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Adeus ao derradeiro pioneiro da fotografia

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Tádzio França
Repórter

O olhar que registrou Natal e suas mudanças durante os últimos 73 anos, se fechou. O fotógrafo Jaeci Emereciano Galvão faleceu  domingo passado (19), aos 87 anos, em decorrência do agravamento de seu estado de saúde por um AVC, deixando para gerações futuras um dos maiores acervos fotográficos da capital potiguar.

Jaeci Emerenciano deixa o maior acervo fotográfico sobre o RN

Jaeci Emerenciano deixa o maior acervo fotográfico sobre o RN

As imagens de Jaeci contam boa parte da história moderna de Natal, através de  lugares, pessoas e momentos que marcaram a primeira metade do século passado. Ele estava internado desde dezembro de 2016. O fotógrafo foi enterrado no Cemitério do Alecrim.

Jeaci começou a fotografar aos 14 anos de idade. Autodidata no ofício, tinha preferência por registrar os mais variados recantos da cidade onde nasceu. O fotógrafo era apaixonado por Natal, e seu acervo é uma declaração disso. “A gente nasce com essa intuição de que aquela é, realmente, a profissão que a gente abraçou. De maneira que sempre foi meu apego a fotografia. Eu sempre gostei muito”, declarou à TRIBUNA DO NORTE em 2012.

Os primeiros registros de Jaeci foram realizados durante a  2ª Guerra Mundial, período de  movimentação intensa na então pequena capital do estado. O fotógrafo inaugurou seu primeiro estúdio em 1948, no Alecrim, com a famosa marca “Foto Jaeci”. Nessas primeiras imagens, Natal era uma cidade provinciana de 50 mil habitantes. Ponta Negra, principalmente o Morro do Careca, é o cenário que ele mais admirava. Foi no bairro onde viveu seus últimos anos.

O acervo de Joaci mostra praias urbanas, prédios, ruas e avenidas, acontecimentos sociais, políticos, e retratos de famílias. Uma parte disso pode ser vista nos DVDs “Natal de Ontem e “Natal de Hoje”, uma seleção de 200 imagens feitas por ele mesmo, lançados em 2012.

Das primeiras imagens de Jaeci em meados do século XX

Das primeiras imagens de Jaeci em meados do século XX

Os amigos, colegas, e apreciadores da obra de Jaeci lamentaram a perda e deixaram suas homenagens nas redes sociais. O fotógrafo, artista plástico e pesquisador Eduardo Alexandre Garcia declarou que Jaeci foi o maior profissional de fotografia do seu tempo no Rio Grande do Norte. “Foram mais de três décadas de contribuição à nossa memória e à nossa história, sempre desenvolvendo trabalho de qualidade primorosa, em olhar de um verdadeiro mestre da arte fotográfica”, disse.

Eduardo Garcia afirma que Jaeci faz parte de uma geração que recebeu ecos do modernismo na mesma sintonia que Dorian Gray, Newton Navarro e Ivon Domingos, no início dos anos 50. Ele cita uma das primeiras exposições do fotógrafo, em 1950, uma mostra poética sobre Redinha, Praia do Meio, Areia Preta, Ponta Negra e Pirangi. Há aspectos de feira, o barbeiro do interior, a ponte velha de Igapó, as ruínas do Forte dos Reis Magos, as  lavadeiras, o frade rezando, os pescadores, entre outros personagens que refletem a identidade potiguar. 

Jeaci Galvão estava oficialmente aposentado há 12 anos. Antes de ser internado ele já estava com a saúde bastante frágil, impossibilitado de trabalhar. Em entrevista à TN, ele deixou o seguinte recado para os fotógrafos que estão começando. “É importante que tenha em mente os valor que as pessoas têm quando fotografadas com carinho, e com dedicação, enfim, com toda gentileza e respeito”. Alguns de seus filhos e netos seguem a mesma profissão de Jaeci, como é o caso de Jaeci Emerciano Júnior.

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