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A voz do outro

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ESTÚDIO - Os custos de dublagem ainda não são compatíveis com o mercado nacional

Quem assiste a uma obra cinematográfica não imagina como é feito o áudio que soa nas entrelinhas dos quadrinhos iluminados. O som junto à imagem é um recurso imprescindível para o entendimento das histórias contadas nas telas. Usada como recurso para limpar ruídos das cenas ou substituir a voz original do ator por outra voz de língua diferente, a dublagem é uma necessidade para a finalização dos filmes. É quando os problemas das gravações externas são apagados e substituídos por sons limpos. No Brasil, a dublagem é mais usada para criar uma versão em português de filmes produzidos originalmente em outros idiomas.

O primeiro estúdio em Natal a experimentar profissionalmente o recurso é o Studium Produções. O produtor musical Jota Marciano despertou o interesse pelo cinema em 2002, quando foi convidado pelo cineasta Rui Lopes para fazer a gravação externa do filme “Recanto de Guerra” e o filme nacional “Segurança Nacional”, filmado no sul do país, e que ainda não foi concluído.

Depois disso, recebeu um convite inusitado e que está movimentando as perspectivas técnicas da dublagem na cidade. Com poucos recursos, o diretor Rui Lopes foi a campo para as filmagens do curta “Chuva de Caju”, quando gravou apenas as imagens do filme, deixando o áudio para ser feito em estúdio. Junto ao produtor Jota Marciano, iniciaram uma nova história da sétima arte natalense. Com um equipamento especial, Jota está em estúdio dublando cada parte do filme. O  processo é feito com equipamentos de última geração e é preciso dividir cada cena em chamados anéis de 20 segundos de duração, o que facilita a organização do áudio. “Estou com equipamento novo chamado Pro Tools HD 2, que permite a junção de áudio com vídeo captado em película. Apesar do trabalho mais demorado, a qualidade fica muito melhor, porque podemos captar um som mais limpo, livre de ruídos”, diz.

O processo de dublagem é lento. Para captar três minutos de áudio são necessárias 20 horas de estúdio, contando com a disposição e o desenvolvimento dos atores ou dubladores. No “Chuva de Caju”, Marciano usou a mesma técnica dos grandes estúdios de dublagem. O atores se posicionam no microfone com o texto e acompanham as cenas numa tela a sua frente. “É um processo minucioso, porque além da sincronia entre a voz e imagem, os atores precisam exercitar o olhar e a voz”, conta o produtor.

Como em Natal o mercado para dublagem é quase inexistente, o Studium representa uma pequena chama que pode incendiar em pouco tempo. “Temos a perspectiva de trabalhar muito mais, de expandir esse mercado antes inexistente e tão carente que faz parte da produção cinematográfica”, afirma.

Os custos ainda não são compatíveis com os grandes estúdios no sul do país. O gasto em material, manutenção e mão de obra técnica é alto. “Em São Paulo, a diária de um técnico de som para cinema é de 900 reais, mas nossa realidade é outra, temos que trabalhar com pagamentos baixos para conseguirmos engatinhar no mercado. E ainda tem a falta de apoio, os filmes que fiz até agora foram através de Leis de Incentivo”, finaliza.

O estúdio trabalha hoje com duas ilhas de edição digitais para gravações de discos, dvds e os recursos para gravações de cinema como as dublagens, além um estúdio móvel para captar os áudio nos sets de gravações. 

“Chuva de Cajú” é o primeiro filme potiguar dublado

A dublagem  do filme “Chuva de Caju” foi opção do diretor Rui Lopes por conta dos desencontros dos horários dos atores e a produção do áudio. “A escolha foi circunstancial mesmo, como tínhamos pouco tempo para filmar o curta, resolvi começar e depois cuidar dessa parte do som. Senti muita segurança por saber que Jota Marciano tinha investido nos equipamentos para a dublagem e fiquei tranqüilo”, conta o cineasta.

Esse é o primeiro filme do Rio Grande do Norte em película a ser dublado. Segundo o diretor, os atores se adaptaram rápido à dublagem. “Primeiro foi um susto para todo mundo, mas depois tudo fluiu, eles se divertem muito. É incrível como temos possibilidades com a tecnologia, ela faz milagres”, diz exaltado o diretor.

O curta costura histórias de vida com a importância do caju para a cultura do nordeste. “É uma história de ficção que mostra como o caju está presente nos folguedos, na contagem do tempo pelos indígenas através das castanhas e em nossa culinária”, conta. O curta tem previsão para estrear ainda este ano e será um marco na história do cinema do Rio Grande do Norte.

Serviço:

O Studium Produções fica localizado na rua Almeida Castro, 1284, Tirol. Mais informações pelo telefone 3222.6338 ou através do site www.studiumproducoes.com.br

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