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ABC emplaca venda de atletas e consegue recursos para 2020

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A pandemia causou problemas financeiros em todas as esferas da economia. No futebol a situação não foi diferente e para amenizar os efeitos da crise, alguns clubes utilizaram seus “ativos” para fazer caixa. A venda de jogadores é, no mundo futebolístico, uma das principais formas de fazer caixa e, apesar do momento ruim, o ABC foi um dos clubes que mais conseguiu “fazer dinheiro”, conseguindo, assim, suportar a pressão da temporada.

“Em um momento de muita crise financeira no país e no mundo a gente tem que ir se virando e contornando as situações”, explica Gustavo Cartaxo que, desde outubro de 2019 chegou ao clube e já conseguiu emplacara quatro negociações e tem uma “na agulha” para sair.
Ala Reginaldo recebeu propostas do Corinthians e do Palmeiras e pode se transferir em breve

Cartaxo relembra que a primeira negociação feita por ele foi a de Jeferson Vinícius, que está no Grêmio. “Essa foi a primeira. Ele iria voltar para o ABC e a gente fez a venda dele para o Grêmio. Depois dele temos o Jordan, que está indo para o Ceará, reginaldo, que tem propostas de Corinthians e Palmeiras e temos o Alisson, meia despontando no time profissional. São atletas que hoje se destacam e a gente está fazendo negociações”, revela o dirigente.

Cartaxo fala que Alisson está no profissional do ABC e que vai jogar pelo clube. Segundo ele, o atleta já foi “sondado” por outros clubes, mas nada foi oficializado junto ao Alvinegro potiguar.

“É uma saída para o clube nesse momento de crise. A gente precisa negociar esses ativos para poder se sustentar até o final do ano. Até porque, nós não temos cota, não temos dinheiro extra, pelo contrário a gente tem as despesas que são cada vez mais altas, mas eu acredito que a gente vai conseguir fazer essas negociações para ajudar financeiramente o clube”, explica Cartaxo.

O dirigente ainda lembra que outra negociação importante feita pelo ABC este ano, mas conduzida pelo vice-presidente das categorias de base, Fred Menezes foi a do zagueiro Ítalo, que foi comprado pelo Flamengo. “É um garoto de 16 anos, que se destacou aqui, jogou a Copa São Paulo com 15 anos e tem um futuro muito promissor e que acredito vá dar muitas alegrias lá para o Flamengo, para a família dele e, consequentemente, para o ABC que vai receber o dinheiro pelo negócio”, conclui.

O clube ainda conseguiu concluir a negociação do zagueiro Tonhão, em definitivo, com o Grêmio, e o recurso foi importante para o Alvinegro saldar despesas na temporada.

Mercado externo

Se para o ABC o mercado acabou sendo a saída, a atual janela de transferências do meio de ano deixou de ser um período movimentado de saídas de jogadores dos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro rumo ao exterior. Entre junho e o início de setembro deste ano, as equipes nacionais embolsaram 25% menos com negociações do que conseguiram no mesmo período do ano passado.

Segundo levantamento feito pelo Estadão no site Transfermarkt, especializado em monitorar negociações de atletas, a janela correspondente ao atual verão europeu tem sido muito tímida, para a tristeza dos brasileiros. Ao todo, os times da Série A embolsaram em 2020 cerca de R$ 713 milhões com as transferências de 44 atletas rumo ao exterior nos três últimos meses. No ano passado, o dinheiro movimentado foi de R$ 945 milhões com as saídas de 76 jogadores.

O impacto disso nos times do Brasil é enorme. Um estudo recente feito pela consultoria E&Y mostrou que em 2019, os clubes brasileiros da Série A tiveram 27% das receitas dependentes exclusivamente do lucro feito com a saída de jogadores. Nos orçamentos dos times nacionais, somente as cotas de televisão correspondem uma fatia maior, correspondente a 38% dos recursos recebidos.

“O cenário é preocupante. O futebol brasileiro vive uma situação caótica na parte financeira. A possibilidade de receitas diminuiu drasticamente”, resumiu o diretor de futebol do Atlético-MG, Alexandre Mattos. Fora não conseguir vender atletas como era esperado, os clubes não têm receita de bilheteria porque precisam jogar com os portões fechados e passaram por perdas de patrocinadores.

Com experiência de 15 anos na profissão, Mattos disse que o principal problema da queda nas transferências é não concretizar vendas de atletas que geralmente estão pouco cotados. “A possibilidade de se vender algum titular sempre existe. Mas geralmente você precisa negociar jogadores pouco utilizados para se poder completar um projeto, atingir uma meta. Com a pandemia isso ficou inviável”, explicou.

Fora a quantidade e a receita com as vendas ao exterior serem menores neste ano, em outro aspecto comparativo 2020 perde para 2019. No ano passado, o Santos fechou a venda de Rodrygo ao Real Madrid por cerca de R$ 281 milhões, na maior transação do período. Agora, a grande venda desta janela foi por um valor bem inferior. O atacante Éverton deixou o Grêmio rumo ao Benfica, de Portugal, por R$ 125 milhões.

Para um dos empresários mais atuantes do mercado, Marcelo Robalinho, a pandemia não mexeu apenas com as finanças dos clubes estrangeiros, mas atrapalhou até a dinâmica de como as operações são feitas. “Quando um time europeu vai fazer uma contratação importante, envia ao Brasil vários observadores para ver partidas presencialmente e até conversar com o jogador, para ver como ele age, qual é o comportamento dele e se vale fazer o investimento. Mas sem poder viajar, fica difícil”, disse o agente, que tem 20 anos de atuação.

Segundo outro empresário do ramo, Giuliano Bertolucci, o volume de vendas do Brasil para o exterior só deve se normalizar daqui dois anos. “Os jogadores que se destacam nas competições já estão no radar dos grandes clubes, porém serão negócios pontuais para aquelas equipes com muita necessidade do atleta específico”, afirmou à reportagem.

Os clubes europeus têm estudado formas de continuar a se reforçar, porém com o cuidado para gastar menos. Segundo a advogada inglesa Liz Soutter, especialista na área financeira do direito esportivo do escritório Effori Sports Law, um novo formato de operação está em alta. “Os clubes compradores estão atentos a esse contexto e utilizando modalidades de pagamentos parcelados feitos a partir de financiamentos com bancos e investidores”, contou.

Sócio do mesmo escritório, o advogado Nilo Effori avaliou que o mercado europeu continuará com postura cautelosa para fazer negociações ainda pelos próximos anos. “Existe uma grande insegurança na Europa sobre uma nova onda do coronavírus. Ninguém quer contratar um jogador caro. A quantidade de empréstimos gratuitos entre as equipes aumentou muito na Europa”, disse.

Aos times brasileiros, uma oportunidade futura para compensar as perdas desta janela do meio do ano pode ser vender as revelações mais badaladas. De acordo com a estimativa do próprio site Transfermarkt, os atletas mais valiosos em ação no futebol brasileiro são Gabriel Veron, do Palmeiras, cuja multa rescisória é de R$ 377 milhões. O outro nome é o volante Matheus Henrique, do Grêmio, cuja multa contratual é de R$ 530 milhões.

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