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Acompanhando o chorinho

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Geraldo Batista de Araújo, memorialista do Acari, um dos inventores da editora da UFRN, derna dos tempos do reitor Onofre Lopes, viajor contumaz e o “chef de cuisine” preferido de Nei Leandro de Castro, também é apreciador da boa música, de chorinho. Claro que Luiz Gonzaga está no seu reportório também, no mesmo altar de Pixinguinha, que é um dos meus santos preferidos. Os dois. Geraldo é leitor viciado em jornais, já assinou colunas em alguns deles, e, nas horas vagas pratica o esporte de escrever para a sessão de cartas das redações. Lê e acompanha tudo, e dá pitaco. Agora, na era dos imeios, aqui e acolá, me chega um de seus dando conta de tudo. Semana passada, 21, me escreveu, sobre a coluna daquele dia, cujo mote era Pixinguinha, que faria 120 anos dois dias na frente, 23.

Na coluna juntei notas de Ancelmo Gois, de O Globo, que falava do lançamento de um saite montado pelo Instituto Moreira Salles onde está reunido o acervo do grande músico e compositor brasileiro, e de notas esparsas do poeta Moacy Cirne, publicadas no seu jornal “Balaio”, coisa dos anos de 1990. Moacy também fã de carteirinha do criador de “Carinhoso”. Agora chega Geraldo Batista, outro seridoense, que me manda o seu imeio contando, entre outras coisas, esta história:

Ao ler seu texto sobre o grande Pixinguinha lembrei-me da história contada no Teatro Alberto Maranhão por Baden Powell. Ele disse que estava estudando francês para ir fazer um curso na França e quando sobre quem uma emissora francesa iria fazer um documentário sobre Pixinguinha. Baden, então, foi se oferecer ao mestre para servir de intérprete. Pixinguinha aceitou de pronto.

“Qual não foi a minha surpresa quando cheguei lá Pixinguinha estava conversando num francês muitas vezes melhor do que meu”, acrescentou Baden Powell”.

Sim, Pixinguinha, além de carioca falava o francês, até porque morou uns seis meses em Paris no ano de 1922, integrando o grupo “Os Oito Batutas” que se apresentava no Cabaré Sheherazade.  Esta história, rica de detalhes preciosos, é contada no livro Pixinguinha, Vida Obra (lumiar Editora, 1997, Rio de Janeiro), de autoria de Sérgio Cabral, o jornalista (foi um dos fundadores de O Pasquim, ao lado de Jaguar, Henfil e Tarso de Castro), escritor, biógrafo, crítico musical e também compositor.

Às páginas tantas, o livro transcreve trecho de uma entrevista que Pixinguinha deu para o jornal “Correio Paulistano” sobre a sua temporada no Sheherazade:

“À noite, das 10 às duas da madrugada, metidos em nossos ‘smokings’, empunhando os instrumentos, conseguimos sempre reter, atenta e deliciada com a nossa música e o nosso canto, aquela mocidade alegre e divertida. É desnecessário dizer que o cabaré Sheherazade, depois de nossa chegada, ficou sendo o ponto preferido dos elegantes de Paris. A frequência aumentava dia a dia.”

No livro é citado a frase de um senador francês, frequentador do famoso cabaré, e encantado com o estilo de Pixinguinha:  “C’est um flautiste d’une virtuosité épatant”.

‘Épatant”, aqui no falar da gente é o mesmo que maravilhoso ou fabuloso: Pixinguinha, dono de uma virtuosidade maravilhosa!

Só chuvisco
Mais um dia de chuviscos, lá se vão quatro emendados, por estas bandas do Rio Grande do Norte, um quadro que já começa a assombrar todo mundo, acrescido agora da previsão dos meteorologistas que podemos entrar no sexto ano de seca.  Um quadro mais grave aqui pelos agrestes, pegando as regiões do Potente, Trairi, Mato Grande. Abril enganou todo mundo. Do mestre Ambrósio de Azevedo à Júlia Coutinho, a da Globo.

De quarta-feira para ontem a Emparn registrou apenas dois míseros chuviscos em nosso Estado: Espírito Santo, 3 milímetros, Montanhas, 1. Não apagam nem poeira.

Noutras terras
As chuvas também diminuíram de intensidade no Ceará e sumiram na Paraíba. Na pátria de Manelito as chuvas de ontem foram zero. Não pingou em canto nenhum.  No Ceará, a Funceme registrou ocorrências em somente 14 municípios. Teve uma chuva muito boa em Granja, Litoral Norte, 57 milímetros. Na região Jaguaribana, que faz divisa com o Oeste do Rio Grande do Norte, nada.

Livro A partir das 9 horas de hoje, no Hospital Infantil Varela Santigado, na avenida Deodoro, haverá o lançamento do livro Varela Santiago, Visão de um Homem. Reúne depoimentos sobre o grande médico e educador.

Cangaço Sábado, amanhã, será a vez de o Sebo Vermelho lançar Geografia do Cangaço, de Paulo Mendes Gastão.  Um passeio pelas caatingas do Nordeste, no rastro dos cangaceiros, pedra por pedra por onde eles passaram.
Abimael abre as portas do Sebo às 9 horas e fecha ao meio dia.

Salário
O Governo do Estado, com a ênfase que lhe é peculiar, anuncia que amanhã, sábado, dia 29, conclui o pagamento da folha de março, lá se vai um atraso fatiado e longo. Receberão aqueles servidores de salários superiores a 4 mil reais:  aposentados e pensionistas.

Anote bem: sábado, os bancos fechados, domingo, idem, segunda-feira, primeiro de maio, feriado.  Isso quer dizer que os pensionistas e aposentados (coitados) só verão a cor do seu salário na terça-feira, 2 de maio. Lá se vai mais de um mês de atraso. Renderia até manchete:
– Governo paga em maio os salários de março.

Politica Hoje, 28, consagrado a São Pedro Chanel (pouco conhecido por estas bandas de cá), última sexta-feira do mês, promete ebulições cívicas de protestos pelo pais inteiro.
Uma sugestão do Mestre Gaspar: antes de sair de casa (se for sair) leia o artigo de Dora Kramer na Veja desta semana:  “Gato por lebre”.

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