Rubens Lemos Filho
Ricos e pobres pedantes merecem a guilhotina. Há ricos bons e ruins e pobres ótimos e péssimos. Insuportável é o pobre intrometido. Pobre que força a barra para entrar em roda de bacana para postar selfie no Instagram e no Facebbok, fora o Twitter. E aperrear o juízo de Rosalie Arruda Câmara e Tiago Cavalcanti, colunistas da Tribuna do Norte, por uma foto posando de grã-fino depois de entrar de penetra.
O ABC sempre soube seu lugar. De clube do povo, massa infinita formando um painel humano gigante e sem rosto. O ABC era o retrato do passional. Na derrota, o desabafo aos sacrossantos palavrões. Diz que não voltará jamais. No próximo jogo, lá está ele, radinho de pilha com a cara lavada dos insistentes do amor.
Desde 2010, o ABC tratou de virar rico. Na aparência e nas atitudes. Campeonato da Série C ganho, trio elétrico e multidão espremidos na frente do estádio, começava a descortesia na barração de ex-dirigentes que queriam subir na geringonça. Ser chique é da natureza de cada um. Ponha toda a variação de maquiagem numa profissional e, naturalmente, será aceso o placar em luz neon na testa dela: “Puara”.
Cego de bom senso, o ABC fez propaganda de ônibus de luxo, de tudo o que aquele paraíso artificial mostrava e dominava o inconsciente do torcedor desacostumado com tantas regras e exigências para simplesmente entrar no Frasqueirão e ver um jogo ou um treino. Houve demissão de figuras icônicas como o médico Roberto Vital. Adulação a forasteiros que tiveram poder de mando e mandaram às favas a glória do ser preto e branco.
O ABC, queixo empinado, fez boas campanhas, formou times bem bacanas, especialmente quando Flávio Anselmo estava lá, liderando o futebol. Flávio conhece todos os caminhos e escaninhos do universo da bola. Formou o último meio-campo malandro de ginga: Basílio, Ricardo Oliveira, Cascata e Jackson. Foi descartado.
Vencendo campeonatos estaduais e deles fazendo referência, o ABC foi caindo e subindo, sendo rebaixado e se recuperando em sequência irregular. Foi tolerável enquanto o pêndulo girava entre as Séries B e C. O ABC, de tanta incompetência burra, pois intransigente, chegou à Série D, ao calabouço, à escória do infeliz futebol nacional.
Nesse período(2010/19), a resistência começou com um grupo de jovens , avolumou-se e reconduziu o presidente Judas Tadeu. Eleição radical. Dividiu amigos. O próprio Judas, horas depois de eleito, traiu seu discurso, cercado de bajuladores e de adversários, esquecendo quem suou a camisa por ele.
A corda esticada no ABC, agora com ação judicial para impedir venda de terreno, jamais romperá, porque o lado antes majoritário sempre esnobou a meninada. Falta capacidade de perpetuar a cultura do alvinegro, um ente popular, bem acima de um simples clube, disforme e especializado em incapacidade gerencial e em causar sofrimento nos seus adoradores mais humildes. O clube que meu pai, aqui mesmo nas trincheiras da Tribuna, um dia poetizou: “ABC, clube que é , sem vaidade, o rosto alegre de uma cidade”. Rubão, ABC virou carranca.
Besteirol
O presidente do ABC, Fernando Suassuna, ao justificar jogos na Arena das Dunas, disse que “Time bom joga em qualquer canto. Não tem isso de meu território não. É coisa de índio”. O homem não dá uma dentro. Se houvesse 5a Divisão, ele rebaixaria o ABC. Se houvesse Série F, rebaixava também. Rebaixar é com ele mesmo.
Bira
Tem efeito forte a presença de Bira Rocha na Rota do Sol. Autoridade faz o homem. Bira vem dos idos de Jorginho, passando por Danilo Menezes e Alberi. Conhece o ABC de trás para a frente. Vai perceber logo, logo, a incompetência amadorística a cercá-lo.
Comissão
Conta com mais de 10 integrantes a comissão do técnico Waguinho Dias no América. Pegue cinco salários dessa gente e dá para contratar um jogador melhorzinho aqui mesmo pelo Nordeste. Mais de 10 pessoas não é comissão. É quase uma convenção. O goleiro poderia ser Baé, o torcedor-símbolo. Fecharia os 11.
Meterla
O médico do América, Materlinck Rêgo, 48 anos de clube, foi informado pela diretoria que será homenageado. Justo, justíssimo. Meterla é a cara do América. Ele e os filhos, Marcelo, Márcio e Marcos, os dois primeiros, voltando ao clube para o estadual.
PSG x Craques
Hoje às 20 horas, tem clássico de craques da antiga. A escolinha do PSG é no Conjunto Pitimbu. Os professores enfrentam jogadores históricos: Dennis e Gileno, Sílvio e Marquinhos(futsal), Barata, Moura, Fabiano Paredão e Severinho.
Massacre
O América esmagou o ABC (4×1) na decisão do Sub-17. Vi o jogo pela internet. Ninguém me contou. O América é de uma superioridade transatlântica e o ABC, um timeco. O América tem uma promessa de craque: Amarildo, menor de 15 anos com personalidade de adulto. ABC, coitado, amontoado.