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Aécio critica política de segurança

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Rio de Janeiro (AE) – O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), criticou ontem a política de segurança pública do governo Luiz Inácio Lula da Silva e, pouco depois, viu de perto os efeitos da violência no Rio de Janeiro. Em visita à favela do Cantagalo, em Copacabana, zona sul, Aécio assistiu a apresentações de música e dança do grupo Afroreggae. Os shows, no entanto, foram feitos sem figurino nem maquiagem, porque os artistas não puderam ir à favela de Vigário Geral, na zona norte, onde ficam guardadas as fantasias, por causa de intensos tiroteios entre quadrilhas rivais ocorridos nos últimos dois dias.

Ao chegar à favela, Aécio disse que “o governo federal não assumiu na dimensão que deveria as responsabilidades em relação à segurança pública”. O governador criticou a retenção de recursos do Fundo Penitenciário e do Fundo Nacional de Segurança. “Aquilo que é aprovado pelo Congresso em áreas de prioridade, como segurança, não devia ser sujeito a qualquer tipo de contingenciamento. Você programa determinados investimentos, determinadas ações, o governo federal não vem e a ação fica pela metade”, reclamou.

Aécio disse que a relação “de amigo” com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva permite que aponte os erros do governo federal. “O governo gasta mal, poderia investir mais em segurança pública. Na área econômica, o governo tem méritos. A liberdade que tenho com o presidente me obriga a reconhecer os avanços e também dizer o que penso em relação aos equívocos do governo”, afirmou.

A visita do governador mineiro aconteceu um dia após o confronto entre policiais civis e traficantes da favela Pavão-Pavãozinho, vizinha ao Cantagalo. “Ontem foi um dia muito difícil para nós. O pessoal organizou tudo (a festa no Cantagalo) em meio a um intenso tiroteio. Não pudemos pegar o figurino e a maquiagem porque também teve tiroteio em Vigário Geral. O senhor viu que o pessoal está só com a camiseta do Afroreggae”, explicou o coordenador do Afroreggae José Junior ao governador.

Aécio foi homenageado pelo Afroreggae, que tem ações sociais em quatro comunidades do Rio, com um prêmio que seria entregue também ao governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). A assessoria de Cabral confirmou a presença do governador na noite de quinta-feira, mas ele não apareceu no morro. O prêmio foi entregue a seu filho, João Pedro, que o representou. O vice-governador, Luiz Fernando Pezão, disse que Cabral teve que ir a uma reunião de emergência no Palácio da Guanabara para discutir a possibilidade de convocação do Exército para reforçar a segurança na capital durante as eleições.

Até o desabafo de José Junior, Aécio e convidados como a atriz Cristiane Torloni, o ministro das Cidades, Márcio Fortes, e outros artistas e autoridades divertiam-se com as apresentações dos moradores da favela. Os anfitriões cantaram parabéns para a filha do governador, Gabriela, que completava 17 anos. Sorridente, Aécio tocou percussão ao lado de integrantes da PM de Minas, que têm um projeto com o Afroreggae em Belo Horizonte.

“Eu sei que agora ficou um silêncio, mas é a realidade. O centro cultural Waly Salomão não vai mais ser inaugurado em novembro, lá em Vigário Geral, porque está todo furado de bala”, contou José Junior. O ambiente sombrio foi amenizado pela apresentação do grupo de samba do Afroreggae, o Afrosamba. Aécio tocou tamborim e chocalho e chamou a platéia para dançar no palco.

Além dos 30 policiais militares do Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais (GPAE) que atuam no Cantagalo, a segurança foi reforçada por mais 15 soldados e quatro carros da Polícia Militar, por causa da presença das autoridades. Aécio disse não se sentir inseguro na favela. “Vim aqui com a minha filha, confio na ação do poder público. Acho que devemos enfrentar com naturalidade e sem medo esses problemas.”

A ausência de Sérgio Cabral frustrou a moradora Deise da Silva Carvalho que aguardava o governador com uma faixa em que pedia explicações para a morte de seu filho, Andreu Luís da Silva Carvalho, de 17 anos, em uma unidade para menores infratores na Ilha do Governador, zona norte, no dia 1º de janeiro deste ano. “A gente só tem atenção na hora de eleição? Mãe de favelado infrator não tem apoio? Tenho vergonha dos políticos. Quero que o governador me explique o que aconteceu com meu filho, me peça desculpas, embora isso não cure a minha dor”, gritava Deise, diante da secretária estadual de Assistência Social e Direitos Humanos e ex-governadora Benedita da Silva.

Durante a entrevista coletiva de Aécio Neves, Deise retomou o protesto, mas foi convencida por moradores a se calar, já que o governador presente era o de Minas Gerais e não o do Rio de Janeiro.

Adversários do governador vão recorrer à Justiça

Belo Horizonte (AE) – A coordenação jurídica da coligação em torno da candidata do PC do B à prefeitura de Belo Horizonte, Jô Moraes, promete recorrer à Justiça Eleitoral contra a participação do governador Aécio Neves (PSDB) no programa do candidato do PSB, Marcio Lacerda. O veto do Diretório Nacional do PT obrigou o PSDB de Aécio a apoiar informalmente a coligação encabeçada pelo socialista, que tem como candidato a vice o petista Roberto Carvalho.

A campanha de Lacerda já decidiu exibir no programa eleitoral gratuito na TV, que começa na próxima terça-feira, imagens externas nas quais o governador aparece em eventos com o candidato. Deverão ser veiculadas, inclusive, imagens da visita de Luiz Inácio Lula da Silva a Itajubá – quando o presidente disse que poderia subir no palanque do candidato apoiado por Aécio e pelo prefeito da capital, Fernando Pimentel (PT). A utilização de depoimentos que teriam sido gravados pelo governador pra serem veiculados durante as inserções diárias não foi confirmada e nem desmentida por representantes campanha.

O advogado da coligação PC do B/PRB, Luiz Gustavo Scarpelli, disse que pretende ingressar com uma representação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) “no dia seguinte” caso imagens de Aécio sejam veiculadas. O argumento é que, conforme resolução (22.718) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o governador estaria impedido de ter sua imagem exibida no programa, pois o PSDB não está oficialmente na coligação.

O advogado cita o artigo 37 da resolução, segundo a qual dos programas de rádio e TV dos partidos ou coligação “poderá participar, em apoio aos candidatos, qualquer cidadão não filiado a outro partido político ou a partido integrante de outra coligação, sendo vedada a participação de qualquer pessoa mediante remuneração”.

A própria candidata do PC do B, porém, é reticente quanto à eficácia de uma “disputa jurídica”. “Não vai ser na disputa jurídica que eu vou manter a posição nas pesquisas. Será na disputa política. Não tenho essa decisão”, disse quinta-feira (15) Jô. Nas primeiras pesquisas de intenção de voto, ela aparece em primeiro, seguida por Leonardo Quintão (PMDB) e por Lacerda – que aposta no horário eleitoral para se tornar mais conhecido vinculando sua candidatura à “continuidade” da parceria administrativa entre o governo do Estado e a prefeitura. O candidato do PSB terá 11min47 de tempo total diário na propaganda eleitoral na TV. Quintão terá 5min24 e Jô apenas 1min46.

Com pouco tempo disponível, a candidata comunista informou que somente após os primeiros dez dias de horário eleitoral deverão ser exibidas mensagens de apoio nos programas – inclusive do vice-presidente da República, José Alencar.  Já o candidato do PMDB deverá exibir logo na estréia mensagens gravadas pelos ministros Hélio Costa (Comunicações) e José Gomes Temporão (Saúde).

Paulo Maluf justifica apoio a Celso Pitta

São Paulo (AE) – O candidato do PP à Prefeitura de São Paulo, Paulo Maluf, disse ontem não estar arrependido de ter escolhido Celso Pitta para sucedê-lo no comando da capital paulista, em 1996. Maluf afirmou que Pitta foi um bom secretário de Finanças e que São Paulo mostrou que não tem preconceitos ao eleger um “negro e carioca” para comandar a cidade. “Mas tenho que admitir que falhei na minha avaliação (de que ele seria bom prefeito) porque não conhecia a mulher dele”, disse. Maluf se refere a Nicéa Pitta, que denunciou irregularidades na prefeitura na época, com a acusação de superfaturamento de obras e desvios de dinheiro.

Durante a campanha de Pitta, em 2005, Maluf chegou a dizer: “Se ele não for um bom prefeito, nunca mais votem em mim”. Em outro momento, sem citar a Operação Satiagraha que resultou na prisão de Pitta, Maluf condenou a presença da ‘Rede Globo’ com imagens exclusivas de prisões feitas pela Polícia Federal. “A gente precisa de mais responsabilidade no Judiciário porque estão passando informação. A ‘Globo’ não estaria lá quando se efetuam prisões às 6 da manhã na casa das pessoas. Alguém vazou essa informação.” Pitta ao ser preso na Satiagraha foi flagrado em sua casa de pijamas de madrugada.

Maluf participou de evento na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), zona oeste da capital paulista. Sobre as acusações que pesam sobre ele, o candidato do PP se limitou a citar um ditado árabe: “Nunca se explique. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam”.

Já no início da palestra, ele ironizou os processos da Polícia Federal contra ele. “A minha vida pública é um livro aberto, foi esmiuçada por todo mundo. Meus telefones estão todos gravados, é por isso que eu uso quatro. Um para falar com a minha mulher, outro para os meus filhos, outro para falar de política e tem um quarto telefone, que a Polícia Federal sabe qual é, que naquele eu não falo nada”, disse.

Questionado sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo a qual os candidatos com ‘ficha suja’ podem concorrer nas eleições, Maluf falou de sua ficha: “Tenho 41 anos de vida pública. Fui processado muitas vezes, julgado e culpado nunca”, disse. Na lista da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Maluf aparece como recordista em processos por improbidade administrativa (sete ao todo). Obras – Durante sua exposição, o candidato do PP ressaltou as obras que fez em São Paulo em sua primeira gestão, de 1993 a 1997. “Não se anda um quilômetro nesta cidade sem uma obra que eu fiz”, disse. Ao citar a proposta de alguns candidatos de construir mais metrô na cidade, ele afirmou: “Praticamente no metrô dessa cidade tem o meu suor. Se as pessoas falam ‘precisa construir metrô’ eu penso ‘estão chamando o Paulo Maluf de volta”.

A crítica indireta aos seus oponentes, inclusive, fez parte de todo o discurso de Maluf. “Meus túneis não inundaram, meus piscinões funcionaram, minhas estradas não esburacaram, meus metrôs não desmoronaram”, disse, arrancando risos da platéia. E completou: “Sem alusão a ninguém, claro”.  “Tem que fazer as obras com qualidade porque o recurso público tem que ter um custo-benefício, você não pode estar toda hora recapeando, fazendo coisas. (…) Eu quero dizer para vocês, que o Brasil melhorou muito, mas o Brasil tem pressa. O meu lema não é relaxa não, é pressa”, continuou, fazendo alusão à frase de Marta Suplicy que gerou polêmica durante o caos aéreo, “relaxa e goza”. 

Na hora de apresentar propostas, Maluf manteve a linha já conhecida e falou de mais construções na cidade. A principal delas, a “primeira highway da América Latina”, foi classificada por Maluf como a “a obra de sua vida”. A idéia é mudar a angulação dos rios Tietê e Pinheiros e construir, no espaço que será criado a partir disso, mais seis faixas de tráfego.

Indagado sobre de onde viriam os recursos para as obras e como a realização delas seria controlada para que não houvesse corrupção, ele afirmou: “(O dinheiro) Virá do orçamento municipal. E quanto à corrupção, nós temos graças a Deus um Tribunal de Contas da União, um do Estado e o do município. São três tribunais de contas que tem que fazer essa auditoria, e eu confio neles”. Concorrentes – O candidato à Prefeitura pelo PSOL, Ivan Valente, também participou do evento, além de Renato Reichmann, do PMN. Ao apresentar suas propostas, Valente defendeu que a prioridade no governo tem que ser “universalizar direitos, distribuir renda e garantir cidadania plena a todos”. Ele defendeu que se faça justiça fiscal na cidade, mas sem aumentar a carga tributária. A forma de se fazer isso, segundo ele, seria cobrando as dívidas dos devedores da Prefeitura, de R$ 28 bilhões.

Ele criticou ainda a redução da porcentagem do orçamento municipal direcionada à educação, de 30% para 25%, feita, segundo Valente, pelo governo de Marta Suplicy (PT). “Tínhamos avançado nessa área e então diminuiu-se o porcentual”, afirmou.

Já Reichmann, que expôs por cerca de 40 minutos suas propostas aos alunos da FAAP, ressaltou sua prioridade em educação. “Na minha lista de prioridades, em primeiro lugar vem educação, em segundo educação, e em terceiro educação também”, disse. Ele afirmou que, se eleito, pretende contratar 24 mil professores apenas no primeiro ano de governo e instituir o ensino integral nas escolas públicas da cidade.

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