Ricardo Araújo
Editor de Economia
O primeiro semestre deste ano encerrou com um número negativo no mercado empresarial do Rio Grande do Norte. O volume de abertura de empresas na Junta Comercial do Estado (JUCERN) apresentou queda de 25% em relação ao mesmo período do ano passado. As solicitações de baixa de empresas (fechamentos) sofreu aumento de 0,5% no mesmo intervalo de tempo ante os seis primeiros meses de 2019. A estimativa é que os efeitos da pandemia do novo coronavírus sejam sentidos ao longo do segundo semestre, com ampliação nas baixas. Conforme estimativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte (Fecomércio RN), pelo menos 12 mil negócios podem encerrar definitivamente as atividades no Estado por causa da crise provocada pelo isolamento social e fechamento dos empreendimentos comerciais por aproximadamente quatro meses.
Em números consolidados pela JUCERN, de janeiro a junho deste ano foram feitas 2.866 solicitações de novos negócios. No mesmo período do ano passado, esse número era de 3.811. O quantitativo de empresas que encerraram suas atividades se manteve estável no referido intervalo de tempo. São 2.345 baixas em 2020, e 2.334 nos mesmos meses de 2019.
“Como era esperado a pandemia afetou o setor econômico significativamente, ainda mais se lembrarmos que o Rio Grande do Norte vinha em uma crescente. Segundo dados da JUCERN, no ano passado foi registrado o maior aumento em dez anos no número de empresas abertas, um incremento de 15%. E agora, o setor produtivo está sendo afetado pelo momento atípico. A Junta Comercial está se adaptando ao momento de isolamento social, priorizando os serviços digitais e a desburocratização de procedimentos, para apoiar o nosso empreendedor”, destaca o presidente da JUCERN, Carlos Augusto Maia.
Para o presidente da Fecomércio RN, Marcelo Queiroz, a queda na abertura de novos empreendimentos no Estado reflete um efeito primário da pandemia do novo coronavírus. Esse efeito, conforme previsão da entidade, poderá se agudizar ao longo dos próximos meses.
“Este é mais um indicador da desaceleração brutal que a economia vem sofrendo, como efeito primário da pandemia. Os números negativos vêm se avolumando e são preocupantes. Felizmente, com o início efetivo da retomada gradual da atividade econômica em nosso Estado, esperamos que este movimento comece em breve a se reverter, reduzindo os impactos nocivos, que são os mais variados, de curto, médio e longo prazos, que já esperamos para a economia como um todo. Infelizmente, ainda deveremos levar um tempo para que possamos falar em volta do crescimento econômico no Rio Grande do Norte e no Brasil de uma maneira geral. Nossa expectativa é que isso ocorra, de fato, lá pelo final do primeiro trimestre de 2021”, avalia Queiroz.
O presidente da Confederação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Norte (FCDL RN), José Maria da Silva, compartilha de pensamento similar ao do colega Marcelo Queiroz ao avaliar os dados da JUCERN.
“Esses números negativos são um reflexo da crise econômica que estamos passando provocada pela pandemia da covid-19. O ano de 2020 começou com perspectivas positivas e um cenário otimista para a economia. De uma hora para outra tudo parou. As incertezas do momento levaram muitos empreendedores a recuar. Quem estava pronto para iniciar um novo negócio, investir ou ampliar área de atuação optou por segurar um pouco, esperar por uma estabilidade da economia, ou ao menos um cenário favorável para empreender. Esses números são ruins para economia, para o emprego e para o desenvolvimento do Estado. Mas precisamos ser otimistas e acreditar que esse recuo foi necessário para o momento, mas que será revertido. O brasileiro é empreender, criativo e aguerrido. Tenho certeza de que vamos virar esse jogo”, afirma.
Pandemia
Os meses com os menores registros de abertura de empresas no Rio Grande do Norte em 2020 são justamente aqueles nos quais os casos de covid-19 explodiram. Em abril deste ano, o primeiro mês completo de isolamento social e fechamento das atividades econômicas no Estado, a JUCERN registrou 291 novas empresas. No mesmo mês do ano passado foram 643. Em maio, nova queda. De 747 em 2019 para 363 em 2020. Em junho, situação um pouco melhor, mas ainda de queda: 578 em 2019 para 482 este ano.
De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Natal (CDL Natal), José Lucena, o mercado como um todo atravessa um ciclo de incertezas.
Atividade
Para ele, o comércio vive hoje um círculo danoso de atividade econômica. “Temos um vírus como inimigo oculto. A solução só virá quando nossos cientistas descobrirem a vacina. Até lá, temos que trabalhar para atenuar os danos, reabrindo os estabelecimentos aos poucos, de acordo com os segmentos, seguindo rigidamente as normas das autoridades sanitárias e da Organização Mundial de Saúde”, frisou.
Janeiro
2019: 618
2020: 582
Setores – Aberturas
Comércio: 1.066
Serviços: 1.358
Indústria: 442
Porte
Pequeno: 342
Microempresa: 2.209
Normal: 315
Fevereiro
2019: 639
2020: 586
Março
2019: 586
2020: 529
2019: 643
2020: 291
Maio
2019: 747
2020: 363
Junho
2019: 578
2020: 482
Total
2019: 3.811
2020: 2.866
Baixas
Janeiro
2019: 424
2020: 514
Fevereiro
2019: 421
2020: 437
2019: 333
2020: 400
Abril
2019: 411
2020: 302
Maio
2019: 440
2020: 356
Junho
2019: 305
2020: 317
Total
2019: 2.334
2020: 2.345
Setores – Baixas
Comércio: 1.135
Serviços: 880
Indústria: 330
Pequeno: 163
Microempresa: 1.883
Normal: 299