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Academia do Cordel se renova

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Ramon Ribeiro
Repórter

É com o objetivo de fortalecer a união dos cordelistas potiguares em torno da poesia popular que a nova diretoria da Academia Norte-Riograndense de Literatura de Cordel (Anlic) toma posse neste sábado (20), em Santa Cruz. A poeta Antônia Mota do Nascimento, a Tonha Mota, assume a presidência da instituição no lugar de José Acaci. “A Academia foi criada com a missão de valorizar a literatura de cordel. Nos últimos anos nós, membros, estivemos dispersos. Assumo agora a instituição com a diretriz de unir forças para divulgar nossa poesia”, conta a nova presidente da Anlic. A cerimônia de posse acontece no Teatro Candinha Bezerra, a partir das 19h, com entrada franca. Na ocasião também serão empossados os novos membros Fernando Antônio Soares dos Santos (Nando Poeta), Helio Gomes Crisanto e Gilberto Cardoso dos Santos.

Paraibana de Taperoá, Tonha Mota vive há 40 anos em Natal. Atualmente coordena a Estação Cordel, que reúne acervo literário

Paraibana de Taperoá, Tonha Mota vive há 40 anos em Natal. Atualmente
coordena a Estação Cordel, que reúne acervo literário

Fundada em 2011, a Anlic conta com 40 cadeiras, nem todas ocupadas. Dentre seus membros estão cordelistas, editores, xilogravuristas e pesquisadores. A instituição está organizada nos mesmos moldes da Academia Norte-Riograndense de Letras (ANRL). “A diferença é que temos um perfil mais popular”, diz Tonha, que integra a instituição desde os primeiros anos.

“Quando a Anlic foi criada a produção de cordel estava muito dispersa. Faltava mais contato entre os poetas. A Casa do Cordel era o único espaço que trabalhava a poesia popular. Então se pensou na fundação da Anlic para aproximar o pessoal que produz para que juntos pudéssemos divulgar mais a literatura de cordel”, lembra Tonha.

Dentre algumas ações previstas, a nova presidente pretende divulgar mais a produção do interior em Natal, bem como expandir a produção da capital por outros municípios do Estado. Ela também prevê aproximar mais a Anlic de outras academias de cordel do Nordeste. Para março, mês do centenário de morte do cordelista pioneiro Leandro Gomes de Barros, a ideia e organizar uma comitiva potiguar para visitar o atelier do poeta em Recife.

É sonho de Tonha também concluir seu mandado com a articulação de uma sede para a Anlic. “Precisamos de um espaço para armazenar nosso acervo de cordéis, montar uma biblioteca, realizar exposições, divulgar o trabalho dos nossos patronos. Uma sede seria uma conquista muito importante”, argumenta a poeta.

Nascida em Taperoá, na Paraíba, Tonha vive em Natal há 40 anos. Embora escrevesse poesia desde a juventude, ela só começou a publicar no início dos anos 2000. “O que fazia deixava guardado. Como meu irmão era um poeta conhecido na Paraíba, eu tinha vergonha que fizessem comparações. Mas tomei coragem e passei a publicar”, lembra a poeta, irmã do saudoso repentista e violeiro Zé Vicente da Paraíba. Além de nova presidente da Anlic, ela também é uma das fundadoras da Estação do Cordel (Cidade Alta) e oficineira.

Há duas décadas em São Paulo, Edinho e Cida Lobo estão de volta para temporada em Natal e se apresentam na Estação Cordel

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temporada em Natal e se apresentam na Estação Cordel

Produção do interior
Tonha vê em Natal uma cena forte de cordel. Ela reconhece que esse crescimento da literatura popular se deve ao papel importante de espaços culturais como a Casa do Cordel e a Estação do Cordel, que além da comercialização dos folhetos, promovem ações diversas, como bate papos, shows de viola, apresentação de repentistas e exposições. Mas ela acredita que a produção está muito concentrada na capital porque não se divulgam os poetas do interior. Para ela, ainda há muito para se descobrir no Estado.

“Currais Novos, Santa Cruz, Caicó, são cidades que produzem bastante. Mas temos encontrados novos poetas em municípios menos conhecidos, como Equador, onde vive o jovem poeta João Neto, além de Ceará-Mirim, João Câmara”, conta Tonha, que vê na criação de cordeltecas em escolas uma importante ação de valorização do cordel. “As escolas estão buscante montar suas Cordeltecas. Os professores são agentes multiplicadores. Eles estão vendo no cordel uma ferramenta poderosa para trabalhar a leitura em sala de aula”.

Produção feminina ganha espaço
Espaço tradicionalmente masculino, a literatura de cordel tem se abrido para as mulheres. Na Anlic Tonha é a segunda mulher a assumir a presidência. Para a poeta, passou-se o tempo em que só se ouvia falar de cordelistas homens. “Natural que num país machista como o nosso a literatura de cordel tenha ficado vários anos sob protagonismo masculino. Mas isso é coisa do passado. No Brasil todo há muitas mulheres publicando. Levantamos nossa voz no sentido literário”, conta Tonha, que ressalta a presença de mulheres na Anlic. “Temos uma boa participação de mulheres na Academia. Geni Milanêz, Cláudia Borges, Clotilde Tavares, todos com ótimos trabalhos e integrantes da instituição”.

Show de Cida Lobo e Edinho na Estação
A Estação do Cordel dá início a um novo projeto em 2018. No dia 1º de fevereiro, às 18h, o espaço voltado para o fortalecimento da cultura popular realiza a primeira edição do Debarte, trazendo como convidados a cantora Cida Lobo e o músico Edinho Oliveira. De passagem por Natal, a dupla vai bater um papo sobre a sua produção musical e as desventuras de propagar a música potiguar em São Paulo, onde tem carreira há mais de duas décadas. Na ocasião o público também poderá conferir o talento da dupla, que fará uma apresentação após a conversa.

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