quinta-feira, 25 de abril, 2024
30.1 C
Natal
quinta-feira, 25 de abril, 2024

Acidente deixa dois estivadores feridos

- Publicidade -

PORTO -  Acidente com cabo de aço fere dois estivadores

Um acidente ocorrido na manhã de ontem em um navio no porto de Natal deixou dois estivadores feridos, um deles, com uma grave lesão em um dos pés. Os trabalhadores operavam o carregamento  da embarcação  com frutas tropicais, quando uma carga de 2 toneladas de melões caiu do guindaste e atingiu os dois homens no porão do navio.

O fato aconteceu por volta das 7h30 no navio refrigerado Amer Choapa, pertencente à empresa dinamarquesa Lauritzen Cool, especializada neste tipo de transporte. O estivador identificado apenas como Sérgio sofreu escoriações, mas o seu colega, Liênio Fonseca Caldas, 42 anos, teve menos sorte e foi atingido na perna. A remoção de Liênio demorou um pouco mais, já que ele estava no fundo do porão e o guindaste do navio quebrou no acidente.

Foi preciso a chegada de um guindaste de terra para içar o trabalhador. Liênio já havia recebido atendimento do Samu e do Corpo de Bombeiros e não corria risco de morte. Ele foi suspenso pelo guindaste, sobre a “dalla” – uma espécie de prancha onde são transportados os alimentos. Por pouco uma tragédia maior não ocorreu, já que a carga caiu de uma altura de 6 metros. O diretor técnico da Companhia docas do RN, Hanna Safieh, explicou em detalhes o que ocorreu. Segundo ele, o navio refrigerado tem quatro compartimentos e o que estava sendo carregado era primeiro, de baixo para cima. Os “palletes” – engradados com as caixas de melão – eram transportados na dalla até às câmaras do piso “D”. Quando o porão fica quase repleto, a dalla é dispensada, e dois palletes descem amarrados a cintas, de forma a completar o pavimento.

Quando a “lingada” (nome que se dá aos dois palletes unidos) estava a seis metros do piso, caiu sobre os trabalhadores, que conseguiram se desvencilhar parcialmente. O diretor técnico preferiu não adiantar os motivos da queda da carga . “Qualquer coisa que eu fale agora é especulação”.

No fim da manhã, o diretor técnico promoveu uma reunião entre estivadores que presenciaram o acidente, empresas terceirizadas que organizam o trabalho de carga e descarga e representantes do Órgão Gestor de Mão-de-Obra (Ogmo) do porto de Natal. O objetivo foi organizar um boletim de ocorrência sobre o sinistro.

Homens criticam as condições de trabalho

Logo após o acidente, estivadores colegas dos que se feriram no porão do navio se mostraram revoltados com alguns fatos, e fizeram sérias denúncias. De acordo com os estivadores, o correto seria que já houvesse um guindaste de terra no porto, para que não precisasse vir de fora para içar os acidentados. “Faz quase duas horas que nosso colega está lá. Se fosse uma urgência ele já teria morrido”, disse José Augusto Martins de 47 anos.

Os estivadores comentaram também que não estão recebendo o adicional de área de risco, mesmo estando expostos a acidentes em todo o momento, devido ao tipo de trabalho que desenvolvem. Logo após a retirada de Liênio Fonseca Caldas do local em uma ambulância, um colega dele saiu do porto, exibindo as roupas do estivador ferido. “Olha isso aqui. É sangue. Agora eu quero saber porque não recebemos por área de risco”, disse José Erivan Rodrigues. Outro servidor criticou a falta de assistência aos estivadores. “A gente só vê o governo falando que aumentou as exportações e não melhora nada para a gente”, reclamou Ailton César Marcelino.

José Erivan relatou como encontrou o companheiro atingido. “Quando eu vi o que tinha acontecido corri  para socorrer meu amigo. Ninguém conseguia vê-lo. Era só tirando melão e cabo-de-aço”. Segundo Erivan, Liênio tinha cortes no rosto e uma forte pancada na clavícula.

O diretor técnico explicou que desde 1993, as operações de carregamento dos navios são de responsabilidade de algumas empresas terceirizadas, assim como o gerenciamento de pessoal é organizado pelo Ogmo. Mesmo assim, Hannah Safieh informou que a Codern organizará reuniões para se interar sobre as denúncias . “É claro que tudo isso nos interessa. E vamos interagir para resolver esses problemas”. O diretor técnico informou ainda que um superior da Lauritzen Cool entrou em contato com ele, e informou que tudo que for  responsabilidade da empresa dona do navio, será feito.  

A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde informou que os estivadores Sérgio e Liênio foram atendidos no Walfredo Gurgel. De acordo com as informações,  a médica que os atendeu considerou os ferimentos como leves. Ambos passam bem.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas