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ABC em guerra santa

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Rubens Lemos Filho

Nas guerras , ganhar uma batalha não significa a certeza da volta para casa. Redundante, reconheço. Lembro o explosivista maluco do clássico Guerra ao Terror, Sargento William James(Jeremy Renner, impecável), desarmando bombas como se dissesse: “Venha morte, venha me pegar”.

Fosse o técnico Roberto Fernandes, exibiria o clássico, vencedor do Oscar 2010 aos jogadores do ABC antes da partida contra o Confiança(SE), hoje  no Frasqueirão. Jamais para estimular violência. O filme não é nada parecido com truculência. É a constatação de que a coragem, ainda que emocional, é o roteiro do time na reta final da Série C.

Esquecer o Treze, deixar a vitória de sábado para lá. Partir para cima confiante e ocupando cada espaço, mostrando ao adversário que o Frasqueirão joga, a massa impulsiona cada jogador, o ataque é a melhor arma.

O Sargento James cumpria cada missão como se fosse a primeira. Sua patrulha tremendo de medo de virar picanha e ele cantando rock e cortando fios de C-4, material capaz de destruir bairros inteiros. O ABC tem tudo para ficar na Série C. Seu astral mudou com Roberto Fernandes. A atmosfera é alegre. Só  não pode vacilar. O Sargento James nunca errou. No filme.
Balela
Nem me bateu a passarinha a balela do licenciamento do América. Para quê? Para voltar pelo Matutão de Luxo da Segunda Divisão Estadual? Piada. Sempre que o América perde uma competição, surge o papo. O América é muito, muito maior do que seus dirigentes. O América é instituição do Rio Grande do Norte. Não é um clube de cardeais. Se é, tem de deixar de ser.

Fechado
O América é fechado. O América não é agressivo no marketing. Sua melhor comunicação é feita pelos sites e portais de torcedores. Ao América falta um link com o torcedor classe média(o pobre mais ou menos), o América deve funcionar o ano inteiro, as derrotas são melhores professoras que os triunfos. A solidão do revés identifica quem, de verdade, está interessado no bem do clube.

Pensar
O segundo semestre do América deve ser de planejamento para o próximo ano. Deve-se enumerar os erros para não repeti-los. Falar em ir embora é maltratar o já sofrido torcedor. Já imaginaram o coitado do Baé, sem ter o América para respirar? O América é o oxigênio de milhares de pessoas. O América vai continuar. Para o bem de todos.
Reencontro
Amanhã, depois do meio-dia pingar, tem reencontro dos campeões de 1979 pelo ABC no futebol de salão. Na AABB, nas florestas do Tirol. Futebol de salão, que morreu no Rio Grande do Norte. Uma seleção de craques de bola e de integridade. Via, com retina de menino encantado, aquele time brilhar, ser tricampeão até 1981.
40 anos depois
Vão estar juntos Nilson Barrote(meu Deus como pegava bola!), Armando, Jorge, Leonel, o bailarino, Cabral, o cerebral, Clóvis, o artilheiro dos gols bonitos, Marcus Vinicius, Marquito, Clóvis, Mário Sérgio, Gileno(sou tão fã que escrevo revendo seus golaços na memória), Abel,  Júnior Gerente, Nelson, Juca, outro espetáculo, Vem-Vem, implacável finalizador e Pedro Jorge. Claro, o bigode ancestral do técnico Jucivaldo Félix.
Milionários, a injustiça
Saiu a lista dos 10 jogadores brasileiros mais caros, baseada nas negociações recentes. É de causar urticária de irritação. Vamos aos enganadores e valores: Éder Militão – 50 milhões de Euros, Rodrygo, 45 milhões, Neto, 26 milhões, Wesley, 25 milhões, Thiago Mendes, 22 milhões, Felipe e Renan Lodi, 20 milhões. Diego Carlos, nome de cantor de churrascaria de beira de BR, 15 milhões. Douglas Santos e Emerson, 12 milhões. Pelé não ganhou tanto até ir para o Cosmos de Nova York, aos 35 anos.
Cobrar
Cobrar o quê de uns moleques sem talento e ricos tão cedo? Amor ao Brasil? Os subprodutos de Neymar(calça aparecendo a cueca, tatuagem até no orifício inviolável(ao menos, deveria ser), gosto musical de esgoto, adoração a mulheres vigaristas), atestam a falência de um esporte que já pertenceu ao povo.

Goleada potiguar

Cito 10 que vi jogar em Natal que, se o imponderável permitisse juntá-los, enfiariam 25 a 0 nessa turma endinheirada. E muitos passam necessidades básicas. Vamos lá: Alberi, Hélcio Jacaré, Marinho Apolônio, Dedé de Dora, Souza, Sérgio Alves, Odilon, Reinaldo, Reinaldo Aleluia e Silva. Fariam até roda de bobo. Com os bons de conta e ruins de bola.

Memória

Há exatos 38 anos(12 de julho de 1981), o América vencia o ABC pela primeira fase do primeiro turno do Campeonato Estadual. Foi 1×0, gol do baixinho Norival, meio-campista gaúcho vindo do Coritiba(PR). O Castelão(Machadão), recebeu 11.440 pagantes. O árbitro Barros Neto expulsou o atacante Mário, do América.

Times

América: César; Ivan Silva, Lúcio Sábia, Jaílson e Vassil; Jorge Bonga(Gilson Lopes), Norival e Didi Duarte; Sandoval, Mário e Severinho(Soares). Técnico: Otávio César. ABC: Caetano; Dão, Jorge Luís, Cláudio Oliveira e Joel; Arié, Beto e Noé Macunaíma; Juarez, Da Silva e Tinho. Técnico: Erandy Montenegro.      

Otávio, fujão Otávio César, o técnico naquele clássico, viveu uma história conturbada no América. Vou contar à turma nova. Goleiro pequeno, ágil, foi bicampeão em 1974 e 1975 e nunca perdeu para o ABC. Depois de jogar, foi supervisor e eterno interino como treinador. Em 1984, sem receber o dinheiro de uma dívida trabalhista, saiu dirigindo o ônibus do clube. Levou o busão com ele e saiu sem deixar pistas. Reapareceu em 1988, de técnico do ABC, uma lástima.

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