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A vontade de vencer

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Ivan Maciel de Andrade                                                                                                           
Procurador de Justiça e professor da UFRN (inativo)          

O Brasil passou para as oitavas de final da Copa do Mundo. É apenas um começo, certamente. Porque as partidas teoricamente mais difíceis, para as seleções classificadas, são as que ocorrerão nas próximas etapas. De qualquer forma, a última campeã mundial, a Alemanha, experimentou uma desclassificação amarga. E a tão cotada Argentina de Messi conseguiu classificar-se a duras penas.

A nossa seleção talvez não tenha brilhado, mas até agora, pelo menos, não decepcionou. No entanto, apesar de o Brasil estar classificado para a fase seguinte, muitos cronistas esportivos e torcedores, arvorando-se de técnicos, ainda desacreditam da nossa seleção, sob vários pretextos.

Antes se dizia que nossos jogadores não tinham espírito de luta (o que se chamava de “raça”) por uma questão de inferioridade étnica. Hoje, se alega que eles são muito ricos e, por isso, vencer ou perder não tem para eles um caráter dramático, por estar embotado o sentimento de nacionalidade.

Como se os melhores jogadores das grandes equipes de outros países também não fossem multimilionários. E em seus países, ao que me consta, eles não são vítimas desse tipo de suspeição. 

Não que eu confie tanto na conquista da Copa pela nossa seleção. Mas acho que temos jogadores com qualidades técnicas capazes de nos levar a resultados favoráveis contra quaisquer adversários. Embora sabendo que no futebol e sobretudo numa Copa — como dizem os locutores esportivos, usando e abusando de clichês e lugares-comuns — tudo é muito, muito imprevisível.

É verdade que, em meio à imprevisibilidade da própria vida, se deve reconhecer que o futebol é cheio de surpresas desconcertantes. Quando menos se espera, um time grande é derrotado, melhor seria dizer – esmagado, por outro de pouca ou quase nenhuma expressão. Sem que haja qualquer explicação lógica e convincente para tal fracasso. Talvez pese muito a heroica vontade de vencer.   

Essa vontade de vencer a qualquer custo, diante das piores adversidades, está retratada de forma insuperável no romance “O velho e o mar”, de Ernest Hemingway. O desafio do velho pescador é capturar um peixe-agulha: o maior peixe que ele já vira em toda sua longa vida de homem do mar.

Depois de sobre-humanos esforços, o velho consegue pescar o peixe e amarrá-lo ao frágil bote que utiliza em suas pescarias. Acontece, então, algo perturbador: um ataque maciço de tubarões.

Apesar da reação desesperada do pescador, os tubarões transformam o peixe – que era seu glorioso troféu – numa triste carcaça. O pescador, entretanto, se sentiu vitorioso, mesmo tendo voltado de mãos vazias – pela certeza que tinha de jamais ter fraquejado na luta que travara com o peixe. 

Os craques convocados por Tite não são muito diferentes dos que eram convocados por Dunga. Contudo, há uma enorme diferença no futebol jogado pela seleção nas partidas em que ela foi dirigida pelo atual treinador. Não falo só dos ótimos resultados que, numa série contínua, classificaram nossa seleção para as oitavas de final da Copa. Refiro-me aos bons desempenhos da seleção na era Tite.

Estou torcendo pela seleção, mas sem nunca perder o foco nas eleições que se aproximam.

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