terça-feira, 14 de maio, 2024
26.1 C
Natal
terça-feira, 14 de maio, 2024

ABC; nova ordem

- Publicidade -
O plano de redistribuição de despesas realizado pelo ABC, prevendo uma maior concentração de recursos na área do futebol profissional, de acordo com o presidente Bira Marques, nada mais é que a necessidade de o clube se adequar à nova ordem financeira. Com recursos escassos, problema que se originou com as quedas seguidas da equipe da Série B até a Série D do Brasileiro. Bira, após assumir os destinos do Alvinegro de forma recente, diz que se sentiu na obrigação de montar uma nova planilha de gastos, priorizando a razão de ser do clube em busca do acesso na competição nacional.
O presidente do ABC, Bira Marques, assumiu a cadeira no lugar de Fernando Suassuna, que renunciou ao cargo. Desafios são grandes e mudanças profundas são necessárias no clube
O calendário de 2021 já está garantido, o ABC já tem uma vaga na Copa do Brasil assegurada e, com a conquista da Copa Cidade do Natal, primeiro turno do Campeonato Estadual, além de assegurar vaga na final da competição potiguar, possui presença confirmada na pré-Copa do Nordeste e, no caso de conquista do título estadual, passará direto para a fase de grupos da competição regional. Então a administração de Bira Marques resolveu centrar as atenções no Brasileiro, se propondo a retirar quantias do orçamento destinados as demais áreas do clube, na condição de manter o elenco e brigar forte pelo acesso.
“Há seis anos o ABC integrava a Série B do Brasileiro, os recursos que entravam no clube eram bem maiores e permitiam que a diretoria realizasse um alto investimento nas suas categorias de base. Então com os rebaixamentos começamos a perder recursos financeiros e não alteramos os investimentos realizados nas demais áreas. Fernando Suassuna assumiu o clube e iniciou um processo de enxugamento de receitas, com a finalidade de garantir recursos para que o ABC pudesse pagar a folha rigorosamente em dia. Na minha visão, infelizmente, nós ainda teremos de fazer ajustes dentro desse aperto financeiro, que independe dos problemas gerados pela pandemia”, explicou Bira.
O dirigente ressaltou que os ajustes que teriam de ser realizados em outras áreas já ocorreram e, que agora, chegou a vez de readequar os gastos com as divisões de base.
“Esse setor das bases foi pouco mexido, mas numa situação dessas é até natural que ocorra esse tipo de readequação. Neste momento seremos obrigados a relocar verbas para o futebol profissional, porque em se tratando das bases, ninguém sabe mesmo quando as competições vão voltar a ser realizadas”, destacou.
Com o bloqueio dos recursos da Timemania, em favor dos acordos assinados na Justiça do Trabalho, além de uma arrecadação muito baixa, o ABC amealha aquilo que lhe resta de crédito na praça: falta receber apenas mais uma parcela da venda do zagueiro Tonhão para o Grêmio-RS, mais a terceira parcela da cota de participação na Copa do Nordeste. Frente a limitação de recursos, mesmo com o auxílio da CBF, a diretoria fez o pagamento de apenas parte da folha do mês de março, aos atletas, mas em relação aos funcionários a maioria deles está com o salário quitado, segundo Bira Marques.
“Assumi há pouco tempo, ainda estou tomando ciência da situação real no ABC, mas a informação que tenho é que os funcionários que recebem até um certo teto salarial foram todos pagos. Essa questão de atraso, por exemplo, com o pessoal do administrativo desconheço, mas vou procurar saber. Aqueles funcionários com vencimentos mais altos, entraram dentro da medida lançada pelo governo federal, permitindo a empresa pagar 30% do salário, com a União se responsabilizando pelos 70% restante na complementação do vencimento do trabalhador. Os atletas receberam apenas uma porcentagem, falta pouco para concluir o pagamento da folha de março, o ABC não está atrasado dois meses”, ressaltou.
 Com a CBF realizando planos de retomar a temporada do futebol em junho, Bira Marques acredita que está perto de as autoridades expedirem o sinal verde para o retorno das atividades nos clubes, previsto para meados de maio. Isso pelo fato de todas as equipes necessitarem realizar uma espécie de intertemporada, para que os atletas ganhem condições de disputar as partidas.
“A grande questão é que tínhamos realizado a pré-temporada e, com a paralização de quase dois meses, os atletas perderam praticamente todo condicionamento adquirido no início do ano. Então seremos obrigados a ter um período novo de preparação do elenco, necessitaremos, no mínimo, de uns vinte dias para podermos estar em condição de jogo novamente”, acredita o presidente alvinegro.
Com o caixa espremido, para Bira Marques, o grande reforço alvinegro na segunda metade do calendário nacional será manter o elenco. Cético em relação a entrada de novos recursos, após a paralisação do mercado, também devido a pandemia, o presidente abecedista ressalta que não está tratando da contratação de reforços para o clube neste primeiro momento e, que, a prioridade, será as renovações dos contratos com Jailson, João Paulo e Igor Goulart, atletas considerados como fundamentais pelo treinador Francisco Diá.
“Não falamos em contratações, temos de unificar os discursos e o nosso pensamento é manter o salário dos nossos profissionais em dia. 90% do elenco que dispomos, possuem contrato até setembro. Hoje o ABC já possui uma boa base, acredito, para participar de qualquer tipo de competição. Temos atletas com os vínculos próximos de acabar e que precisamos negociar as renovações, mas que já sinalizaram positivamente e pretendem continuar no clube, o que facilita a situação”, afirmou.
Em relação aos gastos extras, provocados pela Covid-19, que obrigará os clubes a realizarem testes para mostrar a presença do coronavírus ou não, nos profissionais ligados ao futebol, o presidente do ABC disse que, apesar da crise financeira, não possui receio em relação a questão.
“Na reunião que tivemos na Federação Norte-rio-grandense de Futebol (FNF), ficou claro que iremos depender muito da liberação das autoridades estaduais para retomarmos as competições. Estamos cientes da necessidade da realização dos testes com o nosso elenco e, tudo indica, que será mais um gasto a ser debitado na conta dos clubes, mas não é pela necessidade da realização dos exames que o ABC vai deixar de disputar alguma competição. Apenas acho que ainda não está na época de realizar os testes, quando houver a necessidade eles serão realizados”, assegurou o dirigente.
Vendo o clube mergulhado em dívidas crescentes, que segundo um levantamento do conselheiro Bira Rocha podem chegar na casa dos R$ 35 milhões, a diretoria alvinegra já começa a se movimentar no sentido de levar a venda, partes da área que o clube dispõe na Rota do Sol e onde estão encravados o estádio Frasqueirão e o CT Alberi Ferreira. No sentido de buscar agilizar a transação, foram criadas a Comissão de Alienação, responsável por identificar os bens do clube passíveis de venda para quitação das dívidas. O grupo é constituído por Paulo Tarcísio Lopes, Luís Dias Cabral de Macedo Júnior, Renato Alexandre Maciel Gomes Netto e Wilson Luiz Cardoso. Bem como a Comissão de Execução, responsável por estabelecer e executar os planos de ação inerentes a venda dos patrimônios destinados à quitação das dívidas do ABC, conferindo transparência ao processo, com a obrigação de apresentar um plano de utilização dos recursos e realizar as prestações de contas. Esse grupo terá como integrantes os seguintes conselheiros: Bira Rocha, Christyan Emanuel Meneses Paiva, Tacinildo Lucas Pegado e Sílvio Câmara de Oliveira.
“Temos algumas propostas em relação ao patrimônio do ABC. As comissões foram criadas no sentido de melhorar as negociações, são pessoas habituadas ao mercado e que irão favorecer na realização das negociações futuras. Nossa intenção maior é realizar tudo dentro da mais alta transparência, para que não reste um pingo de dúvida a ninguém. Vamos ver a questão da valorização da nossa área, a maneira mais rápida e eficiente de resolvermos o problema dessa dívida imensa que acumulamos, será negociando parte do patrimônio. Nossa intenção é liquidar os débitos e realizar algumas melhorias, investindo num novo centro de treinamento para nossa base e onde o conselho achar melhor realizar um novo tipo de aplicação”, informou.
Bira Marques reforçou o otimismo em sair dessa situação difícil e deixou claro confiar na força da torcida para superar os problemas mais emergentes, por isso, conclama os alvinegros a se associarem ao clube, promovendo uma injeção de dinheiro extra. O presidente abecedista pede ainda aos associados que mantenham suas mensalidades em dia, apontando que todos esses recursos serão utilizados em prol do futebol.
- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas