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Adeus ao ‘homem do Oscar’ Rubens Ewald Filho

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Um dos principais críticos cinematográficos do Brasil, Rubens Ewald Filho morreu na tarde desta quarta-feira, 19, aos 74 anos. Rubinho, como era tratado pelos amigos e colegas, estava internado desde o dia 25 de maio no Hospital Samaritano, em São Paulo. Ele sofreu uma queda ao desmaiar enquanto subia na escada rolante de um shopping center e foi hospitalizado para tratamento cardíaco e fraturas decorrentes da queda.

Rubens assistiu a mais de 30 mil filmes ao longo da vida


Rubens assistiu a mais de 30 mil filmes ao longo da vida

Entre os críticos, ele era conhecido como “o senhor Oscar”. Por seu grande conhecimento do cinema norte-americano, e do seu sistema de premiação, Rubens Ewald Filho foi mestre de cerimônias em diversas emissoras de televisão para comentar a transmissão da cerimônia do Oscar. Passou pela TV Globo e sua casa mais recente foi o canal por assinatura TNT.

Com essa atividade televisiva, Rubens se tornou o crítico de cinema mais famoso do País, ajudando a divulgar esse estranho e tão mal compreendido ofício de escrever, comentar e interpretar filmes, coisa de que todo mundo se julga capaz, por ser o cinema uma espécie de democrático “futebol das artes” – François Truffaut dizia que todo mundo tem sua profissão: a sua própria e a de crítico de cinema. Acontece que Rubinho era muito mais que o “homem do Oscar”. À sua maneira, foi um homem de sete instrumentos, todos eles afiados no campo das artes. Foi autor de novelas (como Gina e Éramos Seis), ator (Amor Estranho Amor, dirigido por Walter Hugo Khouri em 1982), editor, diretor de teatro, escritor de livros e criador de festivais.

Seu posto avançado foi o jornalismo. Santista de nascimento, começou no jornal A Tribuna, onde até recentemente assinava suas críticas. Passou por outros jornais, como o mitológico Jornal da Tarde, nos anos 1970, no qual talvez tenha vivido sua fase mais fértil como crítico de cinema, assinando a coluna Filmes na TV. Colaborou também no Estado, período em que dividia espaço com outro crítico mitológico, Rubem Biáfora. “Caprichávamos demais no texto, havia entre nós essa mentalidade de fazer o melhor”, costumava dizer, meio que em tom de ressalva à atividade crítica atual dos jornais.

Rubens também era autor de livros, um deles – naturalmente – sobre o prêmio máximo do cinema americano (O Oscar e Eu, 2003). Mas também assinou o famoso Dicionário de Cineastas, obra pioneira, lançada na década de 1970 e surgida num mercado editorial brasileiro ainda carente de títulos de referência sobre o cinema. Todo crítico digno desse nome tinha o seu exemplar do Dicionário. O livro era chamado entre os colegas de “Rubinho”, tanto o autor se identificava com a obra.

Num país de pouco apreço pelos livros,  conseguiu criar, em parceria com a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, a coleção Aplauso. Tratava-se de uma série de perfis de gente de cinema (depois estendida para o teatro), escritos por jornalistas profissionais, em colaboração com os perfilados. A coleção tornou-se referência de pesquisa e leitura, até ser “descontinuada” pela habitual falta de visão cultural das administrações.

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