comemorou o Dia Internacional da Mulher. Título da matéria, que é ilustrada com foto de Celina: “Há 90 anos uma mulher se alistava para votar pela primeira vez.

A matéria conta a história da conquista feminina no Rio Grande do Norte (citando o projeto pioneiro de Juvenal Lamartine) e em outros estados brasileiros.  O primeiro voto feminino aconteceu em Mossoró, mas Celina Viana era natalense. O direito de a mulher brasileira votar só foi aprovado em 1932, no ano seguinte elas participaram da primeira eleição.

Livro 
O Globo anuncia ainda na reportagem que agora no dia 22 será lançado o livro O voto feminino, da historiadora Teresa Cristina de Novaes Marques, professora da Universidade Federal de Brasília (UnB).  O livro conta toda a história dessa conquista da mulher brasileira.

Poesia 
O poeta e médico Napoleão Paiva de Souza está com novo livro de poemas pronto. Título: Segue o Baile.  O lançamento acontecerá no decorrer do mês de abril.

Por enquanto Napoleão está acompanhando as chuvas que caem em sua Alexandria, um espetáculo bonito por aquelas serras.

Política 
De Merval Pereira, em sua coluna de O Globo, acompanhado a cena de Brasília:

– O lançamento da candidatura de Rodrigo Maia foi um sucesso partidário, com a presença de vários partidos da base aliada. O presidente da Câmara transita muito bem entre todos os partidos da base aliada e em muitos da oposição; sabe negociar.

– O problema é transformar isso num potencial de votos que ele não tem no momento, e só terá se as máquinas partidárias dos aliados entrarem a favor dele. O problema é saber o que valerá na próxima eleição: a máquina partidária, ou a rejeição a essa máquina tradicional. Maia e Alckmin transitam na mesma zona e o que estiver melhor nas pesquisas deverá ter o apoio do resto da turma.

– Os partidos do centro estão em busca de um porto seguro na sucessão, por que terão que enfrentar outro tipo de candidato, como Bolsonaro, que tem apoio popular forte e a esquerda.

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